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Rondonópolis
, 18 maio 2024
 
 

Uma cidade que começa a parar

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Quando uma cidade ou região começa a crescer mais devagar ou a perder investidores a luz amarela precisa ligar. A perturbação pode ser moral ou econômica, mas é chegada a hora da sociedade civil organizada e dos poderes constituídos tomar a frente.
Embora não se tenha nenhum estudo pontual, indicadores diversos dão conta de que Rondonópolis começa a dar sinais de fadiga econômica e não se justifica mais tapar o sol com a peneira, fazer de conta que não é conosco ou que o problema é somente da atual administração.
É necessário que deixemos de lado os ranços políticos e nos preocupemos mais com o nosso futuro e o futuro de nossa cidade, para que nossos filhos e netos não nos cobrem no futuro por algo que não fizemos quando era necessário.
Equivocadamente, defender posicionamentos significa sobretudo ser rotulado de apoiador do grupo A ou B. Descarto de imediato essa possibilidade. Na prática há um projeto maior a ser defendido, fato que o atual modelo tem tido dificuldade em executar e perpetuar, o do desenvolvimento continuado. É nele que se encontra a minha defesa extremada. Localmente me parece que este ainda seja um conceito muito longe de ser entendido na sua essência por nossa população.
Lembremo-nos que moramos aqui e aqui desenvolvemos as nossas atividades. Que nascem e crescem os nossos filhos e é deste lugar que devemos, nós e eles, ter orgulho. Não nos interessa qual ou quais foram os partidos ou os grupos políticos que coordenaram os avanços. Queremos sim, que seja feito o que for necessário.
Tenho conversado sobre este assunto com muita gente. A tônica e o desejo da maioria é mais ou menos o que descrevo neste ensaio. A população está cansada de empurra-empurra para encontrar culpados ao invés de soluções.
Muitos, porém, têm discernimento e acesso a conhecimento, mas poucas vezes se manifestam. “Gostaria muito de escrever ou falar isso abertamente, mas minha atividade ou posição não permitem”. Esse é mais ou menos o discurso de quem poderia e deveria se posicionar. Afinal, estamos numa democracia e cada um também tem a sua parcela de responsabilidade.
Contudo, é mais cômodo não se envolver. Arranjamos menos adversários e menos críticos. É mais fácil deixar a situação se agravar e depois criticar o que estava errado. Ser comentarista é uma das posições mais privilegiadas. O jogo já aconteceu e há pouco por fazer e pouco a se comprometer também.
Sabemos que todas as entidades que representam a sociedade civil organizada têm desenvolvido suas ações, muitas com louvor, mas ao mesmo tempo revelam-se pequenas individualmente diante das necessidades que surgem num momento crucial como este para o nosso município. Principalmente por se tratarem, na maioria, de ações isoladas e pouco concatenadas, denotando os mesmos guetos que também se vêem no ambiente político.
Vincular ações das instituições representativas do comércio, indústria, serviços, câmara municipal, dentre outras relevantes, tornando-os mais opinativos e propositores do que espectadores, é prática fundamental.
O grau de responsabilidade destas instituições com o executivo tem aumentado em democracias como a que o Brasil, felizmente, vive. A essência da estrutura que se propõem não é um poder paralelo como está na moda, mas dar mais estabilidade para uma cidade e região.
É recorrente afirmar que uma sociedade forte é feita de instituições fortes e que atuem de forma encadeada, dando diretrizes e suporte para os poderes públicos constituídos. Ao mesmo tempo, estas instituições devem defender os seus interesses em direção ao desenvolvimento e não apenas ao crescimento. Embora tenhamos as instituições formalmente constituídas e bem estruturadas, ainda carecemos desta compreensão.
É do senso comum que em alguns momentos tem faltado flagrante sensibilidade para a atual equipe que governa a cidade, assim como também foi preterida em determinadas circunstâncias, algumas cruciais, na gestão que a antecedeu.
Sabemos de antemão também que existem erros e acertos, prioridades políticas e visões distintas em todas as gestões. Mas temos bons trabalhos e avanços significativos em todas elas. Precisa-se valorizar mais o que há de bom, melhorando o que for necessário. Continuidade é uma palavra extirpada sistematicamente do dicionário político. Típico de democracias medíocres e atrasadas.
O atual ocupante do Palácio do Planalto, por exemplo, rapidamente percebeu isso e não a toa se tornou um páreo difícil de vencer. Localmente ouvir de menos e ter certeza absoluta têm sido um dos principais erros das gestões que se sucederam no paço municipal.
Infelizmente, o que vem sendo apresentado até o momento ao longo dos anos é uma infeliz prioridade na crença pessoal. Os demais continuam assistindo, até que outro grupo se assente e reproduza o modelo, agora a seu modo.
Já passou da hora da sociedade como um todo assumir o seu verdadeiro papel. Pouco importa se o natal é das crianças ou do povo, se o pré-vestibular é vermelho ou azul. O que vale é o resultado como um todo, não por partes como sempre nos é apresentado.
Estamos perdendo investimentos, o marasmo sócio-econômico é visível e a atividade econômica está sensivelmente leniente. Boa parte por puro ranço político, onde os maiores prejudicados serão justamente aqueles que se propunha defender e apoiar, a população menos assistida.
Como efeito comparativo basta visitar com atenção adicional cidades de menor densidade populacional no próprio Estado e perceberemos pelo menos umas sete ou oito apresentam evidências de franca expansão, com ações integradas entre os setores públicos e privados há pelo menos duas ou três gestões.
Aqui, ao contrário, cada vez que um problema se torna público ninguém é o culpado, ao mesmo tempo em que todos sabem o que precisa ser feito e têm as melhores sugestões. Embora a implantação leve uma eternidade.
Neste momento é irrelevante saber em quem se votou. É fundamental que se desenvolva um processo adicional ao existente para recolocar Rondonópolis no processo de desenvolvimento. Para isso, de parte a parte, é necessário que nos empenhemos no auxílio e de outro lado que haja humildade para se deixar ajudar.
Temos sido pródigos em anunciar grandes obras, mas que exigem de nós a imortalidade, pois nunca se locupletam. No ambiente político principalmente, criticamos com facilidade, mas temos apresentado grande dificuldade para lidar com a crítica. Na execução, temos apresentado dificuldade em fazer o que precisa ser feito.
O Aeroporto Maestro Marinho Franco é apenas uma das evidências cômicas da incapacidade de articulação entre os poderes públicos e privados. Uma cidade do tamanho de Rondonópolis mendigando um aviãozinho maior ou uma linha extra, sabendo que não está fazendo o que precisa ser feito, é no mínimo constrangedor.
Enquanto isso, outras cidades já fizeram o seu dever de casa e estão planejando novos avanços. E nós ainda procurando qual o grupo político que será apresentado como culpado e qual surgirá como o salvador da pátria.
Nestes casos, qualquer um dos agentes com algum envolvimento, quando entrevistado, se esgueira da responsabilidade, embora declare abertamente recomendações do que precisa ser feito, ao mesmo tempo em que ninguém se apresente capaz de fazê-lo. Infelizmente, o Brasil vive de projetos eleitorais e não de projetos de governo.
A dicotomia política associada à democracia é altamente salutar. A alternância no poder é um dos marcos das civilizações democráticas, que felizmente fazemos parte. Mas existe uma condição para que seja efetivo: os projetos e a virtude política devem ser continuados ao mesmo tempo em que novos projetos devem permitir novas oportunidades de crescimento e desenvolvimento. Esta alternância, assim como no setor privado é o sentido da inovação também no setor público.
O Brasil está crescendo e provavelmente vive um dos melhores momentos de sua história. Nunca o país se desenvolveu de forma constante e segura como nestes últimos 15 anos ao mesmo tempo em que apresenta iniciativas que permitem consolidá-lo, gerando a imagem necessária para atrair a riqueza e no médio prazo a equidade social.
Rondonópolis, por sua vez, está perdendo um dos principais presentes da história moderna. Pelo visto somos teimosos, do contra. Crescemos rapidamente quando o país estava estagnado e agora que ele acende e oferece oportunidades, somos incompetentes para acompanhá-lo. Preferimos nos envolver em brigas mesquinhas e vaidades pessoais a pensar num projeto de longo prazo que possa ser desenvolvido por quem quer que seja. Nossos netos e bisnetos nos cobrarão por isso.
Boa semana de Gestão & Negócios.
(*) Eleri Hamer escreve esta coluna às terças-feiras – [email protected]

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  1. Nao sou muito bom em historia, mas acho que é da época romana – Ao povo pão e circo. E na última eleição o povo estendeu a lona e agora o circo está armado, duro é ter que esperar o fim do espetáculo!

  2. E lamentável ver uma cidade como Roo estar chegando a este ponto. Fui candidato a vereador na cidade, meu compromisso com a população foi considerada a melhor na época. Estes compromissos iriam beneficiar uma grande parte das familias de baixa renda da cidade..mas infelizmente nao fui eleito porque a mentalidade de vários eleitores ainda e o último favor é que vale …R$….

  3. A falta de ação causa a estagnação.
    É utópico pensar que se combate a pobreza e a falta de melhores condições de vida para a população, sem se importar com a riqueza.
    Uma administração que entra achando que tudo o que esta sendo feito esta errado,é sinal de que não esta se importando com o povo com a cidade e sim com os seus principios mesquinhos de politiqueiro.

  4. Atenção dos membros ativos dos 2 poderes elegíveis da república rondonopolitana! Deste orelhaço estão livres os empresários, fazendeiros, trabalhadores, donas de casas, os clérigos e os membros da cooperativa dos recicladores…
    Digníssimos: já estamos no limiar do 7º dia, o dia Do Senhor!
    Os interesses individuais, com suas mazelas e melongas, há muito tempo deixaram os espaços para os interesses coletivos. Talves a notícia aínda não chegou aí nos 2 palácios…
    Então, as urnas deverão trombetear notícias mais claras!

  5. Acho de grande relevância as argumentações deste artigo. Só achei esquisito a conjugação do verbo na 1ª pessoa do plural: exemplo: pelo visto somos teimosos, do contra;…somos incompetentes para acompanhá-lo…preferimos nos envolver em brigas mesquinhas e vaidades pessoais…O correto não seria “ele é teimoso?…” “ela é incompetente?” (Sic)

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