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Rondonópolis
, 17 maio 2024
 
 

Orgulho pelo trabalho social feito como rotariano

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A série de entrevistas com pioneiros de Rondonópolis segue nesta edição com o relato emocionante do dentista, rotariano e maçom dedicado às causas sociais, Nabil Nahsan. Ele retrata o desenvolvimento social da cidade com o relato das muitas ações desenvolvidas pelo Rotary Club, ao longo da sua trajetória de trabalho na ajuda ao próximo. Nabil conquistou reconhecimento e homenagens pela atuação como fundador e diretor do Lar dos Idosos Paul Percis Harris, durante 27 anos. O amor por Rondonópolis foi à primeira vista e Nabil continua apostando que “ninguém segura o desenvolvimento da cidade” que foi acolhedora com ele, quando chegou cheio de sonhos, em 1974.


Nabil Nahsan não se considera pioneiro e, sim, alguém que se integrou à cidade já promissora – Foto: Deivid Rodrigues
Foto: Arquivo de Família

O trabalho social desenvolvido dentro das propostas de ajuda ao próximo do Rotary Internacional e da Maçonaria marcam a trajetória do dentista Nabil Nahsan, de 74 anos, que desembarcou em Rondonópolis em 1974, trazendo na bagagem uma certa experiência profissional e o sonho de desenvolver a carreira, constituir família na cidade próspera e se integrar à sociedade local. Antes de chegar aqui, o dentista trabalhou no Projeto Rondon e também em clínica odontológica. No primeiro momento foi difícil ficar longe da então namorada Elza (hoje esposa), que conheceu na faculdade.
Nabil lembra com saudosismo que alugou espaço para montar o consultório, em 1974, na Rua Fernando Correa da Costa – via de paralelepípedo – logo depois de um barzinho na esquina com a Avenida Amazonas, que depois deu lugar ao antigo Galpão. Mas, não chegou nem começar a trabalhar. A saudade da namorada era mais forte que o sonho profissional.

O jovem nascido no Líbano e trazido para o Brasil com 7 anos, retornou para a cidade de Pirajuí, no interior de São Paulo, e permaneceu algum tempo trabalhando em algumas cidades paulistas. Mas mantinha na mente o encantamento por Rondonópolis que ainda era menina e contava com poucos recursos, principalmente na área de comunicação. Esse encantamento o trouxe de volta.
Nabil voltou e se estabeleceu na Fernando Correa. Depois a noiva Elza veio para conhecer a cidade. Em 1975 eles se casaram e adotaram de vez a cidade de Rondonópolis. Ele foi o 9º dentista a se estabelecer na cidade e um dos fundadores da Associação de Odontologia do Município. Elza Nahsan foi a 10ª profissional local e continua atuando na área pública e privada.

O casamento com a colega de profissão, Elza Nahsan, garantiu a permanência de Nabil em Rondonópolis – Foto: Arquivo de Família

Já aposentado, Nabil lembra que no começo era difícil conseguir comprar o material utilizado para fazer os tratamentos odontológicos. Os cursos da área tambémsó aconteciam nos grandes centros. Algumas coisas que não existiam na cidade ele trouxe, como o fotopolimerizável (material para restauração da cor do dente). Tinha que pedir do Rio de Janeiro e o aparelho para fazer a restauração era grande. Hoje, é como uma pequena caneta que alcança todos os dentes. Ele conta com orgulho que algumas crianças que atendeu no consultório optaram pela odontologia e hoje “são excelentes profissionais”.
Comunicação falha
Dentre as dificuldades estruturais daquela época, Nabil lembra que não era possível fazer uma ligação telefônica interurbana, a partir de Rondonópolis. Ele conta que precisava viajar até Cuiabá e esperar cinco a seis horas para obter o auxílio de uma telefonista e conseguir falar com os familiares no interior paulista. Algumas vezes a espera era em vão, porque não conseguiam concluir a ligação. “Era mais fácil ir até lá, visitar a família, que conseguir telefonar. O que eu mais sentia era a falta de comunicação. Televisão nem pegava”, conta.
Mas, sempre que voltada ao Estado de São Paulo para as visitas à família, Nabil conta que ouvia os diversos questionamentos das pessoas que queriam saber se ele via onças pelas ruas da cidade e se haviam índios em Rondonópolis. Ele lembra que respondia falando sobre o desenvolvimento da cidade que, naquela época, devia ter de 60 a 70 mil habitantes. “Eu não vou deixar, jamais, ninguém falar mal de Rondonópolis”, alerta.
Nabil, que não se considera pioneiro, avalia que, aos poucos, ele e a mulher Elza foram se integrando à sociedade, sem a mínima pretensão de enriquecer. “Nós crescemos, mas nunca procurei fortuna. Nossa maior fortuna são os filhos. Tenho orgulho do que eles são”, destaca. O casal teve dois filhos – o professor de Direito Gustavo, que mora em Cuiabá e já lhes deu um casal de netos (João Gustavo e Alice), e a odontóloga Flávia, que resolveu seguir o caminho profissional dos pais e também é professora universitária.
Algumas propostas poderiam ter desviado Nabil da carreira que abraçou por amor. Ele conta que foi convidado para ser professor e locutor de rádio, nos primeiros anos que viveu aqui. Mas, não aceitou. “Eu queria me dedicar a minha carreira”, comenta. Algum tempo depois, o dentista se dividiu entre o consultório em Rondonópolis e outro junto às Plantações Michellin, no distrito de Ouro Branco, em Itiquira. Por 27 anos, ele trabalhava de segunda a quinta-feira no consultório e, sexta e sábado no atendimento dos operários da Michellin. “Foi uma experiência de vida muito boa”, avalia.
Exemplo profissional
Dentre os profissionais que já atuavam em Rondonópolis, quando ele chegou aqui, Nabil destaca Vitor Hugo dos Santos que, considera competente. Mas, conta também que, haviam muitos práticos exercendo o papel de dentista. “Ainda existem alguns. Mas, naquela época eram muitos”, conta.
O orgulho profissional que guarda consigo, conta Nabil, é o de nunca ter deixado de aliviar a dor de quem o procurava em busca de tratamento, independente do fato da pessoa ter dinheiro ou não, para pagar pelo serviço.
Trabalho Social
Desinteressado em obter qualquer reconhecimento, Nabil Nahsan dedicou boa parte da vida em Rondonópolis, ao trabalho social. Ele lembra que a primeira coisa que ajudou a fazer em prol dos menos favorecidos foi a instalação da Casa do Menor, idealizada pelo empresário Elias Zaher, para dar assistência a crianças de famílias de baixa renda.
Depois foi convidado para ingressar na Loja Maçônica Estrela do Leste e, na mesma época, veio o convite para abrir o Rotary Club Leste, do qual é fundador. A missão de rotariano, revela Nabil, teve uma importância fundamental na sua trajetória. Um dos momentos marcantes foi o que presidiu a Conferência do Rotary – a convite do governador do Distrito 447, Elmo Santos Bertinetti. “Eu era o presidente, mas todos os rotarianos trabalharam. Foi uma das mais belas conferências que tivemos”, recorda.

Nabil Nahsan alugou prédio na Rua Fernando Correa da Costa para instalar o consultório. Imagem mostra como era a via na época – Foto: Arquivo de Família

Passado algum tempo, conta Nabil, surgiu entre os rotarianos a ideia de criar o Lar dos Idosos Paul Percis Harris. Foram feitas promoções, por iniciativa do Rotary Club, para arrecadação do recurso necessário, como o bingo que aconteceu no antigo estádio Luthero Lopes, na área ocupada agora pelo Atacadão, em frente à sede do Jornal A TRIBUNA. Nabil ajudou a fundar e dirigiu o lar por cerca de 27 anos. As lembranças do trabalho cotidiano e das diversas pessoas que passaram por ali, como o tetraplégico Manoel Juarez, deixam o ex-diretor emocionado.
Nabil lembra também que contribuiu com a iniciativa de criar a Festa do Chopp – evento que registrou inúmeras edições e conquistou a participação permanente do povo da cidade. Proposta que também ajudou a criar e manter o Lar dos Idosos.
Outra conquista de Rondonópolis que o Rotary trabalhou para obter, acrescenta Nabil, foi a construção do Fórum de Justiça que, antes funcionava de forma acanhada numa casa alugada, na Avenida Marechal Rondon. Ele conta que reuniram representantes do Rotary, do Lions Clube e das lojas maçônicas para irem até o Governo do Estado e ao Tribunal de Justiça, em Cuiabá, reivindicar a construção da sede do fórum. “Acabou saindo um belo prédio”, conta.
Nabil atuou vários anos como juiz auxiliar no Fórum de Rondonópolis. Essa e as muitas outras missões como rotariano lhe renderam o reconhecimento com o título de Cidadão Rondonopolitano, que é concedido pela Câmara de Vereadores de Rondonópolis e, também o título de Cidadão Mato-grossense, oferecido pela Assembleia Legislativa do Estado.
Personalidade do Ano
Nabil se sente orgulhoso por todo o reconhecimento. Mas, destaca que a homenagem que mais lhe emocionou, em toda vida, foi a conquista do título de “personalidade do ano”, por meio da eleição realizada pelo Jornal A TRIBUNA. “Essa é uma coisa que eu levo no coração – a emoção de abrir o jornal e ver lá – em destaque, “personalidade do ano”. Foi uma homenagem voltada para o trabalho no Lar dos Idosos”, fala emocionado. Só lamenta não ter um troféu relacionado ao título para guardar.
O trabalho junto ao Rotary Club e à Maçonaria foi a forma que Nabil encontrou de ajudar Rondonópolis. “Nunca fiz nada para ter reconhecimento. Os anos que passei no Lar dos Idosos só me trouxeram orgulho. Faço porque preciso. Essa é a minha forma de ajudar. Eu encontrei aqui uma cidade aberta para receber as pessoas; um povo comunicativo que recebia bem”, diz.
Logo que chegou em Rondonópolis, Nabil recebeu muitos convites para frequentar o Clube Lagoa Azul. Anos depois se tornou sócio do Caiçara Tênis Clube – comprou o título 119. Era lá que se reunia com os amigos que começou a colecionar na cidade. Na gestão do presidente Gastão de Matos, ele foi secretário na diretoria do clube.
Foi nessa época que criaram o tradicional Baile do Hawai. Nabil lembra que ficou empolgado com a bela decoração e, chegou a se sentir naqueles filmes do Elvis Presley no Hawai. Lançou mão da máquina fotográfica e se apressou para registrar tudo. Só depois observou que não havia aberto a tampa da lente da máquina. Portanto não fotografou nada.
Desenvolvimento
Rondonópolis, na opinião de Nabil, não tinha como deixar de crescer, com a localização privilegiada, num entrocamento que liga a todas as regiões do país. “O crescimento foi graças a esse povo que vem para trabalhar, para progredir. Eu só sinto que falta aprofundar mais aquele sentimento de amor pela cidade. Rondonópolis é Rondonópolis! Falta um pouco desse amor”, observa.
Apesar da falta de demonstração de amor, Nabil avalia que com o potencial que a cidade tem, “ninguém segura o crescimento de Rondonópolis”.

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