24.5 C
Rondonópolis
 
 

O psicanalista na cidade: de que lugar responde?

Leia Mais

- PUBLICIDADE -spot_img

Sueli ignoti - 29-11-11

De todas as causas do mal estar na cultura desde os primórdios da humanidade, sabemos que a principal delas sempre esteve remetida à dificuldade de relacionamento com o outro. Das crianças que brigam porque o amiguinho não quer a mesma brincadeira aos líderes que sustentam as guerras podemos perceber a intolerância com a forma de gozo do outro, como se cada um fosse detentor de uma verdade digna de ser universal. Impossível generalizar o ser humano marcado justamente pela singularidade.
Atualmente temos a questão da violência exacerbada nas cidades. Será mesmo que a agressividade, inerente ao ser humano, só pode ser transformada em violência? Ou seria essa forma de expressão a única resposta sabida ou acreditada por aqueles que assim agem, mesmo fazendo-se rejeitar por todos os lugares por onde passam? Alguém consegue acreditar que um ser humano violento está bem?
Talvez muito pior que a violência seja sua banalização. Como tantas pessoas conseguem comer assistindo um noticiário que traz cenas brutais e vidas que se vão? O que tudo isso está expressando desse mal estar contemporâneo? De um lado temos aquele que agride e do outro a tal sociedade – formada por todos nós – que parece não se importar enquanto não for a vítima ou ao menos não tiver alguém muito próximo no lugar de vítima. Afinal, que expressão é essa que prescinde das palavras? O que disso pode ser nomeado? E quem estaria disposto a dar atenção?
Carlos Genaro Gauto Fernández, por ocasião das Jornadas “O corpo e a urbe – fronteiras e desordens” nos lembra que “a Psicanálise na modernidade nos permite fazer um laço que se sustenta permeado por concordâncias e discordâncias…” Certamente nas discordâncias são geradas as questões que nos inquietam e permitem avançar. No artigo anterior (Pólis sem violência: utopia?) interrogo o que cabe a cada cidadão, em seu contexto, para minimizar o que de ruim está à sua volta, uma vez que estamos nesse mundo e não dá para pular fora, como disse o poeta há quase 100 anos.
As perguntas se multiplicam a cada reflexão. As respostas carecem de invenção. Sabemos que não há Psicanálise preventiva, mas existem questões que continuam a intrigar e instigar: de onde pode responder o psicanalista na cidade? A prática clínica alavanca o trabalho psicanalítico, faz avançar a teoria. Esse trabalho acontece no UM a UM, e é assim que precisa ser. Mas vamos além.
O paciente que chega ao consultório tem uma questão esboçada, ainda que não seja uma questão analítica. A partir disso cabe ao psicanalista o manejo do tratamento. Mas, e aquele que de alguma forma agride o outro humano, causando-lhe sofrimento, pela via da violência? Esse não chega ao consultório, não tem demanda de análise. Sem dúvida, deve ser responsabilizado por seus atos. Mas como? Pela resposta da punição, num sistema prisional falido?
A Psicanálise, sem fins normativos, não tem a resposta pronta. No entanto, pensando justamente na possibilidade do laço permeado por concordâncias e discordâncias, tem muito a trocar com profissionais da Educação, do Direito, da Saúde e outros, nessa busca de novas saídas para os velhos e atuais problemas de nossa sociedade, numa época em que a ordem simbólica outrora vigente já não funciona. O que pode ser feito por cada profissional cidadão, em seu contexto, antes que o agressor opere, melhor ainda, antes que uma criança ou adolescente responda pela violência?
O mundo está aí para todos e nele marcar a diferença é responsabilidade de cada um. Temos sempre o que aprender com o outro. Temos sempre com o que contribuir…

*CRP 18/00078
Delegação Geral MS/MT – Escola Brasileira de Psicanálise
Consultório 66 3421 5684

- PUBLICIDADE -spot_img

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor, digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Publicidade -
- PUBLICIDADE -

Mais notícias...

RS contabiliza meio milhão de pessoas afetadas pelas chuvas

As fortes chuvas que atingem o estado do Rio Grande do Sul já afetaram 510.585 pessoas, segundo balanço divulgado...
- Publicidade -
- Publicidade -spot_img

Mais artigos da mesma editoria

- Publicidade -spot_img