Polêmica à vista

A iniciativa da União Brasileira das Associações de Moradores (Ubram) divulgada ontem pelo A TRIBUNA, em articular um projeto de iniciativa popular para que os presidentes das associações de moradores de Rondonópolis passem a receber ajuda de custos para exercer as funções, é sem dúvida uma questão polêmica, pois envolve muitos detalhes.
Por um lado é preciso levar em consideração que para exercer o trabalho de presidente de bairro, principalmente nos bairros mais humildes, é necessário um mínimo de infraestrutura, para fazer um trabalho simples como, por exemplo, a confecção de um oficio, aonde vai papel e até mesmo tinta de impressora. Até mesmo para fazer a entrega desse documento se gasta com transporte e tudo mais, ou seja, em muitos casos para fazer algo básico para a comunidade o presidente acaba tirando do bolso.
Por outro lado, é bom destacar que a ajuda de custos proposta pela Ubram precisaria ser relatada na prestação de contas do dirigente do bairro, pois o dinheiro que chegaria ao dirigente seria usado única e exclusivamente para o trabalho no bairro e não para qualquer outra função fora das ações da associação.
Não se poderia aceitar, por exemplo, a utilização da ajuda de custos para pagar a compra do supermercado do presidente, a não ser que os produtos fossem destinados apenas para a associação.
Outra questão, neste aspecto, que é perigosa e precisa ser levada em consideração, é o fato da profissionalização da função. É capaz de muita gente se interessar em ser presidente de bairro por apenas um motivo: a remuneração.
Dessa forma a função passaria a ser negócio e os interesses do bairro podem ficar em segundo plano, em nome dos interesses próprios.
O cargo de presidente de bairro, que sempre foi marcado pelo comprometimento com a comunidade, passaria a ser visto como algo, pelo menos para alguns, com o intuito de aumentar a renda própria. Portanto é preciso ver e analisar essa questão com muito cuidados para não se criar no futuro problemas que poderão ser complexos ao extremo para serem resolvidos, como centenas de Leis que foram criadas e acabam, ao invés de ajudar, atrapalhando a população. Por isso que a discussão ampla e irrestrita nessa questão é de fundamental importância e o pontapé dessa discussão já começou.