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, 18 maio 2024
 
 

eu ESTOU no mundo

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O bebê da família, antes que todos percebessem, deixou para trás a primeira etapa da infância. Saiu da exigência quase tirânica de ser atendido de imediato, percebendo que não era o mundo para aqueles que ali já estavam por ocasião de sua chegada. Tentou FAZER o mundo ao seu jeito, mas constatou que os adultos ora são afetivos, ora são firmes o suficiente para não cederem aos seus caprichos.

Temos então uma criança que se aproxima dos cinco anos. De seu lugar, com a perspicácia que lhe é peculiar vem assimilando o fato de estar inserida num mundo onde as regras fazem parte e, como lembra o poeta, impossível cair fora dele. (Sim, não pularemos para fora deste mundo. Estamos nele de uma vez por todas – Christian Dietrich Grabbe 180l-36).

Essa criança pede parâmetros aos adultos que estão ao seu redor, principalmente aos pais. Inegável que a família encarna as primeiras referências, com repercussões para o futuro. Se o pequeno não testar até onde pode ir, como descobrir? Os horizontes se ampliam. Passa a diferenciar o que pode fazer num lugar, mas não é permitido no outro. E agora, em que consiste esse tal de certo e errado que gente grande pontua todo o tempo? Como conciliar o impulso de fazer o que proporciona prazer imediato e aquilo que lhe dizem ser o correto?

Os pais até se perguntam qual a hora para responsabilizar o filho por suas escolhas, que inevitavelmente traz a reboque as consequências. E existe hora para isso? Os valores ultrapassam o tempo. Se nos reportamos ao “Pequeno Hans”, um dos casos clínicos de Sigmund Freud (1909) deparamos com um menino de cinco anos assinalando para seu pai que se posicione diante de sua mulher para que ela não sufoque a ambos. Pede, enfim, ao pai que seja homem junto à sua mulher para que ela possa ser melhor mãe.

Meio século depois, temos no filme Juventude Transviada, dirigido por Nicholas Ray, James Dean no papel de Jim Stark, um jovem aparentemente rebelde que pede desesperadamente um norte ao pai que prefere se omitir até o final do filme. Para Jim, em nada se aproxima do conforto o fato de perceber que os pais o protegeram desde pequeno, satisfazendo suas vontades inclusive de se mudar de uma cidade para a outra, como se o problema fosse externo. Sabe que falta, desde sua meninice, a interdição do pai. Não passou despercebido o fato de contar, desde criança, com a proteção dos pais para escamotear seus erros e não ter que arcar com as consequências de seus atos. Faltou a lei paterna que resulta em ética, transformando crianças cheias de vontades urgentes em cidadãos que conseguem considerar que para se inserir numa cultura é preciso aceitar leis e regras, muito além do sentido moral. Sabemos que a lei por si só não da conta da ética. Existe uma punição para a lei que não é cumprida. O cidadão ético não precisa dessa ameaça para seu comportamento. Age de acordo com o que trouxe do berço porque acredita que é assim que deve ser independente de ter ou não fiscais da lei presenciando seus atos.

Nossas crianças estão deixando o “berço” cada vez mais cedo. O que é que estão levando na bagagem? Como transmitir esses valores familiares sem cair no discurso repetitivo ou na ilusão de que o contato superficial com os filhos, proporcionando conforto e bem estar é suficiente para educar pelo exemplo?

Sobram questões para os pais quando tanto o homem quanto a mulher se deparam com novos papéis da atualidade, para os quais não houve aprendizado na própria infância.

Enfim, momento de novas descobertas não só para quem está descobrindo a vida e se inserindo em sua cultura, mas também para jovens, adultos e idosos que já não se conformam com respostas prontas e vencidas.

Psicóloga – CRP 14/00435-0

*Correspondente da Delegação Geral – MS/MT – Escola Brasileira de Psicanálise

Psicoclínica 66 3421 5684

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