É fácil identificar o que distingue os bons dos maus, os melhores dos piores, os excepcionais dos deploráveis. A escala é grande entre uns e outros. Difícil é quando todos os players, empresas ou profissionais, possuem nível semelhante, atuam no mesmo locus concorrencial e adotam práticas e estratégias análogas.
A economia nos ensina de forma inequívoca de que essa harmonia é uma falácia. Não há possibilidade de todos, numa economia de livre mercado, coabitarem tranquilamente. Sempre haverá a dança das cadeiras entre as empresas, seus gestores e demais profissionais que buscam espaço e brigam pelos recursos disponíveis, mas sempre escassos, nesse mercado. Cada um buscando abocanhar parcela mais significativa desse bolo.
Um aspecto importante é entender o que faz a diferença nesse nível de concorrência? O que ou quais são os diferenciais que mantém você e sua empresa no mercado. Não me refiro a uma jogada de sorte, uma sacada genial ou algo do gênero que pode eventualmente colocar alguém na dianteira mais tempo. É em relação a filosofia ou o perfil capaz de sustentar as vantagens. Isso é o que pode fazer a diferença num mercado dinâmico como o nosso.
Estamos num país de grandes potencialidades e boas expectativas de curto, médio e longo prazo. Localmente os ventos também sopram a favor da prosperidade, mas diariamente presenciamos o fechamento e a abertura de novas empresas.
Isso nos remete a prestar atenção, também diariamente, aos nossos diferenciais. Mesmo consolidados, não são eternos. A não ser que o diferencial seja exatamente este, de se reinventar sempre. Com já dito nesse espaço: atuar como um alvo móvel.
Por isso antes de tudo, pense na sua empresa ou em você como profissional. Quais são os seus diferenciais efetivos? O que faz de sua empresa uma organização de sucesso?
Mas não apenas sob sua ótica. Pelo contrário, quem precisa dizer os nossos diferenciais são os interlocutores, nossos stakeholders. Clientes, sócios, fornecedores e demais organizações ou pessoas que se inter-relacionam, direta ou indiretamente conosco.
É fundamental que ao avaliar os nossos diferenciais tenhamos em mente como eles são percebidos. Muitas vezes nos esforçamos muito para sustentar uma atividade ou um benefício tentando agradar nossos clientes, por exemplo, mas para ele isso não é significativo. Não representa diferencial algum.
Há empresas que despendem recursos expressivos para oferecer algo que os clientes não percebem ou mesmo não levam em consideração na hora de escolher onde comprar ou com quem fazer negócios.
Por isso é fundamental observar se os clientes ou o público que potencialmente poderá vir a ser um, percebe o que você gestor julga como diferencial. Mais ainda, é necessário se preocupar com quem ainda não é cliente. Porque ainda não percebeu esse diferencial? Talvez não seja um elemento significativo para ele.
Como profissional, valem os mesmos questionamentos, mas em aplicações diferentes. Na hora da seleção, da entrevista ou da experiência você consegue transmitir os seus diferenciais para que os selecionadores, líderes e gestores ou mesmo o dono da empresa, percebam?
Assim como as empresas necessitam demonstrar suas diversas capacidades e apenas no longo prazo conseguem ratificar algumas, no aspecto profissional a prática se repete.
Notadamente, nesse caso as competências se dividem principalmente em duas: as técnicas e comportamentais. Contudo, precisa-se dar muito mais atenção para as comportamentais, pois necessitam de maior esforço, fato que demoram uma eternidade para serem internalizadas pelas pessoas. Por isso um elemento que nenhum profissional pode se dar ao luxo de imaginar resolvido. A adaptação é contínua.
Vai ter algum gaiato de plantão que ao ler o artigo e vendo o mercado com falta de mão de obra dirá que, nivelando por baixo, precisamos apenas fazer o básico e pronto. Claro que, nesse caso, também apenas vai receber o básico. E pronto.
Boa semana de Gestão & Negócios.
(*) Eleri Hamer escreve esta coluna às terças-feiras. É professor do IBG, workshopper e palestrante – [email protected]
