Ananias aguarda notificação da justiça

Podendo ser notificado a qualquer momento para assumir o cargo de prefeito de Rondonópolis, por conta da decisão que manteve a cassação do prefeito Zé Carlos do Pátio (PMDB) e sua vice, Marília Salles (PSDB), o presidente da Câmara Municipal, Ananias Filho (PR), disse estar preparado para assumir a chefia do Executivo Municipal, caso seja realmente necessário.
“Aquele que assume a presidência da Câmara tem que estar preparado e saber que isso pode acontecer. Até agora eu era atirador de pedras e agora passo a ser a vidraça”, avaliou Ananias, ressaltando que, como vereador, tinha a função de fiscalizar o trabalho do prefeito e chamar a atenção para o que pudesse estar errado, e como prefeito suas decisões estarão à prova a todo o momento.
Questionado se poderia renunciar à presidência da Casa de Leis para não ser obrigado a tomar posse como prefeito, o republicano assegurou que trata-se de algo impossível e que ele não vai fugir a sua responsabilidade, mesmo sabendo que perderá o direito de ser candidato a vereador, caso desejasse. “O fato de eu ter que assumir como prefeito é uma determinação judicial e ordem jurídica não se discute, se cumpre”, afirmou.
Além disso, Ananias contou que a decisão do PR é de que ele assuma o cargo e ele vai seguir o que o partido determinar.
O prefeito Zé do Pátio  e a vice Marília Salles  podem ser afastados dos cargos a qualquer momento, isso porque, o Pleno do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) manteve, na noite de anteontem (8), a decisão que cassou os dois políticos por acusação de gastos ilícitos na campanha eleitoral de 2008.
AJUDA DA SOCIEDADE
Ananias Filho antecipou que seu primeiro ato como prefeito será pedir a colaboração da sociedade civil e organizada na administração do município. “Faço um apelo para que os clubes de serviço, lojas maçônicas, sindicatos, associações, imprensa e servidores públicos possam me ajudar a governar Rondonópolis. Estarei aberto a opiniões e qualquer tipo de ajuda”, revelou.
O republicano repassou que vai manter todos os programas sociais que estão sendo executados no município e que vai dar continuidade às obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Em relação ao secretariado, Ananias colocou que, a princípio, não deve fazer muitas mudanças, porém, admite que pretende trabalhar com pessoas da sua confiança. “É lógico que vou precisar de pessoas da minha extrema confiança ao meu lado, afinal, como prefeito, toda a responsabilidade jurídica será minha, eu irei responder pelas ações do município”, explicou.
Ananias pediu calma à população para que tudo permaneça dentro da normalidade, apesar da atual situação política. Perguntado se seria possível manter esta normalidade num momento em que o prefeito da cidade e sua vice foram cassados, o republicano respondeu que sim. “Temos que analisar que o Zé do Pátio foi cassado em abril e, nem por isso, foi causado algum tipo de transtorno na administração municipal, até porque, os vereadores, que são quem dão sustentação ao governo municipal, fizeram um trabalho de cidadania que contribuiu para não ser gerado nenhum caos. Sendo assim, não é agora que esse caos será gerado”.

Candidatura a prefeito não é certa

Caso o prefeito cassado Zé Carlos do Pátio (PMDB) e sua vice, Marília Salles (PSDB), não consigam liminar para se manter no cargo, o presidente da Câmara Municipal, Ananias Filho (PR), deve assumir a prefeitura interinamente, pelo prazo de 30 dias. Nesse período, Ananias deverá convocar eleições indiretas onde o novo prefeito é escolhido pelos 12 vereadores.
Nestas eleições, poderá ser candidato qualquer um dos vereadores e também qualquer pessoa filiada a partido dentro do prazo eleitoral, e com domicílio eleitoral no município.
Neste caso, o próprio Ananias poderá ser candidato, contudo, ele ainda evita falar sobre o assunto, alegando que só se pronunciará quando não restar mais recursos a Pátio para que ele se mantenha no cargo.
Ocorre que, mesmo que Ananias assuma como prefeito por apenas um dia, ele não poderá mais ser candidato a vereador. Fora isso, ele não tem garantias de seu partido de que será o candidato a prefeito conforme seu desejo. Mesmo assim, o republicano se diz tranquilo quanto a sua situação política. “A minha disputa à Câmara Municipal cessa, porém, não cessa a minha luta em prol do desenvolvimento de Rondonópolis, pois para ajudar a cidade não é preciso ter mandato”, considerou.
O presidente da Câmara ainda fez questão de destacar que tem todo o apoio do PR, não apenas neste momento em que deve assumir a prefeitura, mas também quanto ao seu futuro político.
Indagado se não seria o candidato natural do partido a prefeito, já que ele deve assumir a chefia da administração municipal, ele contou que a sigla optou por não discutir o assunto ainda, até que o momento eleitoral do município estivesse definido. É que além de Ananias, o PR tem como pré-candidato a prefeito os deputados estaduais Ondanir Bortolini, o Nininho, e Sebastião Rezende. “Todo esse processo de sucessão municipal pelo qual Rondonópolis vem passando acabou travando as discussões políticas não só do PR, mas de todos os partidos. Todos os partidos recuaram de forma natural, devido às indefinições, fora isso, ainda é cedo para definirmos candidatos”.