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, 16 maio 2024
 
 

Inglês à la Obama

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Jerry Mill de paleto - 10-04-13

O sonho de consumo de muita gente espalhada pelo mundo, inclusive no Brasil e nos States, é ter o seu domínio da língua inglesa o mais próximo possível daquele que é peculiar ao 44º presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Professores e estudantes de inglês como primeira ou segunda língua o idolatram pelo seu carisma, seus discursos e suas evidentes boas intenções, enquanto que aqueles que têm o inglês como língua estrangeira o amam ou odeiam por sua posição, suas crenças e suas convicções, mas principalmente pelo homem e pelo mito que ele se tornou. É a dialética da vida.
Uma das pessoas mais admiradas nos EUA em 2015, Barack Hussein Obama II (nascido no dia 4 de agosto de 1961, em Honolulu, Havaí), entrou para a história por ser o primeiro afro-americano a ser eleito presidente da nação mais poderosa do planeta nas últimas décadas e seu bom humor característico. Senador por Illinois, o democrata foi eleito em 4 de novembro de 2008 e empossado em 20 de janeiro de 2009. Precedido pelo canastrão e estabanado George Walker Bush, ele teve o senador por Delaware Joe Biden como seu vice (o 47º na história americana) nos seus dois mandatos, sendo que o seu segundo term se encerra este ano.
Advogado formado em Harvard e professor de direito constitucional (casado com a advogada, escritora e ainda primeira-dama Michelle LaVaughn Robinson Obama, com quem teve as filhas Malia e Natasha), o autor de The Audacity of Hope (2006) e Of Thee I Sing (2010), para surpresa dele próprio, na época, recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2009, “pelos extraordinários esforços com vista a reforçar a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos”, segundo o Comitê do Prêmio. Fruto do positivismo americano, seu mantra e slogan de campanha (Yes, we can!) expressa fielmente o forte desejo de que, mesmo nos tempos de crise financeira e econômica, a identidade americana pudesse permanecer intacta em meio aos êxitos e apesar dos fracassos advindos de suas eventuais (in)decisões.
Na área da linguagem, que é o que nos interessa aqui, sua fluidez discursiva e sua flexibilidade linguística são explícitas, bem como a sua tendência a evitar a pomposidade e a prolixidade na hora de falar de improviso. Mesmo em meio a aplausos, seu inglês se mantém direto e objetivo, sem desvios, desleixo e enrolações. Suas escolhas, cacoetes e repetições, em vez de macular, ressaltam a beleza e a simplicidade da língua inglesa, ao mesmo tempo em que agrada as massas, pois Obama, ao longo de sua vida pública, fez a sua lição de casa e aprendeu a falar a língua do povo, polindo incansavelmente as suas habilidades comunicativas com o intento de tocar a alma americana com palavras calibradas e lapidadas com esmero, pausas intencionais e um tom honesto, caloroso e, quase sempre, comovente.
Ciente de que as palavras podem mudar a história e a vida pessoal e da coletividade, seu estilo é perceptível nos muitos discursos poderosos, de cunho professoral e tom ecumênico, que estão disponíveis no Youtube e no site oficial da Casa Branca, evidenciando a sua perspicácia linguística ao emitir o seu característico sotaque de Chicago e a informalidade ou coloquialismo do chamado Black English (ou Ebonics). Para seus fãs, exagerados ou não, seus discursos são aulas de retórica, em que é possível perceber que sua voz, timbre, dicção, tonalidade e cadência, por exemplo, não são apenas obra e arte de uma equipe de marketing eleitoral. Obama é o que ele fala!
Depois das inevitáveis eleições presidenciais, em novembro, a família Obama vai definitivamente começar a se preparar para deixar as dependências que circundam o Salão Oval no número 1600 da Pennsylvania Avenue, em Washington, Distrito de Colúmbia. Então, no dia 20 de janeiro de 2017, quando ele estará com 55 anos, Obama, a mulher e as filhas começarão uma nova etapa em suas vidas. Daí, com certeza, o grande orador, dotado de grande talento também para a escrita, certamente deixará em nos a saudade do seu discurso bem feito e bem pronunciado, de sentenças longas e tom intelectual, uma das muitas habilidades que devem ajudar a consagrar o seu nome nos livros de história.
Por fim, quem quer que venha a ser o seu sucessor (Hillary Clinton, Donald Trump ou algum azarão), ele (ou ela) por certo terá um maior grau de cobrança e dificuldade para manter a tradicional qualidade linguística dos US Presidents, algo tão caro a figuras como Abraham Lincoln, John Kennedy e, claro, Barack Obama.

(*) Jerry Mill é mestre em Estudos de Linguagem (UFMT), membro da ARL (Academia Rondonopolitana de Letras), gestor do Clube da Língua (CL), parceiro e voluntário do Rotary Club de Rondonópolis

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