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Rondonópolis
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Retratos de ontem e de hoje de uma cidade

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nonoHoje Rondonópolis comemora a data de criação do município (10/dez./1953), que completa cinquenta e seis anos de emancipação político-administrativa. Já, a data oficial de fundação da cidade (10/agosto/1915) foi criada e definida pela Lei Municipal 2777 de 22 de outubro de 1997, fundamentada pelo Decreto Estadual N° 395 que “Reservava uma área de 2.000 hectares para o rocio da povoação do Rio Vermelho”.
Todavia, o poder público e uma parte da população de Rondonópolis festejam, equivocadamente, o 10 de dezembro de 1953 como se fosse a data de fundação da cidade. Esta atitude põe por terra o esforço do trabalho de antigos moradores que antecederam esta data, ao mesmo tempo em que coloca uma pá de cal sobre o processo de povoamento e crescimento de quase meio século de história de Rondonópolis.
Diante disso questiona-se: Por que não se comemorar as duas mais importantes datas do calendário da história administrativa da cidade?
DO POVOAMENTO À EMANCIPAÇÃO
A história político-administrativa de Rondonópolis se inicia com o povoamento, nos primeiros anos do século XX (1902), e se oficializa a partir do Decreto lei Nº 395 assinado pelo Presidente de Estado do Mato Grosso Joaquim da Costa Marques.
O referido decreto estabelece uma reserva de 2.000 hectares para a povoação do Rio Vermelho (local da futura Rondonópolis) e marca oficialmente a existência do povoado – o Decreto N° 395, por assim dizer, é o primeiro documento oficial, o seu registro de nascimento.
No ano de 1918, resultante de uma homenagem efetuada pelo deputado Otávio Pitaluga a Cândido Mariano Rondon, este passa, então, a ser considerado o patrono do lugar, que foi denominado de Rondonópolis. Em 1920, Rondonópolis transforma-se em distrito de Santo Antônio do Leverger e comarca de Cuiabá e passa a ter os cargos de juiz de paz, de escrivão e de delegado.
Entretanto, na década de 20, o recém criado distrito começa a sofrer problemas ligados a enchentes, epidemias e desentendimento entre os moradores; no mesmo período João Arenas descobre os garimpos de diamantes na vizinha região de Poxoréu (1924).
A combinação desses fatores provoca o processo de despovoamento de Rondonópolis, ao mesmo tempo em que os garimpos projetam o crescimento de Poxoréu que, em 1938, foi elevado à categoria de município. Em conseqüência, pelo fator proximidade, Rondonópolis veio a ser distrito de Poxoréu, cuja Lei Estadual nº 218 de 1938 outorga àquele município a prerrogativa de decidir sobre os destinos de nossa região.
Em 1948, são reestruturados os cargos de juiz de paz e de escrivão.  E, em 1952, Rondonópolis já convivia com calorosas discussões sobre as possibilidades da emancipação política, que a Constituição do Estado do Mato Grosso de 1947 assegurava.
No ano de 1952, o deputado João Marinho, da UDN, apresenta o projeto sobre a emancipação local na Assembleia Legislativa em Cuiabá. A seguir, no intuito de conseguir a aprovação do projeto, o deputado tenta alinhavar acordos e esforços da bancada opositora do PSD, liderada por Rachid Mamede.
Segundo o Sr. Rosalvo Faria (juiz de paz e prefeito nomeado em 1953), o processo para a emancipação decorreu sem maiores problemas ou protestos por parte das autoridades e da população de Poxoréu, que não acreditavam, absolutamente, que estivesse reservado um futuro promissor a Rondonópolis.
O fato é que em 10 de dezembro de 1953, Rondonópolis consegue a emancipação político-administrativa através da Lei 666; em março de 1955, na gestão do Sr. Daniel Moura é criada e passa a funcionar a Câmara Municipal; e, em 13 de junho de 1959 é instalada a Comarca de Rondonópolis e estabelecidos o Fórum e o Cartório de Registros de Imóveis.


Posição estratégica
O município de Rondonópolis possui uma área de 4.165,23 km², está implantado no cerrado da região Sul do Estado de Mato Grosso e localizado a 212 km de Cuiabá.
Ao lado da cidade de Rondonópolis, entre os rios Vermelho, Jurigue e Tadarimana se localiza a reserva indígena bororo de Tadarimana, com 9.612,69 hectares de mata intocável e habitada por 245 indivíduos.
Quanto à cidade, ela é considerada o portal da Amazônia e a entrada para o pantanal mato-grossense; também é conhecida pelas terras férteis e localização privilegiada, no entroncamento das Rodovias BR-163 e BR-364, que ligam as regiões Norte/Sul do país, que favorece a circulação e o escoamento da produção regional pelos portos de Santos, Vitória e Paranaguá.
A posição geográfica estratégica tem contribuído para o crescimento econômico de Rondonópolis e oferece um leque de oportunidades aos investidores que buscam expandir e diversificar seus negócios: no agronegócio, na pecuária de corte e leiteira; no setor de unidades esmagadoras de soja; na produção de fertilizantes e biodiesel; no setor têxtil e do couro; no comércio de maquinários, utilitários, motocicletas e comércio em geral; no setor de serviços; no transporte.
A promessa de que os trilhos da Ferrovia “Senador Vicente Vuolo” (antiga Ferronorte) chegarão próximos a Rondonópolis em 2010 acenam para a possibilidade de barateamento do frete, diminuição do percurso até os portos e melhoria da competitividade de nossos produtos no mercado internacional. Sem sombra de dúvida, a ferrovia representará um grande salto para a vida econômica e social da cidade.
Enfim, Rondonópolis tem tudo para transformar-se em um dos principais entroncamentos rodoferroviários do país e na metrópole do século XXI.
Crescimento
De acordo com o IBGE (2007) Rondonópolis tem uma população de 172.783 habitantes, porém o órgão divulgou uma nova estimativa em agosto último onde a população aumentou para 181.902 habitantes.
Rondonópolis é uma cidade de porte médio, com infraestrutura deficiente, com boa rede bancária e de serviço, que vê chegar cada vez mais migrantes,  e a maioria sem qualificação.
É interessante notar que, desde o início do povoamento, em 1902, até meados da década de 40 a localidade se caracterizou pela chega de famílias procedentes de Goiás, de Cuiabá e demais regiões de Mato Grosso e do Nordeste, famílias que vinham isoladamente e por conta própria com a finalidade de buscar melhores condições de vida.
Somente a partir de 1947 é que Rondonópolis passa a crescer efetivamente, à medida que é inserida no contexto capitalista de produção como fronteira agrícola mato-grossense, resultado da política do sistema de colônias implantado pelo governo do Estado.
Nas décadas de 50 e 60, o crescimento econômico local vem através do campo, enquanto produtor de alimentos e extensão do capital paulista.  Nesse período destaca-se a força da mão-de-obra de migrantes mato-grossenses, nordestinos, paulistas, mineiros, japoneses e libaneses.
Na década de 70 acelera-se no município o processo de expansão capitalista, e Rondonópolis desenvolve o mais rápido processo de modernização do campo que se teve notícia no Centro Oeste, incrementando as atividades da soja, da pecuária e do comércio. Aqui o destaque é para a migração sulista.
Desde 1980, Rondonópolis transforma-se na maior e mais importante cidade do interior do Estado de Mato Grosso e em pólo político-econômico de 16 municípios sul-mato-grossenses que são responsáveis por cerca de 40% da produção de grãos do Estado: a soja, o milho, o arroz e o algodão. O recorde em produtividade foi e é resultado do incremento de investimentos em pesquisa e em tecnologia, efetuadas pela Fundação Mato Grosso, Aprosmat e Embrapa.
Na década de 90 o município passa a ser conhecido como “Capital do Agronegócio”, e hoje é considerado o maior pólo graneleiro e “Capital Nacional do Bitrem”.
Rondonópolis ocupa hoje o segundo lugar em arrecadação do estado e a sua participação industrial chega a representar 38%. O parque industrial local é o maior de Mato Grosso, o segundo maior esmagador nacional de soja, com destaque para a projeção de um crescente “Pólo Têxtil”. Nos distritos industriais e áreas próximas à cidade estão instaladas indústrias de porte e renome: ADM, Cargill, Bunge, Cervejaria Petrópolis (produz a cerveja Crystal), Nortox, Santana Têxtil, Adubos Trevo, frigoríficos e outras.
O setor que mais emprega ainda é o comercial, com 12.512 postos de trabalho, representando 32% do total – o comércio soma, aproximadamente, 9.543 empresas e profissionais liberais. Na sequência aparece a indústria com 23%, os serviços (11.510 postos – 30%), a administração pública (2.959 – 8%) e a agricultura (2.926 – 8%).
O Produto Interno Bruto (PIB) de Rondonópolis (IBGE, ano 2005) é da ordem de R$ 2.310 bilhões e sua renda per capita é de R$ 13.849,00; enquanto isso as exportações do município embora tenham caído 19,8% nos sete primeiros meses de 2009 (em relação ao mesmo período de 2008), mesmo assim ele se impõe como o maior exportador e maior importador do estado de Mato Grosso.
Perfil demográfico
Seguem dados que caracterizam o perfil demográfico local (Fontes: IBGE e Dossiê Rondonópolis 2008, com dados de Rondonópolis do ano de 2007). Os dados refletem e traduzem o perfil da estrutura social da cidade e dos moradores do município.
Do total de 180 mil habitantes, 95% mora na área urbana e 4,5% reside na zona rural; existem 51.843 domicílios, atendidos com rede elétrica, água (98%) e  esgoto (30%).
Quanto à população há quase um empate técnico em relação à presença de homens e de mulheres; a principal faixa etária está entre os 15 e 29 anos, 52% dos residentes procedem do estado de Mato Grosso; em média nascem 9,2 crianças e morrem 2,7 pessoas.
Rondonópolis possui o terceiro colégio eleitoral do estado com 119.398 eleitores, sendo a maioria do sexo feminino; a maior parte da população recebe em até dois salários mínimos; 17% das famílias são chefiadas por mulheres; 10% dos responsáveis pela família têm curso universitário e outros 31 % tem o segundo grau ou universitário incompleto; 60.360 alunos estão matriculados nas mais diferentes instituições de ensino; 65% da população é formada por católicos; 739 casais celebraram o casamento enquanto  outros 362 se separaram.
Do total da população inativa 23% são crianças e 8% são aposentados, enquanto isso 58% dos moradores estão na ativa trabalhando e 11% se encontram desempregados. As áreas rurais exploradas somam 402.710 ha para um total de  2.584 proprietários,  sendo que apenas 67 deles detém a 178.880 ha, ou seja as grandes propriedades estão nas mãos de poucos.
Em relação ao índice que avalia o Desenvolvimento Humano a partir do emprego e renda, a saúde e a educação (IFDM – dados 2006), mostra que Rondonópolis tem um IFDM considerado moderado (0,6685), sendo o 27º melhor do Estado e 1.583º do Brasil. Segundo este estudo, a área que mais precisa ser melhorada na cidade é a de emprego e renda, cujo índice obtido foi de apenas 0,5106.
PARABÉNS
Neste dia de aniversário de emancipação do município, auguramos que o Poder Público dessa e das próximas gestões avancem com projetos continuados, que executem políticas públicas que permitiam novas oportunidades de crescimento e desenvolvimento – Políticas que provoquem a geração de empregos e a desconcentração de rendas, que redimensionem o crescimento espacial de Rondonópolis no intento de recuperar o meio ambiente e a qualidade de vida dos moradores. Afinal, todos nós merecemos uma Rondonópolis humana e mais feliz!
(*) Luci Léa Lopes Martins Tesoro, Doutora em História Social pela USP e autora do livro “Rondonópolis-MT: um entroncamento de mão única”.
[email protected]

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