Depois de uma noite chuvosa
Com relâmpago e trovão
Levantei-me e abri a porta
Caminhei até o portão.
No corpo um belo pijama
Traje único de dormir
Na calçada poças de lama
Que a enxurrada deixara ali.
A tempestade foi mediana
Tive tempo de perceber
Acompanhei tudo da minha cama
Até que voltasse adormecer.
Soprava forte minha janela
Quebrou algumas árvores da rua
Bateu o sino da capela
Deixou a madrugada sem lua.
Interrompeu minha energia
Apagando a luz da cidade
Semeando vento e chuva fria
Que não chega ser novidade.
Porém o que me chamou atenção
Foi ver uma folha gigante
Cobrindo uma parte do chão
Sem a metade restante.
Passei a olhar em seu detalhe
Sei que havia sido arrastada
Com violência assim não vale.
Deixei prostrada sobre a calçada
Portanto não removi
Ficara aquela folha caída
A espera de um gari.
Que mais tarde foi recolhida
Nem sei qual foi seu destino
Tal qual espécie pertencia
Mas guardo na mente e imagino
Nessa imagem daquele dia.
(*) Francisco Assis Silva é bombeiro militar – Email: [email protected]