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Rondonópolis
, 18 maio 2024
 
 

Crise ambiental e educação ambiental: algumas considerações

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O artigo tem por objetivo expor algumas considerações acerca do meio ambiente, principalmente no que se refere a crise ambiental e educação, tema de suma importância e que deveria ser mais debatido junto a população, pois  atualmente a sociedade encontra-se mergulhada numa crise ambiental sem precedentes. Esta deve ter sido consequência de uma exploração antropocêntrica, que levou em consideração somente a orientação de que os recursos naturais eram inesgotáveis. Ainda assim, o modo de produção vigente, continua desenvolvendo novas tecnologias que propicia o aumento produtivo e o incentivo ao mercado de consumo sem muitas preocupações com o meio ambiente sustentável.
Nesse sentido, a educação ambiental é um dos meios mais importantes e eficientes para que a sociedade possa pelo menos amenizar essa situação, pois possibilita a ela a compreensão do meio ambiente e a sua interdependência, com vistas à utilização racional dos recursos naturais. É também uma atividade que possibilita o crescimento e o desenvolvimento do indivíduo na sua forma mais ampla. Mas é necessário, que este se compromete desenvolver ações com responsabilidades inerentes ao meio ambiente, principalmente no que tange a sua conservação, para assegurar a sobrevivência digna das sociedades atuais e também das futuras gerações.
Os primeiros debates sobre a problemática ambiental surgiram na década de 70, com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, em Estocolmo na Suécia em 1972. Nesse período surgiram também, as primeiras organizações não governamentais, discutindo essa temática em várias partes do mundo. Ao longo dos últimos anos várias conferências foram realizadas pela Organização das Nações Unidas, nas quais, chamando atenção para o uso indiscriminado dos recursos da natureza, dos desastres ambientais, escassez de água potável e degradação contínua de ecossistemas.
No Brasil, essas discussões só chamaram atenção em 1992, no Rio de Janeiro, quando foi realizada a Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que considerou a importância da educação ambiental para a resolução dos problemas relacionados à degradação do meio ambiente. Esta foi instituída pela lei 9795/99 (lei de educação ambiental), que foi proposta com objetivo de propagar e assegurar conhecimentos sobre a conservação do ambiente sustentável.
Em seu artigo 2º a lei assevera: “A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal”. Já o artigo 1º, leciona que a educação ambiental são processos que por meios dos quais, o indivíduo e a coletividade constróem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo essencial a sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade enquanto agente desse processo.
Para Berenice Adams, em seu artigo, Crise Ambiental, Educação ambiental e sustentabilidade, é preciso realmente buscar soluções para revertermos a situação ambiental em que se encontra o Planeta Terra, porém as coisas não são tão simples assim. Nada se muda do “dia para noite”, pois somos sabedores que isto é impossível, uma vez que nossos costumes, nossos hábitos são resultados de um longo processo histórico. Esse processo de “evolução social” acabou criando situações de dependência ditadas pelo sistema de produção e consumo vigente.
Ainda, segundo a mesma autora, são tantas coisas que para mudar, fica difícil saber por onde começar, porque nosso sistema sociocultural foi constituído no “paradigma progresso e desenvolvimento”, ou seja, um sistema direcionado para uma sociedade de consumo. Assim, se a produção diminuir, os preços sobem e o consumo cai; se o consumo diminuir, os empregos ficam comprometidos, então, o que fazer? É preciso saber lidar com essa situação, é preciso reapreender o significado da vida neste contexto sociocultural em que vivemos.
Mesmo tendo uma legislação que assegura a Educação Ambiental formal e não formal, ainda assim são muitos os desafios e dificuldades encontradas pelos educadores de escolas públicas, como por exemplo: as dificuldades para capacitação, a falta de material didático, livros que fazem poucas referências ao assunto e ainda, o tema fica limitado e disperso em algumas disciplinas.
Nesse contexto, quando entramos no âmago desta situação percebe-se uma incoerência que na teoria apresenta o desejo em apreciar o bem estar de todos, porém em seu enredo encontramos controvérsias entre duas palavras chaves em questões ambientais dentro da escola: a conscientização e a sensibilização ambiental.
Conscientização pode ser definida como uma atitude de estar ciente, ou seja, ter conhecimento sobre algo, julgando o que está certo ou errado de forma teórica e significativa em suas atitudes de tal forma que seu objetivo passe a ser a transformação de si mesmo e depois da sociedade como um todo, em que o indivíduo já possui o conhecimento basta aplicá-lo na prática, então cabe a sensibilização que é o ato de praticar o que já tem consciência de ser certo ou errado, especialmente em relação ao meio ambiente.
Como nos diz Paulo Freire: “a consciência ingênua é a manifestação de certa simplicidade, tendente a um simplismo na interpretação dos problemas, isto é, encara os desafios de maneira simplista, apressada e superficial.” (FREIRE, 2005)
A questão ambiental não se resume somente na natureza, ela inicia-se inclusive com seu corpo, tornando-se mais complexa do que se imagina, pois se um indivíduo não possui cuidados com seu próprio corpo, que é seu meio ambiente mais próximo, como sensibilizá-lo aos demais espaços ambientais.
Pesquisas indicam que debates e discussões principalmente voltado ao público escolar sobre a educação ambiental, ainda é branda e delicada, em que os resultados obviamente não são satisfatórios.
Questionam-se então caros leitores, e a prática? E a sensibilização? Ocorre de fato? Lembrando que questões voltadas ao meio ambiente são muito mais amplas e contraditórias do que se imagina, pois envolve um todo, seja cultural, político, socioambiental e econômico e não somente trabalhos pontuais relacionados ao tema.
Desenvolver ações de cidadania de pequena ou grande proporção para conservar uma área preste a ser devastado, por exemplo, são assuntos que estão sendo agregados em projetos ambientais escolares, porém a questão de sensibilização e conscientização ainda são paradigmas a serem quebrados de forma coerente e lenta ao mesmo tempo.
Cita-se como exemplo o projeto desenvolvido por uma escola estadual do município de Juscimeira–MT, em que a comunidade escolar lutou bravamente contra a construção de uma usina hidrelétrica, evitando que a conclusão da mesma pudesse acabar com uma cachoeira local. A luta contra a construção da usina teve resultados positivos, possibilitando inclusive o tombamento da área do entorno da cachoeira.
Conscientizar e sensibilizar têm que ser um processo contínuo das questões relacionadas à conservação do meio ambiente, visto que os alunos da referida escola desenvolveram uma ação de limpeza com instalações de latões de lixo no local, mais o que se viu em pouco tempo, foi a destruição dos mesmos pelos freqüentadores e usuários da cachoeira. Então, o que faltou no projeto? A resposta não é tão simples assim, pois sensibilizar a população, é assunto complexo, mexe com vários seguimentos sociais e os quais podem estar até conscientes, mas insensibilizados as questões ambientais.
Juscimeira, abril de 2013.

(*) Dermeval Pereira da Costa e  Cristina de Oliveira são professores da rede Estadual de Ensino

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