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, 16 maio 2024
 
 

Famílias em conflito

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noSegundo João Paulo II (Familiaris Consortio, 42) “A família possui vínculos vitais e orgânicos com a sociedade e constitui o seu fundamento: da família saem, de fato, os cidadãos e na família encontram a primeira escola daquelas virtudes sociais, que são a alma da vida e do desenvolvimento da mesma sociedade”.
SOLO FÉRTIL – Pode-se dizer que as famílias são canteiros onde brotam as sementes dos verdadeiros valores humanos e cristãos. Ali os filhos são como as plantas que crescerão a partir das próprias raízes, tronco, galhos e folhas e que a seu tempo deverão produzir frutos na proporção em que os pais e educadores jardineiros lhes ofereçam as condições devidas.
A certeza é que, os humanos como as plantas crescem em solo fértil e favorável, em ambiente propício à aceitação, não em atmosfera de rejeição. Sabe-se que a família enquanto sacrário da vida representa a manutenção desse jardim aconchegante de edificação, sedimentado pelo carinho, pelo amor e pelo respeito.
CRISE E VIOLÊNCIA – Todavia, ao longo das últimas décadas, as relações familiares, o casamento, o lar tornaram-se cada vez mais vulneráveis aos desequilíbrios e, portanto propícios à desarmonia e à desestruturação. Em contrapartida, o desamor, a intolerância, o individualismo, o egoísmo, o apelo ao consumo e ao prazer a qualquer preço tem sido a tônica da estrutura da sociedade pós-moderna, valores que tem gerado a crise familiar e os desdobramentos da cultura de morte.
O fato é que hoje a família está em baixa e a violência em alta. Todavia, os crimes, o vandalismo, o consumo e tráfico de drogas extrapolam a órbita marginal das favelas e da periferia das grandes cidades. O crime transita também pelos bares da moda, condomínios fechados, inclui filhinhos de papai que estudam em colégios classe média alta, que não se privam de regulares viagens ao exterior.
Ou seja, famílias aparentemente bem estruturadas podem abrigar pessoas com sérios problemas emocionais e comportamentais. Quanto aos delitos e desvios ali presentes estes são germinados, sobretudo, no terreno fértil da omissão dos pais, da falência da autoridade familiar, da permissividade, da falta de companheirismo e compromisso com o outro, da infidelidade entre os cônjuges, do desleixo na prioridade dos valores espirituais e do bombardeio de setores da mídia que se empenham em apagar qualquer vestígio de valores.
ORFANDADE ÉTICA – G.J. Ballone (A Família, Crise de Valores e Violência) afirma que através da mídia, o cidadão normal vê em sua televisão, no cinema, na Internet ou nas revistas, tudo aquilo que poderia usufruir e a “vida lhe nega”, ele então se frustra ante o concreto e o virtual. Se os princípios éticos da pessoa não estiverem bem arraigados desde o berço, poderão levá-la a optar por “meios eminentemente pragmáticos e aéticos” para conseguir o que de fato almeja.
Enquanto isso fica evidente o aumento da criminalidade, do tráfico de drogas, dos assaltos e sequestros, da corrupção, que privilegia os mais eficientes e rápidos meios para a aquisição dos acalentados sonhos de consumo que o prazer pode comprar: a realização pura e simples desses crimes põe em xeque a orfandade de princípios éticos que acomete um considerável número de cidadãos brasileiros. Mas a explicação é simples, em primeiro lugar há a certeza da impunidade e das leis brandas de uma justiça lenta, de outro lado talvez porque haja interesse ao mercado de consumo que as pessoas não pensem tanto, apenas consumam…
A verdade é que certos modismos presentes na educação dão aval às crianças adolescentes e jovens de poder fazer o que quiserem. Tais psicologismos têm levado ao exercício da liberdade isenta de qualquer tipo de responsabilidade, que tem gerado a falta de respeito em relação a si mesmo e a seu semelhante. Então, deu no que deu: uma estrutura social alicerçada na inversão das instituições e dos valores.
DESFRUTAMENTO FAMILIAR – Sobre isso o papa João Paulo II (Carta às Famílias, 1994) salienta que o contexto da atual civilização está marcado pelo “desfrutamento”, onde cada vez mais a mulher tornar-se um objeto para o homem, o filho é considerado um obstáculo para os pais, e a família transforma-se em uma instituição que atrapalha a liberdade dos membros que a compõem.
Com certeza, a dissolução da célula familiar está deixando uma multidão de vítimas indefesas, confusas e perdidas diante da realidade de um mundo sem rumo certo.
Assim, em nome da liberdade do direito de escolha proliferam direitos sexuais espúrios que provocam o aumento do número de divórcios, da deserção e da coabitação, de doenças sexualmente transmissíveis, de adolescentes que engravidam, e dos crimes de abortos, de infanticídio e de eutanásia.
Ao mesmo tempo a televisão dá ênfase aos relacionamentos passageiros, à coisificação do amor e às cenas de sexo explícito, como sendo indispensáveis passaportes para a modernidade.
Já “o liberou geral” dos usos e costumes da sociedade atual tem levado ao abuso do álcool, do consumo de drogas proibidas e da violência que este fenômeno gera.
ESTADO OMISSO – O mais curioso é que diante de dados tão contundentes, em nenhum momento a instituição social se pronuncia ou faz campanhas sobre valores e preservação da dignidade da pessoa ou mesmo promove orientação que sugira responsabilidade no exercício da liberdade de comportamento. O Estado brasileiro apenas trata de oferecer gratuitamente preservativos e seringas descartáveis e de gastar milhões em internações hospitalares – e sob forte campanha de marketing, diga-se de passagem.
EDIFICAR NA RESPONSABILIDADE – Quanto a presença da TV, Internet, outros equipamentos virtuais cibernéticos e as demais interações com a mídia, todas são formas lícitas de entretenimento, entretanto nem tudo é necessariamente proveitoso ou edificante. Por isso prevalece a máxima bíblica que diz:  “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam” (1CO, 10:23).
Portanto, muito além da estrutura familiar, as atitudes de seus membros são determinantes para o bem estar geral: atitudes que contribuem para relações mais harmoniosas, que resultam em maior tolerância e compreensão na tentativa de construção ou reconstrução da família. “Mais do que tudo, há que se buscar e apresentar valores e princípios que ajudem os filhos a serem livres, responsáveis, de modo que eles se abram ao dom da fé e a ele correspondam com convicções brotadas de uma experiência pessoal com Deus”.

(*) Luci Léa Lopes Martins Tesoro, doutora em História Social pela USP e participante da Paróquia Bom Pastor

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