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Sueli ignoti - 29-11-11

“Só sei o que não quero…”

Qual é o seu desejo?
Qual o seu tempo para a resposta?
É preciso respondê-la?
Respondê-la é preciso?
Perguntas tão complexas quanto a vida, exigem de cada um o levantamento de infinitas questões nem sempre admitidas, muitas vezes silenciadas e tantas outras expostas para contribuir com o mal entendido, privilégio dos humanos…
Woody Allen, mestre em fazer da arte do cinema essa amostra do emaranhado de perguntas sem respostas que podem mover cada um em busca do que almeja propicia uma reflexão agradável e proveitosa. Em “Vicky Cristina Barcelona” (EUA, 2008), retrata nas férias de verão de Vicky e Cristina em Barcelona as sutilezas das questões que afligem o ser humano, cada um ao seu jeito, tentando entender e definir para si o que é o amor. Entre encontros e desencontros percebemos que as perguntas nunca se calam com respostas do outro. Ninguém salva ninguém do destino, como tenta fazer Judy com Vicky, vendo no rumo da história começada o espelho da própria história inacabada. O tempo é de cada um e quem acha que sua hora passou não consegue transferi-la para que alguém mais jovem usufrua do que poderia ter sido sua escolha…
No filme que celebra o amor em variadas nuances percebemos a diferença na forma de cada um buscar o que lhe falta e o que essa diferença instiga do que talvez seja inconfessável naquele que parece avesso à mesma…
O que faz Vicky, tão comedida, aparentemente encaixada no mundo das convenções, combinar tão bem com sua amiga Cristina, aberta a tudo que foge dos padrões? E por que, depois de experimentar o que define como irracional, Vicky escolhe voltar para o caminho que acha que conhece, a despeito de todos os conselhos de sua anfitriã tão mais experiente?
E por que Cristina que experimenta tudo que lhe apetece continua sabendo apenas o que não quer? O tão procurado amor parece exigir mais que o prazer momentâneo na abertura para novas experiências, tentando deixar para trás o que foi aprendido dos padrões vigentes.
Um relacionamento convencional como o casamento precisa ser morno, sem paixão? É possível conciliar o que faz pulsar numa relação duradoura, para os que prezam o laço amoroso?
Juan Antonio e Maria Helena com uma história de amor intempestiva conseguem admitir que foram feitos um para o outro mas não conseguem ficar juntos por muito tempo. Ela o acusa de ter roubado seu estilo na pintura. Ele admite ter pego mais do que gostaria de admitir… O que é de um e o que é do outro? Quando estão perdidos nessa mistura chega Cristina e meio sem saber onde está entrando, acaba intermediando sentimentos tão contraditórios, contribuindo para a harmonia nesse triângulo amoroso. Sua partida causa danos ao casal. Continuarão assim para sempre? Será que querem encontrar outra forma de fazer, com o que sabem de vosso amor?
Mas qual é a justa medida para conciliar amor, paixão e responsabilidade? Ela existe? Ou tudo isso é incompatível? Juan Antonio, como os ouros, não é detentor da definição do amor mas percebe o que nunca conseguiu silenciar, pensando em ser escritor, depois músico e por fim descobrindo a pintura: “Só o que eu sabia é que eu era cheio de emoção real e que eu tinha que achar um jeito de expressá-la”.
Já seu pai poeta escolheu produzir e guardar para si suas poesias. O que o impede de mostrá-las? Pretende continuar fazendo de conta que os sonhos o satisfazem?
Enfim, essas são apenas algumas reflexões do muito que o filme oferece. Deixa ainda infinitas sugestões para pensar a vida e o amor. Ficamos aqui com a vitalidade de Cristina que sabe que não vai sossegar enquanto não encontrar o que procura: alguma coisa especial que não tem ainda forma e definição mas promete ser algo a somar, diferente do trivial…
Invenção. . .

*CRP 18/00078
Delegação Geral MS/MT – Escola Brasileira de Psicanálise
66 34215684

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