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, 15 maio 2024
 
 

Teatro: em alta no cenário nacional

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Daniel Horas Carvalho  - 08-03-12O teatro tem a peculiaridade de representar ou redesenhar a conjuntura social, política, histórica e geográfica conforme o olhar da produção aplicada. Tem a capacidade mágica de fazer com que o espectador se transporte para a realidade proposta.
Essas características foram colocadas a serviço das questões sociais brasileiras a partir dos anos 50 e foi a principal ferramenta artística para propor as transformações ocorridas nos movimentos sociais no Brasil entre os anos 1964 e 1968, em que se destacaram manifestações artísticas de resistência ou protesto contra o regime instituído pelo golpe militar, garantindo repercussões de políticas de inclusão social baseadas na visibilidade dos movimentos sociais e das produções culturais da época.
Os artistas de teatro eram vistos pelos militares como provocadores dos aparelhos do Estado por representarem a radicalização e por expressarem suas propostas ideológicas, artísticas e estéticas. Engajavam-se na construção de peças que despertavam no espectador, a conscientização política e social, com trabalhos politizados e fundamentados nas realidades observadas e vividas.
Nesta ocasião, surge o teatro do oprimido de Augusto Boal com o propósito de democratizar as produções teatrais e a transformação da realidade por meio do diálogo. O próprio autor defende que:
“O Teatro do Oprimido promove a expansão da vida intelectual e estética de participantes de Grupos Populares de Teatro do Oprimido, evitando que exercitem apenas a função de ator, que representa personagens no palco. Os integrantes desses grupos são estimulados, através de meios estéticos, a expandirem a capacidade de compreensão do mundo e as possibilidades de transmitirem aos demais membros de suas comunidades – bem como aos de outras – os conhecimentos adquiridos, descobertos, inventados ou reinventados”.
Nessa mesma época, o Brasil sofreu a explosão dos meios de comunicação de massa, entendido aqui como a imprensa escrita, rádio, televisão e a outras tecnologias de comunicação, dificultando o acesso à arte teatral que, aos poucos foi dando espaço ou lhe sendo tirado por esses meios de comunicação que vieram com o propósito de impor gostos e preferências às massas, modelando suas consciências introduzindo o desejo de necessidades supérfluas.
Esse fenômeno, intitulado como Indústria Cultural, mencionado em: A Dialética do Esclarecimento, de: ADORNO, Theodor e HORKHEIMER, Max. (1985): É tão eficaz nessa tarefa que os indivíduos não percebem o que ocorre, impedindo, assim, a formação, de pessoas incapazes de julgar, refletir e de decidir conscientemente. Fenômeno similar ocorre na música popular e na dança brasileira, produzida pela indústria cultural. O processo de padronização torna as canções parecidas umas às outras e reprime qualquer tipo de desafio, autenticidade ou estimulo intelectual.
No processo de elaboração da indústria cultural, segundo Adorno e Horkheimer, não existe a criatividade artística como se imagina, mas simplesmente a padronização de produtos e serviços para a venda e o consumo. Por conseguinte, a elaboração dos produtos culturais fica sob o encargo dos técnicos e diretores das empresas de entretenimento e comunicação da indústria cultural. Estes, por sua vez, têm como referência não o valor artístico do produto, mas sua possibilidade de lucro e comercialização.
Hoje, quase 50 anos depois, o ciclo se fecha e novamente o povo volta às ruas, cansado de ser enganado e ludibriado com que vê e ouve, encorajam-se à julgar, refletir e de decidir conscientemente. Que essas contextualizações permeiam também pelas linguagens e, também por meio delas. Um bom momento certamente, aos artistas brasileiros de Teatro, que eles voltem logo pra casa “palco” para retomarem suas missões de emancipadores estéticos. O Brasil cresceu só falta se desenvolver.

(*) Daniel Horas, ator e produtor cultural de Rondonópolis – [email protected]

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  1. Muito Grato a esse Jornal por permitir que as ideias dos produtores culturais a cerca das culturas cheguem a milhares de mato-grossenses.

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