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, 21 maio 2024
 
 

Ler em inglês

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noNo que se refere ao estudo-aprendizagem de línguas estrangeiras, das quatro habilidades básicas, considerando-se a realidade brasileira, ler (em teoria) é “mais importante” do que ouvir (ou compreender/distinguir sons), falar (produzir tais sons) e escrever (colocar ideias próprias no papel). Tem sido assim em nosso país há muito tempo, e essa bizarrice não vai mudar de uma hora para outra, por força e obra do último dos moicanos ou de São Francisco de Assis.
Pode conferir! Está nos livros didáticos e nos PCNs (alguém se lembra deles?), de forma explícita ou velada: estuda-se inglês no Brasil para desenvolver a habilidade de ler e entender (interpretar?) textos – o que é sabidamente avaliado, por exemplo, no ENEM. Dito de outra forma, ouvir, escrever e falar inglês continuam a ser somente desejos e utopias arraigados no (in)consciente de professores e alunos de escolas públicas e particulares da nação brasilis – pelo menos por enquanto.
Contraditoriamente, se ler é a “nossa” prioridade educacional, aulas de inglês centradas em questões gramaticais e (tentativas de) tradução de frases, músicas ou textos inteiros são a nossa tradição mais irritante, e comprovadamente menos eficaz. Além disso, as bibliotecas escolares, regra geral, não têm livros de literatura (de qualquer espécie ou gênero), livros didáticos de anos anteriores e (não é um absurdo?) nem mesmo dicionários bilíngues em quantidade suficiente ou decente estado de conservação. O mais impressionante nisso tudo é que, quando há uma boa biblioteca e um bom acervo à disposição, é o professor da matéria que se mostra displicente – para não dizer outra coisa.
Felizmente, os tempos, as línguas e as pessoas mudam, mas não totalmente ou de forma espontânea (e algumas pessoas mudam para pior, right?). Eis que a busca pelo conhecimento, como se sabe, tem sido uma constante na história da evolução humana. Daí a necessidade de, através da leitura, saber o que pensavam ou faziam aqueles que viveram antes de nós, e pensam ou fazem nossos contemporâneos nas diferentes regiões do planeta. Portanto, saber ler (bem como ouvir, escrever e falar) em inglês, hoje, queiramos ou não, ainda é um processo árduo que, se bem executado, ainda nos diferencia na multidão. Mas até quando?
Assim sendo, cabe ao professor aliar o tradicional (fábulas, contos, poemas e romances) ao moderno (blogs, Facebook, Twitter e MSN), pois os (poucos) English teachers realmente comprometidos com aulas de qualidade sabem que seus alunos se sentem motivados porque entendem e sabem usar ao menos aquilo que efetivamente aprenderam em sala de aula. Vítima de uma estrutura educacional alienante e enganadora, o professor de inglês, no Brasil, conta apenas com uma aula por turma semanalmente, e teria (no máximo) 52 aulas com cada turma, se tivesse aula todas as semanas, o ano inteirinho. Diz aí, dá para aprender de verdade uma língua estrangeira (qualquer uma!) assim?
Agora, se bem me lembro, o humorista (e agora deputado federal pelo PR de São Paulo, acredita?) Tiririca gravou uma “versão” (ou seria “reversão”?) da canção Crazy, do espanhol Julio Iglesias (Cantando em inglês? Pois é…) – que, imagino, não deve estar sabendo de mais essa palhaçada do Mr. Grumpy (Tiririca em inglês, segundo o USA Today). E talvez resida aqui o maior dilema na formação intelectual do povo brasileiro: não levar a sério a nossa língua portuguesa, a última flor do Lácio, na ecoante voz (e escrita!) do parnasiano Olavo Bilac, mais tarde reverberada por Caetano Veloso, e ainda sacanear o idioma alheio. Creio que concordamos quanto ao fato de que todo brasileiro precisa levar mais a sério a si mesmo e o próprio futuro, e o do país. Como: diminuindo excessos de toda espécie, em especial em casa, no trabalho, no lazer e principalmente na escola. Que tal, a propósito, ler um pouco mais durante o período de férias?
“Uma nação se faz com homens e livros” (será?) – já bem disse o incompreendido Monteiro Lobato. Melhor seria se, em meio a tal acervo, pudéssemos encontrar também livros em espanhol, francês, italiano, alemão, inglês…

(*) Jerry Mill é  mestre em estudos de linguagem e presidente da ALCAA (Associação Livre de Cultura Anglo-Americana)

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