
Como mostrou reportagem da edição de ontem (15) do A TRIBUNA, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) aprovou esta semana uma Declaração de Situação Crítica de Escassez Quantitativa dos Recursos Hídricos na Região Hidrográfica do Paraguai, da qual faz parte o nosso Rio Vermelho.
Apesar de a situação não ser motivo para pânico com relação ao desabastecimento em Rondonópolis, uma vez que o Sanear garante que a cidade tem estrutura para evitar que falte água para o consumo da população, não deixa de ser um alerta.
Segundo a ANA, a situação crítica foi declarada porque o nível d’água do rio Paraguai, em abril deste ano, atingiu o pior valor histórico observado em algumas estações de monitoramento ao longo de sua calha principal, sendo que o cenário de escassez ocorre desde o início deste ano na Região Hidrográfica do Paraguai.
Além disso, a condição desfavorável nessa região pode resultar em impactos aos usos da água, sobretudo em captações para abastecimento de água. Isso também vale para navegação; aproveitamentos hidrelétricos a fio d’água (neles as vazões que chegam são praticamente iguais às que saem dos reservatórios); além de atividades de pesca, turismo e lazer. Enfim, são vários os prejuízos que podem ocorrer em função da escassez hídrica que podem afetar inúmeros municípios não só de Mato Grosso.
Vale ressaltar que a bacia do Paraguai é uma das maiores do mundo e abastece, justamente, o Pantanal, a maior planície alagada do planeta. E é ela que vem sendo atingida por períodos de seca atípicos que se tornam cada dia mais comuns, sendo impactada negativamente.
Essa condição não pode ser mais ignorada, pois em um futuro próximo a situação pode se agravar. Também serve como mais um alerta para a crise com as mudanças climáticas enfrentada no Brasil.
Só nos últimos anos vários eventos chamam a atenção como agora as enchentes no Sul, que, inclusive, vive uma das piores tragédias já registradas no país; como também a seca na região da Amazônia, que no ano passado praticamente deixou leitos de rios secos, e a seca e incêndios no próprio Pantanal, que em 2020 e 2021 foi terrivelmente impactado. Sem falar nas ondas de calor que assolaram o país em 2023 e neste ano.
O que se espera é que governos e população possam compreender a gravidade das alterações climáticas e realmente passem a adotar medidas que contenham o aquecimento global, sob pena de tragédias e desastres ambientais continuarem a ocorrer.