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Quer acabar com a dor!

(*) Eliene Paulina da Silva

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“Quando uma pessoa pensa em suicídio, ela quer matar a dor, mas nunca a vida”. Essa frase de Augusto Cury ecoa nas escolas e universidades, e agora está chegando à boca do povo. Neste sentido a campanha “setembro amarelo, criada com o intuito de informar as pessoas sobre o suicídio”, chama atenção para a prevenção e a erradicação das causas do suicídio no país. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), nove em cada dez casos poderiam ser evitados com o auxílio profissional. Por vezes a pessoa que atravessa essa realidade não tem força e coragem interior para buscar ajuda. Daí brota a importância da observação de comportamentos, o silencio, a perda de sentido para vida, a repetição de alguns sintomas doloridos. Cabe ao bloco familiar ou social encaminhar para a busca de profissionais para ajudar a reverter este quadro angustiante.

Ao abordar este tema por vezes leva a população a associar o suicídio com depressão, angustias e patologias. Mas de antemão é preciso esclarecer e afirmar que nem todas as pessoas que passam por um processo de depressão ou são portadora de um transtorno mental irão à via de fato com atos extremados contra a vida.

Geralmente a opinião do púbico está baseada em suas crenças culturais, religiosas e filosóficas, gerando mitos polêmicos, tais a falta de Deus na vida, a covardia, egoísmo, e o fricote dentre outros. As causas são múltiplas, desde uma dependência química que já é sintoma de outros fatores emocionais, como perdas de parentes e amigos, divórcios, dificuldades econômicas, doenças, até a ausência de sentido para viver no cotidiano. Ou mesmo a pessoa não sabe se associar a algum destes sintomas.

Pensar na eliminação da vida não se apresenta como uma solução, pois na realidade há uma energia instintiva de preservação da vida em cada pessoa humana, mas em geral essa pessoa, presente em todas as comandas sociais e culturais, “não está querendo acabar com a vida, e sim com a dor”. Dai a importância dos profissionais que ajudam a identificar as raízes da dor, curar esta dor, partindo do principio de que o ser humano é capaz de em qualquer estágio da vida reerguer-se, reencantar-se, redescobrir novas metas, rumos e caminhos para a vida.

Seguindo a herança do saber médico, Freud denominou a dor “como o sintoma, daquilo que vem aparecer para o sujeito como uma expressão de um conflito psíquico, e quando o paciente não fala sobre este, se torna cada vez maior”. Neste sentido considerou em princípio, o sintoma como uma formação desagradável, intrusiva, que quebrava a harmonia da vida da pessoa. O autor citado afirma que existem quadros destinos e possíveis: recalque, sublimação, transformação no contrário e volta contra a própria pessoa. Existem nas pessoas duas pulsões básicas: pulsão de vida (eros) e pulsão de morte (thanatos). As pulsões de auto conservação, de conservação da espécie, assim como as pulsões sexuais e os desejos situam-se no âmbito das pulsões de vida. A meta de pulsão de vida é fazer ligações, produzir unidades cada vez maiores e conservá-las. Já a meta da pulsão de morte é dissolver nexos e, assim destruir as coisas ao seu redor. Sua meta última é transportar o vivo ao estado inorgânico. (cf Pulsiones y destinos de pulsión, voI .XIV, (FREUD, 1915d, p.122);

Em princípio, Freud considerava que as pulsões não se apresentavam em estado puro. Pulsões de vida e pulsões de morte estavam sempre misturadas. Enquanto as pulsões de vida são numerosas e barulhentas, a pulsão de morte é silenciosa. Dai a importância de observação deste “silencioso” que por vezes a pessoa carrega em sua mente, afeto, sonhos, desejo, na sua vida profissional. É de importância para a sociedade que as dores precisam ser ditas, o desejo de eliminar a vida precisa ser debatido, pois no silêncio a tendência é crescer. Necessário se faz criar ação “a fim de sensibilizar a população e os profissionais da área para os sintomas desse problema e para a saúde mental, fazendo-os entender que isso também é uma questão de saúde pública e não como uma espécie de fraqueza de conduta ou personalidade”.

(*) Eliene Paulina da Silva é psicóloga (ênfase em psicanálise) – Email [email protected] – Instagram @psicologaelienepaulina

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