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O Brasil no Brics

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Vicente Vuolo - 15-03-14

Sigla originalmente “Bric” foi desenvolvida por Jim O’Neill em 2001, em estudo intitulado “Building Better Global Economic BRICs” para ser amplamente usada como um símbolo da mudança no poder econômico global, distanciando-se das economias desenvolvidas do G7 em relação ao mundo desenvolvido. Em 14 de abril de 2011, o “S” foi oficialmente adicionado à sigla Bric para formar o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Em 15 de julho de 2014, a sexta cúpula do BRICS, foi realizada em Fortaleza, Ceará, – um encontro inédito no Nordeste. Primeiro, porque tirou do eixo Rio – São Paulo – Brasília o protagonismo das grandes decisões.
E, depois, porque foi criado o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), em inglês “New Development Bank”, cujo principal objetivo é o financiamento de projetos de infraestrutura e desenvolvimento em países pobres e emergentes. O banco dos BRICS terá sua sede em Xangai, na China. E seu primeiro presidente será indiano. O Brasil deverá indicar o presidente do Conselho de Administração do banco.
Para o senador Pedro Simon (RS), o evento no Brasil não teve por parte da imprensa, a importância e o devido significado. Segundo o senador gaúcho – que fez um pronunciamento na tribuna do Senado – “o Banco Mundial não atendia, no contexto geral, às nações do mundo, por uma influência exagerada do americano, e surge aqui, no Brasil, o banco do BRICS, um novo banco mundial…
Aliás, a presidente Dilma afirmou na Cúpula, que o grupo do BRICS ganha densidade… Seu homólogo russo, Putin, preconizou que o NDB constituirá a base para grandes mudanças macroeconômicas. O presidente chinês, Xi Jinping, disse que esse banco visa aperfeiçoar o sistema de governo mundial e a ampliar a representação e o direito de falar sobre assuntos internacionais de todos os países emergentes. Além disso, os chineses vieram para o Brasil com apetite equivalente às dimensões do gigante econômico. Foram formalizados nada menos que 54 atos governamentais e empresariais.
Dentre os quais, os dois contratos assinados para a compra de 60 jatos EMB 190 da Embraer, sendo 40 para Tianjin Airlines e 20 para o Industrial and Comercial Bank of China (ICBC). O valor estimado do negócio é US$ 3,2 bilhões. Especialistas consideram o acordo com a Embraer importante para o Brasil reduzir as assimetrias da balança comercial com a China. Mas, os chineses demonstraram especial atenção ao segmento ferroviário, principalmente, na região Centro-Oeste, grande produtora de soja, principal produto que eles compram do Brasil. Ou seja, é uma grande oportunidade que temos para recuperar o atraso em relação às ferrovias brasileiras.
O investimento em trilhos nos últimos dez anos nunca ultrapassou míseros 0,3% do PIB nacional, enquanto nos EUA, por exemplo, atinge 4% do PIB. O nosso modal ferroviário patina nos 20% da matriz de transportes, absurdo para um país de dimensões continentais como o Brasil. A tendência aqui seguiu em direção contrária à necessidade nacional e ao padrão mundial. Na Rússia, os trilhos representam 81% do transporte de cargas e pessoas. No Canadá, EUA, China, Austrália e Europa aproxima-se de 50%. De acordo com o economista Marcos Cintra (FGV), estima que só o município de São Paulo perca 40 bilhões a cada ano com os engarrafamentos, em função do tempo de trabalho jogado fora e do aumento no consumo de combustível, sem falar nas perdas com acidentes e saúde pública.
Para o especialista em transportes da UFRJ, Peter Wanke, os políticos preferem o BRT porque fica pronto no mesmo mandato. Enquanto um BRT ou ônibus convencional dura apenas cinco anos, a vida útil do metrô ou o VLT é de trinta anos. O acordo para a venda de aviões mostra o caminho que o Brasil deve seguir. Vender conhecimento e tecnologia. E comprar as vantagens ambientais do trem de ferro. É o futuro. Mas, para que isso continue e progrida, é fundamental continuar investindo em educação e termos uma diplomacia comercial ativa e agressiva.

(*) VICENTE VUOLO é cientista político e analista legislativo do Senado Federal – [email protected]

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