Batom sem brilho

O dado é alarmante, em 15 anos, a população carcerária feminina cresceu mais de 500%. O estudo, do Ministério da Justiça, apontou que o Brasil possui a 5ª maior quantidade de mulheres presas do mundo. Aproximadamente 68% delas estão encarceradas por tráfico de drogas, metade tem entre 18 e 29 anos, e a maioria é negra.
O que mais chama a atenção no relatório, conforme notícia veiculada ontem pelo A TRIBUNA, é ver que as mulheres que se envolvem com o crime vêm de decorrentes problemas, como conflitos familiares, exclusão social e a desigualdade. O crime mais comum: tráfico de drogas.
A maioria dessas mulheres ocupa uma posição coadjuvante no crime, realizando serviços de transporte de drogas e pequeno comércio. Muitas são usuárias, sendo poucas as que exercem atividades de gerência do tráfico, ou seja, sempre em atividades menores.
Embora o crime feminino tenha abandonado o estereótipo do homicídio passional, com forte conteúdo de amor ou ciúme, já que é cada vez maior a presença da mulher em outros delitos relacionados a entorpecentes e também crimes interpessoais violentos, como roubos, seguidos ou não de morte e sequestros.
E isso reflete que elas estão ficando muito mais atuantes nesta área. Muitos juristas sustentam que a recuperação de mulheres criminosas é muito mais fácil e a reincidência é bem menor, se comparada aos homens.
Mas, como é possível recuperar mulheres em um sistema carcerário totalmente desumano? Ainda existem no Brasil, por exemplo, cadeias mistas. Você, caro leitor, sabia que presas usam miolo de pão como absorvente? Ao esquecer a humanidade, o Estado esquece a sociedade, que vai receber essa mulher após o seu período de reclusão.
Dizem que o sol nasce para todos e que cabe a cada um buscar o seu lugar. Nenhuma dificuldade na vida obriga ninguém a roubar o que é dos outros e muitos menos matar ou traficar!
Mas será que no meio dessa enorme população feminina, não existem mulheres arrependidas e que esperam uma chance pra recomeçar? É saudável perceber e entender outros pontos de vista, mesmo não concordando com eles.