Transformar o lixo de casa em animais e vegetais que fazem parte da biodiversidade do Estado. Este é apenas um dos itens que compõem o Projeto “É bem Mato Grosso” desenvolvido pela Escola Municipal de Educação Infantil ‘Elaine Aparecida de Oliveira Lopes’ em Rondonópolis.
Os alunos constroem e convivem diariamente com onças de caixa de papelão, jacaré feito de caixa de ovos, tamanduá gigante comendo formiga, tucano de cabaça, macaco, seriema, ipês e o que a imaginação permitir. Quem entra na escola se depara com o zoológico e painéis enormes de papel pardo e muito tnt (espécie de tecido) com cola para dar o aspecto de verniz. A escola está toda decorada com trabalhos feitos pelos alunos sob a supervisão dos professores.
Além do divertimento, a aula de fauna e flora serve para que os pequenos conheçam o Estado em que vivem, com suas peculiaridades. A ideia de identificar onde as crianças vivem veio logo após os profissionais trabalharem a identidade dos pequenos, o que ocorreu no primeiro semestre deste ano. “Todo o trabalho feito na escola é explicado para as crianças que fazem a relação com o dia a dia. Trouxemos fotos dos animais, perguntamos se conheciam, onde tinham visto, assim também foi trabalhado o clima e daqui uns dias iremos inserir a economia de Rondonópolis e do Estado e os pontos turísticos”, explicou a coordenadora pedagógica da escola Mírian Alcalde Rezende.
Se as crianças gostaram de aprender construindo painéis e o pequeno zoológico? Adoraram. E além de identificarem as figuras ao dia a dia também sabem que as caixas, os rolos de papel higiênico, as garrafas pet e muita coisa que se joga fora podem ser reutilizadas. Com criatividade, tesoura, papel colorido, tinta e cola podem ser criadas maravilhas. Kauanne Oliveira, 5 anos, conta que ajudou a fazer os animais e os painéis. “Gostei foi do tucano que faz a gente ficar feliz porque é colorido”. O animal de bico amarelo e preto, em extinção, é uma das figuras do rol de entrada. Se ela conhece? Já viu, aqui em Rondonópolis mesmo, há poucos dias, no Residencial Dom Osório onde ela mora.
A colega dela, que estuda em outra sala, Maria Clara Oliveira Pereira, também conhece tucano. Questionadas sobre como preservar os tucanos elas respondem em coro. “Não podemos desmatar e nem queimar as florestas, as árvores”. Como fazer para que isso não aconteça? Elas também respondem: “se eu vir alguém cortando árvores ou queimando vou chamar atenção. Isso não pode”, dizem as duas.
Levar a realidade para dentro da escola e reproduzi-la com materiais que seriam jogados fora não foi tarefa simples. Mas nada é difícil quando se tem vontade de fazer o melhor. A professora Edilene Machado destaca que é simples e divertido. “Tudo é possível com a supervisão de um professor, fomos explicando os passos, conversando e dizendo onde as coisas deveriam ser colocadas. No final ficou esta maravilha. Eles adoraram”. Na sala de aula, outros trabalhos menores, com a mesma delicadeza, obras assinadas pelos pequenos artistas que aprendem na escola reproduzir o Mato Grosso com lixo e um toque de genialidade.
