A hora de ressocializar

A iniciativa da direção da penitenciária da Mata Grande e do juiz da vara de execuções penais,Wladymir Perri, em realizar a IV Semana de Ressocialização é extremamente válida. Pois, apesar dos discursos de muitos que afirmam que não há qualquer tipo de preconceito com relação a quem está ou esteve em uma penitenciária, a realidade no dia-a-dia é bastante diferente. Há sim, em quase todos os setores da sociedade muito preconceito relacionado à essa questão. Basta ver a dificuldade que grande parte das pessoas que saíram da cadeia tem em arrumar um posto de trabalho. O empresariado dificilmente aceitar um ex-detento em seu estabelecimento, basta lembrar que o passado conta muito na hora de contratar. Por um lado é fato que muitos destes ex-detentos realmente voltam do período que ficaram presos com o propósito de ser reintegrado à sociedade e de buscar um emprego, uma melhor relação com a família, enfim uma vida mais digna. O problema é que há, por outro lado, uma minoria que sai do presídio e resolve voltar ao mundo do crime e sem qualquer compromisso em retornar à sociedade, essa minoria acaba fazendo com que maioria pague a conta e no fim acaba de quebra pagando também com o preconceito.
O histórico de mortes e violências em penitenciárias, como a Mata Grande, ajuda também aumentar e muito o preconceito nos demais setores da sociedade. Nesta década foram chacinas e mais de uma dezena de mortes violentas dentro da Mata Grande, o local por um tempo virou sinônimo de barbárie.
Talvez com esse tipo de atividade programada pela Justiça com a direção da Mata Grande, o detento, principalmente o ex-detento, possa ser visto pela sociedade com outros olhos. No caso, estas pessoas passam a ser encaradas por todos como seres humanos que erraram e pagaram por seus atos. Mais próximo da sociedade, o detento passa a ser melhor entendido pelos demais setores e mais respeitados também. O próprio juiz da vara de execuções penais reconheceu publicamente que o preconceito ainda é um grande inimigo para a ressocialização total de quem está em presídio. O que está claro também é que essa não será a solução para todos os problemas de detentos e ex-detentos, mas com certeza é uma tentativa muito válida.