Praças viraram local para usuários de drogas

As praças são espaços para que a comunidade utilize para o seu lazer, para a cultura e até mesmo para práticas esportivas. No entanto, quando essas ficam abandonadas, com iluminação insuficiente podem se tornar espaço para o uso e tráfico de drogas, como vem ocorrendo em algumas praças de Rondonópolis. Para compreender qual é a situação de cada uma das praças da cidade, a Secretaria Adjunta de Urbanismo do Município está fazendo um levantamento de todas as praças da cidade com diagnóstico para saber quais são as intervenções necessárias em cada local.

Segundo o secretário adjunto de Urbanismo, Alexandre Torres, o diagnóstico de cada praça contêm informações sobre a vegetação – se existe ou não –, arborização, iluminação, aparelhos infantis, aparelhos para prática de esportes, entre outros itens. “Com o diagnóstico em mãos será possível fazer projetos de recuperação das praças, com orçamento e buscar implementá-los”, explicou o secretário.

Torres pretende realizar um plano de ação para as praças, elencando as prioridade e ações de intervenção emergenciais, como é o caso da Praça dos Carreiros, que conforme o secretário, necessita ser priorizada para uma ação emergencial. “No caso da Praça dos Carreiros, o que ocorre é que ela está em meio ao comércio e fica isolada no período noturno, se tornando dormitório para moradores de rua e espaço para usuários de drogas, inclusive por ter um banheiro abaixo do solo que atrai usuários de drogas”, explicou.

Mesmo sem um projeto estabelecido e nem recursos para tal, Torres adianta que na Praça dos Carreiros o ideal é trocar algumas árvores que estão mortas, recuperar a vegetação com a colocação de grama e de arbustos, sem alterar os moldes do paisagismo atual, restaurar o coreto, fechar os banheiros, fazer um novo projeto de iluminação, para que a Praça fique bastante iluminada, restaurar o piso e retirar os obstáculos de concreto e colocar lixeiras e bancos de praça. Quanto ao estacionamento, ainda é algo a ser pensado, conforme o secretário.

Para pode realizar os projetos de intervenção nas praças da cidade uma das alternativas, segundo o secretário, é uma parceria com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, para que se possa utilizar os recursos advindos de multas por infrações ambientais em recuperação das praças. “Este é uma dos meios de recursos que pretendemos utilizar”, reforçou.

Outra medida apontada por Torres é incluir os projetos de recuperação das praças no novo PAC Mobilidade Urbana, recém-lançado pela presidente Dilma Rousseff. “Estou só esperando qual é o ministério que irá coordenar o PAC Mobilidade Urbana para ir até Brasília buscar recursos para Rondonópolis e as praças também poderiam ser incluídas no projeto de mobilidade”, reiterou.

Com o intuito de demonstrar como está a situação de algumas das principais praças de Rondonópolis, a reportagem do jornal A TRIBUNA visitou quatro delas: duas no centro, Praça Brasil e Praça dos Carreiros; a Praça do Coopharondon; e, a Praça da Vila Operária. Veja abaixo a situação encontrada nas praças visitadas:

Praça dos Carreiros

Uma das primeiras praças feitas na cidade, localizada na região central, em meio a estabelecimentos comerciais, a Praça dos Carreiros faz parte da história de Rondonópolis, mas já há alguns anos vem perdendo seu brilho. Hoje, o famoso coreto da praça é utilizado como dormitório por moradores de rua e usuários de drogas, que permanecem na praça, inclusive durante o dia. Até mesmo o carro de boi, peça histórica da Praça dos Carreiros, está servindo de cama para quem vive na rua. Além disso, quem passa pelo meio da Praça dos Carreiros precisa encarar um odor quase insuportável de urina e fezes.

Praça Brasil

A Praça Brasil, assim como a Praça dos Carreiros, é uma das mais antigas da cidade. Localizada na região central, a praça já passou por processo de recuperação e durante o dia é bastante movimentada. No local, ocorrem também alguns eventos e os quiosques são, geralmente, movimentados. Contudo, ela também precisa de mais zelo. A vegetação está bastante seca e alguns bancos estão quebrados. E, infelizmente, no período da noite, usuários de entorpecentes acabam usando a praça como ponto de encontro.

Praça do Coopharondon

A Praça do Coopharondon, localizada no bairro que a denomina, era um símbolo para a população do local. Espaço de encontro da comunidade, de brincadeiras para as crianças e de lazer para os jovens e para as famílias. Entretanto, o que era orgulho para a população do bairro, hoje é motivo de dor de cabeça. A Praça está abandonada. Dos brinquedos do antigo parquinho, somente sobraram dois cavaletes e dos quiosques dois espaços depredados, com vidros quebrados e paredes pichadas. Segundo os moradores, a Praça também é local de tráfico de drogas. “Vejo quando um motoqueiro vem, entrega a droga e depois vai embora, passa um pouco ele volta entrega a droga novamente e assim, vai, a noite toda”, conta um dos moradores que preferiu não se identificar. Para a moradora Brivalda Leite Estolano, a praça hoje é espaço para usuários de droga. “Falta iluminação, está tudo quebrado. Falta um guarda na verdade”, aponta a moradora. Já para a moradora Ivone Sengalli Cenci, os problemas aumentam de noite com a falta de iluminação, mas assaltos vêm ocorrendo até mesmo de dia. “A população tem medo de passar pela Praça”, relata.

Praça da Vila Operária

Antigamente frequentada pelos moradores da Vila Operária para lazer e esportes, a Praça localizada no bairro, é hoje, vista como um problema. “Virou a Praça para os ‘noiados’. A população não pode mais usar a praça”, desabafa a moradora Lúcia de Almeida, que também tem um comércio no local. O problema da concentração de usuários de drogas na Praça também é apontado pela comerciante Jucélia Francisca da Silva, que conta que os usuários de entorpecentes chegam a dormir na Praça, no espaço em que há cobertura e banheiros. “A polícia tem tentado melhorar a situação e melhorou um pouco, mas ainda não tem como usar a praça”, argumenta.

Fonte: Danielly Tonin