Após lançamento em São Paulo, o professor Adilson José Francisco, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)/campus de Rondonópolis, lança agora na cidade de Rondonópolis o livro “Trânsitos Religiosos, Cultura e Mídia: a expansão neopentecostal”. Em âmbito local, o lançamento ocorre nesta quinta-feira (23/04), às 19h30, no anfiteatro do campus, ocasião em que fará uma explanação de temas centrais do livro e apresentará algumas atualizações de dados trazidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A publicação é resultado da tese de doutorado defendida em 2007 pelo professor Adilson José, com pesquisas iniciadas a partir de 2002, mas com um recorte cronológico de observação entre 1993 e 2014. Ele destaca que o Jornal A TRIBUNA, a partir do seu acervo, foi uma importante fonte de pesquisa para composição dos dados e estudos da publicação. Também se valeu de 97 depoimentos de fiéis e ex-fiéis de 02 denominações religiosas, no caso o Ministério Sal da Terra e a Igreja Universal do Reino de Deus, assim como frequentou aproximadamente 120 cultos de denominações em Rondonópolis, Cuiabá e São Paulo.
Em entrevista ao Jornal A TRIBUNA, Adilson José explica que a publicação surgiu com o propósito de socializar as descobertas inerentes às pesquisas, bem como por se tratar de um tema bastante contemporâneo e inédito em âmbito de Mato Grosso. Em resumo, ele acrescenta que quis entender por que as pessoas mudam de religião e como esse processo se dá. “Quis entender o fenômeno na perspectiva do sujeito que busca uma nova religiosidade”, externou o autor, explicando que outro diferencial foi avaliar como a mídia carreia fiéis para os templos.
Nesse contexto, professor Adilson José observa que, em Rondonópolis, antes das igrejas neopentecostais chegarem vieram os programas radiofônicos e televisivos produzidos por elas. “As igrejas eletrônicas precederam a chegada dos templos”, argumenta. Outra importante descoberta também se deu através do trabalho de depoimentos de fiéis e ex-fiéis de igrejas neopentecostais. “As pessoas mudam de religião porque, mais do que nunca, a religião é encarada como um consolo para as aflições”. Professor Adilson José aponta ainda que concluiu que as igrejas neopentecostais têm se expandido porque são concebidas a partir das demandas e dores das pessoas.
O autor também aponta que não foram os evangélicos indistintamente que cresceram nas últimas décadas, mas os pentecostais e os neopentecostais. Ele constatou que a maioria das pessoas está em busca de respostas para problemas pessoais e familiares, como doenças, relacionamentos transfamiliares e situação financeira, entre outros. Dessa forma, aponta que as denominações neopentecostais combinam tradições religiosas anteriores com um pragmatismo e uma funcionalidade do mundo contemporâneo, personalizada na popular “teoria da prosperidade”. “Cada vez mais, a graça está associada em dar ofertas… O neopentecostalimo mostra o quanto a religião muda”, afirma.
Ganhador de edital da Fapemat, o livro foi coeditado pelas editoras Paulus de São Paulo e EdUfmt da UFMT. O livro pode ser encontrado no campus da universidade e, após o lançamento, nas livrarias da cidade.
