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Rondonópolis
, 21 maio 2024
 
 

Professor não pode dar a outra face

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O professor brasileiro não pode oferecer a outra face, porque já sofre demais. Faz todos os sacrifícios necessários para a Educação acontecer, em todos os cantos desse país tropical. Apesar das cicatrizes da represália e das feridas abertas pela falta de condições de trabalho, pela violência nas escolas e pela baixa remuneração; os educadores se destacam como exemplo de vida, pela dedicação, determinação e profissionalismo com que atuam no ensino, desde a alfabetização até a graduação. São todos mestres na arte de fazer a transformação da vida, sempre para melhor.
Nenhum educador pode oferecer a outra face porque, apesar de ostentar o mais sublime título na esfera das profissões, não recebe o reconhecimento e a valorização merecidos. Aqueles que chegaram aos altos patamares dos cargos políticos, graças à dedicação dos abnegados professores, parecem ignorar o valor de quem dedica uma vida inteira à missão de ensinar as primeiras lições para as crianças, conduzir os adolescentes rumo aos projetos profissionais e formar os jovens e adultos que chegam às universidades.
Um mestre não pode oferecer a outra face porque já enfrentou uma diversidade de problemas ao longo do caminho imenso até conquistar o título que lhe faz tão melhor aprimorado e igualmente ansioso pela valorização, o reconhecimento, o respeito e um salário mais justo. Aos mestres também falta o olhar da gratidão, o soldo da dignidade e da justiça. Muitos só contam com a cabeça cheia de conhecimento e as pernas já cansadas do caminhar.
Sejamos coerentes e sensatos, o professor não pode oferecer a outra face porque já sofre demais. Eles são sempre obrigados a irem para as ruas, engrossar o cordão das manifestações por melhorias salariais, direito à saúde, à mesa farta e à liberdade de expressão. E continuam vivendo no sacrifício. A maioria atravessa o mês com um orçamento apertado e enfrenta sol e chuva para chegar às escolas. Lá, geralmente faltam recursos para desenvolver o ensino-aprendizagem e o respeito dos alunos. Alguns deles levam entre o material escolar a agressividade, o desinteresse e muito pouco de boas maneiras.
Mas, o exemplo de vida (de dedicação e profissionalismo) de cada educador nos mostra o caminho a seguir, em prol de uma conduta mais humana, relações respeitosas e convivências solidárias. Os educadores nos ensinam somar valores e bons sentimentos, dividir perdas e dores, multiplicar sonhos e diminuir a ignorância. Com as letras, aprendemos também a formar novas expectativas de vida, criar ideais e contextualizar a esperança de que novos tempos devem acontecer cheios de conquistas e vitórias.
Ainda me lembro da loira bonita que teve a missão de me ensinar o be-a-bá, pelo privilégio de nascer filha do juiz da cidadezinha, no interior das Minas Gerais. Sou grata até agora pela professora Ana Maria que me ajudou a soletrar as primeiras palavras, na periferia paulistana. Como meus pais nordestinos se mudavam? Essas, provavelmente, não estão mais nesse plano. Reservo-lhes o respeito, em memória.
Meus aplausos são para todos aqueles que estão por aqui, lutando cada um à sua maneira, para que a Educação aconteça de fato. Minha homenagem é para Maria Mazarelo que ensina esperança no bairro João de Barro, o Zorobabel que dá o exemplo ambiental no Jardim das Flores, Adriana Jáscia que desperta o pensar, Sheila Maciel que ajuda a sonhar, Miguel Espinoza que faz refletir e Maraísa que revela os falares.
Parabenizo Marilda Rufino pela condução das políticas de ensino, Paulo Isaac pela visão social, Elza Marcus pelo refazer da história, Wilse pela dedicação e a professora Rose que faz solidariedade no Parque São Jorge. Abraço Marcelo Mecena por apontar o caminho e rendo homenagem sem limite ao saudoso Giovanni Gomes Moreira.
Que se reserve a outra face para avançar na luta pela valorização do professor e prioridade para a Educação. Parabéns aos homens e mulheres que fazem dessa comunidade um povo mais consciente e capaz.

(*) Coracy Lima é jornalista em Rondonópolis

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  1. Só se faz um país grande e forte somente através da educação, com senso crítico, respeito, onde as idéias prevalecem, com direitos e obrigações e isso somente adquerimos através dessa leva notável de educadores desde o jardim de infância às mais altas graduações do conhecimento humano. Aos mestres o nosso carinho e admiração pelo apego de transmitir conhecimento, de abrir caminhos em meio a tantos atropelos e desafios que a vida oferece, muitas vezes são praticamente intransponíveis, mas mesmo assim seguem em frente, cujo sacerdócio é sagrado e que se encontra num pedestal elevado, de modo que, muitas pessoas não compreendem e não querem entender, para que lhe seja dado o devido valor com todos os méritos.

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