20.9 C
Rondonópolis
, 11 maio 2024
 
 

“Precisamos de uma gestão mais técnica e menos política”

Leia Mais

- PUBLICIDADE -spot_img

 

Mohamed Zaher, empresário e ex-vereador: “A primeira coisa que tem que melhorar é o trânsito da nossa cidade. Que está uma bagunça!”

Dando prosseguimento na série de entrevistas especiais do Jornal A TRIBUNA com empresários e pessoas que se destacam na sociedade local, o entrevistado desta semana é o empresário e ex-vereador Mohamed Zaher, proprietário – junto com sua esposa Mara Zaher – do Centro Educacional Khalil Zaher, e um dos proprietários da concessionária local Chevrolet, a Zaher. Desde que chegou na cidade, ele se mostrou um empresário de visão e uma pessoa popular, tanto que foi vereador na cidade por vários mandatos.
Mohamad Khalil Zaher, popularmente conhecido como Mohamed, formado em Economia, hoje com 69 anos, nascido em Trípoli, no Líbano, veio aos 15 anos para o Brasil e foi morar na cidade de Campo Grande (MS), antes de se mudar para Rondonópolis, onde chegou no ano de 1988 e se fixou como um grande empresário e político, tendo sido por várias vezes vereador, antes de lançar seu filho Ibrahim para sucedê-lo na vida política.
Foi seu irmão mais velho, Ibrahim, que fundou a Zaher e Cia, a concessionária da Chevrolet na cidade, mesmo morando em Campo Grande. Inicialmente, ele veio para Rondonópolis com planos de ficar por aqui por apenas um ano, para ajudar na solução de problemas familiares, mas acabou gostando demais da cidade e optou por ficar por aqui mesmo, para administrar a concessionária da família e, posteriormente, adquirindo a faculdade Cesur, que se tornaria uma potência, antes de ser adquirida por um grande grupo internacional de investidores.
Quando chegou em Rondonópolis, Mohamed já era casado com Dona Mara e já tinha seus três filhos. Antes dele, já tinham chegado aqui seus irmãos Elias, Bidu e Hussan, todos também empresários. “Assim que cheguei aqui me apaixonei pela cidade e pelo povo dessa cidade, porque aqui a sociedade não é fechada. Aqui as pessoas são bem recebidas”, contou. Confira a entrevista, na qual ele fala de sua história e experiências na política:

A TRIBUNA – O senhor é um empresário reconhecido na cidade. Como o senhor vê esse momento da nossa economia?
Mohamed Zaher – Está tudo certo com a economia local, essa crise não nos atingiu. Porque nós somos líderes (na produção de) no milho, líderes na soja, líderes no algodão. A exportação está a mil por hora, graças a Deus. Então, o nosso Estado está muito longe da crise, graças aos sojicultores, algodoeiros, aqueles que plantam milho, aos nossos pecuaristas. Essas pessoas seguraram a economia do nosso Estado. Nosso Estado é rico, graças a Deus.

A TRIBUNA – Por ser dono de uma escola tradicional da cidade, como o senhor avalia o setor no município? A criação da UFR vai ajudar na consolidação do município como polo educacional?
Mohamed Zaher – Quando fui presidente da Câmara Municipal, eu recebi o falecido Tati (Antônio Gonçalves Vicente, já falecido, ex-professor da UFMT e um dos pioneiros na luta pela criação da UFR) para pedir apoio para uma greve dos professores por aumento salarial. Aí, eu falei “gente, por que não pensamos na criação de uma universidade para nós?” Aí todos me olharam espantados. Propus mobilizar os políticos da região para lutar por ela. Todos estranharam eu ser dono de uma faculdade particular e pregar a criação de uma universidade pública. Aí eu perguntei “quantos mil alunos vão vir fazer vestibular na nossa universidade? Dez mil, pelo menos! Desses dez mil, vão passar quatro mil. Os seis mil vão procurar minha faculdade…a cidade ganha, eu ganho”. A luta começou dentro da Câmara e o Tati depois reconheceu isso num panfleto que ele distribuiu na época. Lamentavelmente, houve essas viagens para Brasília e sequer me chamaram para acompanhá-los. Mas isso é muito bom para a cidade, então é bom para mim também. Rondonópolis já é um polo e vai se tornar muito mais importante ainda. Com isso, de imediato, nós vamos ganhar no mínimo mais quatro mil famílias que vão vir morar aqui. A cidade vai explodir! Agora, precisamos nos preparar para isso, em todos os aspectos. E o apoio, no que ela precisar para crescer, vai ter da sociedade.

A TRIBUNA – O senhor foi político por muitos anos. O que motivou o seu afastamento?
Mohamed Zaher – Eu sempre tive um sonho, que era um dia ser prefeito dessa cidade. Porque eu via que a administração da cidade era política e não técnica. Então, eu dava tempo ao tempo e sempre fui boicotado, não sei por quê. Entrei na política com a promessa de que seria candidato único da cidade de meu partido (o PMDB, na época) para deputado estadual se fosse primeiro colocado na eleição de vereador. Ganhei em primeiro e o partido queria lançar três candidatos na cidade. Aí não dava e eu não saí candidato. Já fui lançado duas vezes como vice-prefeito e até a prefeito, mas sempre as articulações acabam fechando com outros nomes. Eu nunca entendi por que eles tem medo de mim. Queria que alguém me explicasse?!

A TRIBUNA – Teria chance de o senhor voltar ao cenário político de Rondonópolis? Por quê?
Mohamed Zaher – Eu sempre fui um político diferente. Desde que entrei como vereador que eu sou contra o salário para o cargo. Eu acho que o vereador não tem que ter salário. Se ele ama sua cidade, ele tem que trabalhar de graça para a sua população. O meu salário era todo doado. Eu nunca vivi desse salário. Mas com essas mudanças que estão ocorrendo na política, como a moralização, quem sabe algo muda… Eu amo a política, não a politicalha… Trabalhar para o meu povo, a grandeza de meu Estado e de minha cidade é a minha grandeza.

A TRIBUNA – Esse ano teremos eleições. Qual é, na sua opinião, o perfil de governantes que o Mato Grosso e o Brasil precisam?
Mohamed Zaher – Eu acho o seguinte: nós temos que ter menos políticos e mais técnicos. Nós queremos uma pessoa que tenha experiência não só na área política, mas tem que ser também um vencedor como empresário. Ao mesmo tempo tem que ser político, não pode ser só técnico, pois é a parte política que vai aproximar os nossos gestores da população. Temos que apoiar a vinda de novas empresas para Rondonópolis, porque elas pararam de vir para cá há alguns anos. Vamos atrás, vamos buscar os empresários, porque cada empresa que você trouxer, é menos cinquenta pessoas desempregadas. Nós vamos resolver o problema de desemprego. Tem que dar vantagens, dar as boas vindas e colocar o Município à disposição, pois logo outras cidades vão passar a gente.

A TRIBUNA – O Jornal A TRIBUNA iniciou uma série de reportagens sobre as obras paradas na cidade. Como o senhor vê essa situação que tem se tornado crônica?
Mohamed Zaher – É uma vergonha! O que acontece aqui é uma vergonha. Quando fui vereador aprovei um projeto de lei, que foi vetado pelo ex-prefeito Adilton Sachetti, que dizia que não podíamos ter obras paradas na cidade. Nós temos vários pontos da cidade com obras paradas e meu projeto dava poderes para a Prefeitura notificar e dar um prazo para essa obra terminar. Se não terminar, a Prefeitura tem o direito de desapropriar a obra e colocar em leilão. Eu fico com vergonha de ver no centro da cidade obras particulares, obras do governo, do Município, todas paradas. Esse dinheiro é do povo, é meu, é seu… Por que param essas obras? Quando você começa uma obra e não termina, você deixa a população desacreditada, e com razão. Por isso que falam que político só promete. E eles tem razão. Uma vez prometi uma ponte para uma comunidade e o prefeito da época não fez. Eu contratei um engenheiro, que fez o projeto, comprei todo o material e fui lá e fiz a ponte, do meu bolso. Nós não podemos passar por mentirosos… O Jornal A TRIBUNA está de parabéns por denunciar isso. O Jornal tem essa vantagem, ele faz a denúncia e mostra a prova. Não é uma perseguição contra um ou outro. O papel da imprensa é esse mesmo: administrar junto com o prefeito e com a Câmara.

A TRIBUNA – Como político experiente, como o senhor avalia a gestão do prefeito Zé Carlos do Pátio?
Mohamed Zaher – Eu frequentei a casa dele, e ele frequentou a minha. Então, existe uma relação muito boa entre nós. Há muito tempo atrás cheguei nele e disse “Zé, eu te considero o melhor deputado estadual de Mato Grosso, você é um excelente parlamentar. Larga a mão de ser prefeito, de querer ser prefeito”… Mas ele saiu candidato, ganhou a eleição e está de parabéns. Eu nunca tive nada pessoal contra ele e acho que, no segundo mandato ele melhorou um pouquinho, mas continua devendo muito ainda para Rondonópolis. Ele não tem grupo, e talvez ele tenha vergonha de chamar alguns para fazer parte do governo dele, porque ele é muito desconfiado e individualista. Isso é muito ruim para você administrar uma cidade. Eu tenho que aplaudi-lo por esse recapeamento no centro da cidade, por que antigamente era só uma pintura. Com recurso próprio, ele está resolvendo um problema da cidade. Mas tem muita coisa ainda. As calçadas da nossa cidade precisam ser todas refeitas, para serem mais bonitas e acessíveis. Dinheiro tem porque o orçamento da cidade é excelente.

A TRIBUNA – O que fazer para melhorar a parte urbanística de Rondonópolis no seu entendimento? O que a cidade precisa?
Mohamend Zaher – A primeira coisa que tem que melhorar é o trânsito da nossa cidade. Que está uma bagunça! Desde que eu era vereador que defendo: já que não temos pessoas que entendam aqui, que a gente traga gente de fora. Vamos trazer engenheiros de trânsito que entendam como faz para melhorar o trânsito. Aqui parece uma cidade de faroeste, todo mundo manda. O trânsito é a primeira coisa que precisa melhorar. Quando colocaram os radares na cidade, disseram que iam usar o dinheiro para melhorar o trânsito da cidade. Mas cadê? Onde está?

A TRIBUNA – O que o senhor projeta para o futuro da cidade nos próximos anos?
Mohamed Zaher – Rondonópolis tem condição de ser muito maior e melhor ainda do que já é. E eu espero que os próximos prefeitos tenham uma cabeça mais evoluída e que pensem no bem-estar da população, que a população veja uma cidade linda, como outras que existem. Que seja polo de verdade, que seja boa de se viver. É isso que eu espero e vou ajudar no que eu puder ajudar.

- PUBLICIDADE -spot_img

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor, digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Publicidade -
- PUBLICIDADE -

Mais notícias...

Solidariedade: Comboio com 16 carretas já está a caminho do Rio Grande do Sul

A Ação Solidária Emergencial em Prol do Rio Grande do Sul, organizada pela Diocese de Rondonópolis e parceiros, terminou...
- Publicidade -
- Publicidade -spot_img

Mais artigos da mesma editoria

- Publicidade -spot_img