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Rondonópolis
, 17 maio 2024
 
 

A superficialidade do debate político: Quando a ignorância escandaliza

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(*) George Ribeiro

Vivemos (ainda!) um tempo em que a discussão de ideias é frequentemente obscurecida pela futilidade e superficialidade, com uma amplitude ainda maior nas redes sociais. É desconcertante testemunhar adultos, muitos longe de representar alguma “beleza convencional”, utilizando a estética como arma para hostilizar adversários. A feiura, a obesidade, características de gênero, regionalidade, comportamento, cor e crenças são correntes nesse lamentável cenário empobrecido de quem acredita estar, sob algum delírio, debatendo política.

Debates de ideias são raros no WhatsApp e outras redes sociais, que estão repletas de figurinhas, vídeos manipulados e ofensivos. Há um apelo do cidadão comum em confrontar personalidades e desconstruir indivíduos, seja no âmbito privado ou público. Talvez isso ocorra porque muitas pessoas acabam repetindo comportamentos desonrosos de certas figuras políticas.

Mulheres sérias, eleitas democraticamente, são julgadas por suas escolhas de roupa, como se a capacidade de compreender moda fosse um requisito essencial para expressar opiniões em nossa república. Existe o apelo moralista por mentes pervertidas, cuja própria integridade ética deveria ser examinada antes dos apontamentos. A ironia se eleva quando um analfabeto funcional, que ostenta com orgulho sua aversão à leitura, se coloca como crítico infalível, distribuindo seus vídeos editados de TikTok feitos por algum pré-púbere para atingir adversários políticos.

O discurso vazio e tolo dos defensores mais fervorosos muitas vezes se manifesta em vozeirões grotescos, no apelo religioso deturpado, incapazes de articular argumentos sólidos. Esse contingente, frequentemente associado à cultura da “bala”, parece mais confortável na disseminação de ofensas, ameaças e fake news do que no embate saudável de ideias. A pregação do ódio, o “combate ao inimigo”, o “bem contra o mal” e agora a nova moda: eu sou o bonito e você a baleia.

Quando o ministro Flávio Dino foi indicado para o Supremo Tribunal Federal, muito do que se dizia dele pelas redes que pude acompanhar era em relação ao seu sobrepeso. Heróis do debate da 5ª série (muitos deles gordinhos) encontram, para além do contexto profissional e acadêmico, entre as honrarias desse representante, a sua aparência como alvo.

Aqueles que se reconhecem pela capacidade intelectual sabem o quanto é injusto e cruel serem menosprezados pelo peso, principalmente num contexto formal a que cabe a política. E não só esses, mas as mulheres subvalorizadas, os pretos e homossexuais igualmente, dentre outros grupos subjugados pelo preconceito e irracionalidade.

Numa pátria séria, importa reconhecer que a verdadeira força de uma argumentação está nas ideias e proposições, não na estética pessoal ou na retórica vazia. Enquanto permitirmos que a ignorância guie nossas interações, estaremos fadados a um ciclo interminável de apelo infrutífero e desqualificação. É urgente elevar o nível do discurso e entender que o debate maduro é uma ferramenta construtiva para o progresso social.

(*) George Ribeiro é professor, pós-graduado em Gestão Pública e Gerência de Cidades, poeta rondonopolitano, vice-presidente da ARL, cadeira n.º 9.

 

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