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A violência urbana

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Getulio miranda - opiniao - 04-12-13

Mata-se da mesma forma com que se exterminam baratas. E seguimos assistindo, entre perplexos e horrorizados, uma violência imensa e crescente contra inocentes e vulneráveis seres humanos. A filósofa Hannah Arendt nos alertou para o fato de que “por trás de todo o mal existem pessoas banais escondidas em seus gabinetes. Frisou que o mal carrega em si o potencial de se espalhar como um fungo e que isso só acontece por causa da incapacidade das pessoas pensarem sobre o que está ocorrendo de fato. Sobre o que elas e seus pares estão fazendo de verdade”.
O que vemos hoje é a institucionalização do mal, democraticamente distribuído entre os poderes constituídos e absolutamente mergulhado em um sistema político que promove a violência e a coerção – que são aceitas como “parte integrante” do processo civilizatório. Por isso, é urgente que, neste processo de naturalização da sociedade e de artificialização da natureza, a coletividade reencontre o criativo olhar para si e para o mundo, de uma maneira dinâmica e dialética. Propondo-se a dissolver tanto mal e tornar a violência um dos atos finais do intolerável clima de cumplicidade que impera nesta sociedade selvagem e indiferente. Que os bons parem de fazer a cômoda moderação perante o barulho dos maus! degradação humana, filtrada por oportunistas critérios de classe – que tantas vezes apontam para a responsabilidade da miséria e do crime ‘que descem a favela’, fechando os olhos para os motivos que fizeram a miséria e a favela existirem – é ainda revertida como sucesso de público para o espetáculo humano que, à moda de uma tragédia grega, é mostrado pelos canais de TV ao vivo e em cores, alcançando uma plateia anestesiada e incapaz de articular causas e consequências.
Em outras palavras: cada vez que uma cena de violência é exaustivamente apresentada na televisão, por exemplo, nosso psiquismo a captura com o mesmo impacto. Todas as vezes – e como se fosse a primeira vez. Isso traz repercussões psíquicas.
Podemos nos tornar fóbicos, neuróticos, delirantes ou, simplesmente, alienados. E, então, matar torna-se banal. O pai que mata a filha. O vizinho que mata o síndico. A mãe que mata o marido. O policial que mata o suspeito. O filho que mata a avó. O operário que mata o supervisor. O assaltante que mata a vítima. O patrão que mata a empregado… E por que ficamos tão reduzidos em nossa capacidade crítica frente a claros e flagrantes exemplos de violência e injustiça? Fica aí a reflexão para todas as pessoas de bem que já não suportam mais esta realidade.

(*) Getúlio Miranda Barbosa Jr é estudante do 2º semestre de Direito

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