Estamos iniciando, brevemente, o mês de junho, mês de festas juninas ou comemoração aos santos: São João, São Pedro e Santo Antônio, este casamenteiro. Porém, antecipando o calendário de festas, vemo-nos diante de Corpus Christi que significa “Cristo todo o pão sagrado”. Entretanto, nos coloquemos neste dia sob os olhares de nossa efêmera significância enquanto seres civilizados e pensantes. Contemplamos o corpo de Cristo na carcaça do novilho que perece na seca nordestina, nas mãos sujas dos indigentes que vivem em nossa cidade em pleno século XXI, o terceiro milênio reunido numa avenida sem nenhum governante olhando para essa situação calamitosa. E preciso tirá-los dali, dar a eles uma casa de repouso ou centro de recuperação.
Aqui mesmo, na Avenida Cuiabá, reúnem-se em fins de semana, ao lado do ginásio Marechal Rondon, mais de trinta mendigos bebendo, fumando cigarros, e usando drogas de sei lá qual matizes. Era nesse ponto ou assunto que devemos lembrar o Cristo, pão vivo, exemplo de civilidade, tradição, preceitos.
Etiquetas, cerimoniais que a cidade, povo urbano se movimenta nesse ciclo que tem sido a vida. Contudo, a cidade e a vida urbana destróem o homem. A falta do saber o cadastra ou filia-o para a vulgaridade, banalidade ou lhe conduz a extravagância da vaidade e consumismo. Estamos surpresos com a televisão e suas novelas que traduzem em seus enredos a falta de civilidade, a depravação moral: com os corpus nus, induzindo nossas crianças à perversão e depravação. Arrogantes transformamo-nos com o capitalismo, pois, somos todos imediatistas, individualistas e indiferentes aos problemas que rodeiam nossos logradouros e nosso município ou povoação.
Corpus Christi. Na cidade, nascemos para a necessidade material, todos devemos solicitar, aturar, implorar aos diligentes que façam de seus cargos uma consagração assim como a do pão da Eucaristia, traduzindo a humilde e santa vida do Cristo.
Nunca nos esqueçamos das nossas orações diárias, que devem ultrapassar o teto de nossa casa e chegar ao trono santo, celeste e que todos nós ansiamos ir morar.
O feriado é muito aguardado, aliás qualquer feriado aqui no Brasil é aguardado, ainda mais porque as pessoas querem usar o mesmo para poder viajar, descansar ou sair da rotina, então realmente vale a pena esperar o mesmo. A celebração teve origem em 1243, em Liège, na Bélgica, no século XIII, quando a freira Juliana de Cornion teria tido visões de Cristo demonstrando-lhe desejo de que o mistério da Eucaristia fosse celebrado com destaque.
Em 1264, o papa Urbano IV, através da Bula Papal “Trasnsiturus de hoc mundo”, estendeu a festa para toda a Igreja, pedindo a São Tomás de Aquino que preparasse as leituras e textos litúrgicos que, até hoje, são usados durante a celebração. Compôs o hino “Lauda SionSalvatorem” (Louva, ó Sião, o Salvador), ainda hoje usado e cantado nas liturgias do dia pelos mais de 400 mil sacerdotes nos cinco continentes. O povo católico, os fieis a religião católica façam deste feriado um momento de reflexão e oração.
E nós, também seguidores de outros caminhos religiosos, tenhamos muita cautela em nosso testemunho diário, cotidiano.
(*) Wagner Vinícius Lemos é poeta e romancista
