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Um muro que influenciou sua vida

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12/11/2019 – Nº 560 – Ano 13

 

Imagine você acordar pela manhã e perceber que um muro foi construído na madrugada, em frente a sua casa, dividindo sua cidade ao meio, separando você de seus amigos, parentes e colegas por longas e nebulosas três décadas. Sim, essa foi a realidade de muitos alemães no alvorecer do dia 13 de agosto de 1961. O mundo nunca mais seria o mesmo depois disso.

Há muitos muros históricos na nossa civilização, a começar pela muralha da China, cuja construção das primeiras muralhas isoladas começou ainda no século VII a.C., mas, talvez poucos muros sejam tão emblemáticos e representaram tanto sobre uma fase do mundo moderno, com consequências indeléveis ainda na atualidade, como o Muro de Berlim.

É certamente um dos principais referenciais físicos da guerra fria. Foi uma barreira construída pela República Democrática Alemã (Alemanha Oriental – socialista), que circundava toda a Berlim Ocidental – capitalista, separando as duas Alemanhas, incluindo Berlim Oriental, por quase 30 anos (de 1961 a 1989).

Para entender a relevância desse muro, precisamos entender um pouco da Guerra Fria em si, que foi uma disputa pela superioridade mundial entre Estados Unidos e União Soviética logo após a 2ª Guerra Mundial, principalmente nas áreas econômica, diplomática e ideológica, buscando ampliar as respectivas zonas de influência.

Na prática, o principal motivo da construção do muro pela Alemanha socialista (controlada pela União Soviética) era para acabar com a fuga de pessoas para o lado capitalista (controlado pelos Estados Unidos, Reino Unido e França), algo que alarmava as autoridades desde 1958, composto principalmente de médicos, professores e engenheiros. Algo preocupante e altamente estratégico para uma disputa tecnológica e desenvolvimentista como era o caso da guerra fria.

Contudo, sobre a construção e a queda do muro duas curiosidades em particular precisam ser consideradas. Uma delas é que embora a CIA (Agência Central de Inteligência) e o Comitê Conjunto de Inteligência Britânico vinham levantando sinais do possível movimento nesse sentido desde 1957 e 1959, os Soviéticos, com um plano ultrassecreto, surpreenderam a todos com a astúcia e a rapidez com que a estrutura física foi erguida.

A segunda é que quase trinta anos depois, já em novembro de 1989, o mundo, de um modo geral foi pego novamente de surpresa com a abertura e consequente queda do muro. Nem mesmo a CIA previu isso com a antecedência necessária, o que permitiria posicionamentos estratégicos distintos.

O mundo ficou boquiaberto quando pacificamente as barreiras foram sendo destruídas e a circulação passou a ser livre. Representou o colapso definitivo do socialismo sob a liderança da extinta União Soviética. Foi um marco político e econômico para a civilização moderna.

Contudo, vale lembrar que a reunificação só ocorreu formalmente quase um ano depois, em outubro de 1990, quando a República Democrática Alemã (RDA) foi dissolvida e todo seu território passou a fazer parte da República Federal da Alemanha.

No sábado passado, dia 9 de novembro, foram comemorados os 30 anos da queda do muro. Um dia cheio de significados não apenas para os alemães, mas para o mundo inteiro. Principalmente para todos aqueles que reconhecem algum tipo de interesse pelo contexto histórico e principalmente pelas influências políticas oriundas e também decorrentes desse fato.

Nada disso pode ser ignorado. Tanto a construção do que se chamava de “muro da vergonha”, como a sua queda. Muitos aspectos mudaram no mundo após esse fato. Talvez um dos mais proeminentes seja exatamente a globalização. Num sentido amplo e não apenas econômico.

O muro caiu, e a Alemanha virou um só país em 1990, mas até hoje, sente os efeitos da reunificação. Houve um processo de distanciamento enorme e obviamente muitas feridas se desenvolveram no período da separação. A cura após a unificação e o renascimento de uma nova nação sempre levam mais tempo.

Os alemães têm se esforçado para que suas tragédias ou destemperos do passado não sejam esquecidas e não se repitam, servindo de lição para si e para os demais. Não podemos negar que pela decisiva importância econômica e política que reputam do mundo, têm logrado êxito exemplar.

Creio que o jargão popular de que devemos sempre construir pontes ao invés de paredes, ou muros, nesse caso, nunca foi tão atual e necessária.

Até a próxima.

(*) Eleri Hamer escreve esta coluna às terças-feiras. É professor, workshopper e palestrante – [email protected]. Originalmente publicado no Jornal A Tribuna – www.atribunamt.com.br

 

 

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