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Rondonópolis
, 18 maio 2024
 
 

“Zé Turquinho tinha 45 mil hectares dentro da cidade”

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A pioneira entrevistada na edição deste domingo pelo Jornal A TRIBUNA é Jupia Oliveira Mestre, agora com 80 anos de idade e residente em um apartamento no Centro de Rondonópolis. Ela é viúva do libanês naturalizado brasileiro José Salmen Hanze, o popular “Zé Turquinho”, que teve forte contribuição para o processo de povoamento e crescimento de Rondonópolis. Ao lado desse grande pioneiro, estava Jupia. “Na onde o meu marido punha o pé, eu punha a mão. Eu sempre ajudava a administrar!”, afirma.


Pioneira Jupia Oliveira Mestre, hoje com 80 anos: “Aquele tempo chamava-se união familiar, porque uns ajudavam os outros” - Foto: A TRIBUNA
Pioneira Jupia Oliveira Mestre, hoje com 80 anos: “Aquele tempo chamava-se união familiar, porque uns ajudavam os outros” – Foto: A TRIBUNA
Registro da pioneira, quando mais nova
Registro da pioneira, quando mais nova

Sempre considerada uma mulher à frente do seu tempo, Jupia Oliveira Mestre é uma das principais referências na história de Rondonópolis, ao lado do seu marido, já falecido, o libanês José Salmen Hanze, o “Zé Turquinho”, que chegou a ter 45 mil hectares de terra dentro do município (quase 1/8 do território municipal hoje) e foi um dos grandes beneméritos locais, com doações para as mais diferentes entidades, órgãos e estruturas de uso público.
Nascida em Cachoeira Alta, em Goiás, Jupia veio para Rondonópolis em 1950, ainda criança, com os pais: Onório Jerônimo de Oliveira Mestre e Dolorita Parreira Mestre. Portanto, aportou à cidade antes da sua emancipação político-administrativa. Estudou em Rondonópolis e também em Campo Grande (MS). Casou-se três vezes. Primeiro, casou-se com Américo, pai da filha Tereza. Depois, casou-se com Onorindo, pai da filha Maria e, por último, com Salmen Hanze, pai do filho José Salmen Hanze Filho. Hoje tem seis netos e 1 bisneta.
Viveu com Zé Turquinho cerca de 40 anos da sua vida. Esse pioneiro inicialmente trazia querosene e gasolina, por meio do rio, para vender em Rondonópolis. Primeiramente, conseguiu comprar 5 mil hectares na região hoje formada pela Cidade Salmen, Vila Birigui e antigo aeroporto. Depois comprou mais 40 mil hectares, em uma área de Guiratinga até o Rio Vermelho, abrangendo inclusive a área onde hoje é o município de São José do Povo. Ele saía de jipe fazendo propaganda e vendendo essas áreas em condições especiais, para atrair moradores e melhorar a cidade.
Entre os terrenos e áreas doados por Zé Turquinho estão para as escolas Joaquim Nunes Rocha, Salmen Hanze, antigo Guerino Bertoni, parte do Cesur, Senai, Escola da Vila Mamede, Escola Rural do Lajeadinho e Queixada, Escola Rural Aeroporto, Escola no Ponto Chique, Escola no Auto Bandeirantes. Inclusive procedeu a doação de expressivo tamanho de área para a formação do primeiro distrito industrial de Rondonópolis e do antigo aeroporto municipal, que muito contribuíram com o crescimento local. Foi ele quem deu abertura à estrada de acesso a Guiratinga.

Jupia com o marido José Salmen Hanze, o “Zé Turquinho”
Jupia com o marido José Salmen Hanze, o “Zé Turquinho”

Doou também a área para a construção da Santa Casa de Misericórdia; para o Departamento Nacional de Estradas e Rodagens (DNER), hoje DNIT; para Polícia Rodoviária Federal, Batalhão da Polícia Militar na BR-364; Fundação Mato Grosso; residência dos comandantes do Exército de Rondonópolis; estação rodoviária de Rondonópolis; 50% do Caiçara Tênis Clube; do quartel do Exército em Rondonópolis; delegacia da Polícia Federal; Hospital Paulo de Tarso; sede do Rotary e Maçonaria, próximo à Santa Casa; para clubes de lazer de diversas categorias profissionais; entre outros.
O período de formação do município foi difícil, segundo Jupia. “Naquela época a gente comprava as coisas fora, porque aqui não tinha nada. Era uma pobreza danada. Comprava muito em Campo Grande e Jataí (GO)… Aqui tinha o básico, o arroz, feijão e milho”, recorda. Desde aqueles tempos, a pioneira ressalta que sempre foi independente, fazia e conduzia negócios. “Toda a vida fui dona de si, já tinha pulso próprio… O pessoal falava: é mulher que veste calça e usa chapéu. Ia para o sol e media serviço com o Zé”, acrescenta. Junto com Zé Turquinho, ela conheceu vários lugares do Mundo, inclusive a terra natal do marido.
Zé Turquinho faleceu em 1989. Atualmente, Jupia vive da renda de imóveis que possui na cidade. Ainda recorda com saudades do passado e repassa que foi uma das primeiras assinantes do Jornal A TRIBUNA quando da sua fundação. “Aquele tempo chamava-se união familiar, porque uns ajudavam os outros. Quem tinha ajudava quem não tinha”, diz. Quanto ao presente, ela vê a Rondonópolis de hoje como muito violenta. “Vejo Rondonópolis hoje como a cidade do terror, tenho medo agora. Gostava mais daquele período antigo. Hoje é bom, mas está muito perigoso”, analisa.
Conforme Jupia, se não houver mudanças políticas, a tendência é que a violência aumente  mais em Rondonópolis, uma vez que a cidade está crescendo e atraindo muitos bandidos. Para ela, a grande contribuição que deixa para Rondonópolis é a ajuda à sociedade, aos menos favorecidos. “Eu ajudo todo muito, às vezes não posso dar muito”, diz. Inclusive, ela reforça como espera ser lembrada futuramente: “tenho muito amigos; sou a mãe de todo mundo!”.

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