(*) Isabela Lima
Rondonópolis, uma cidade marcada por sua História em Território Bororo, apresenta uma rica diversidade cultural, e, homenageia a Mulher Bororo de diferentes formas. Trata-se da notável Rosa Bororo.
Em meio a essa cidade que tem crescido e se desenvolvido, existe uma rua batizada em sua honra, mas onde estão as placas informativas? Onde estão as estátuas e monumentos que contam a história desta indígena, tão significativa para a região? É uma questão que merece nossa atenção e reflexão.
Rosa Bororo também é o nome do Museu municipal. Quem foi Rosa Bororo? Como o Museu apresenta a História desta Mulher? O Museu também padece da mesma situação anterior.
A Câmara Municipal de Rondonópolis aprovou a nominação do Bairro Rosa Bororo; e ainda, homenageia as Mulheres da Cidade, com a Medalha Rosa Bororo. Quais são as informações veiculadas a respeito dela, àquelas que recebem a homenagem? Seus familiares, adultos e crianças sabem a História de Rosa? Os moradores do citado Bairro, sabem de quem se trata? Na Escola, Posto de Saúde, Praça ou outros locais públicos há informação sobre a vida de Rosa Bororo?
O SESC fez Feira do Livro, em homenagem a Rosa Bororo; contudo, a desinformação continua no município de Rondonópolis, há falta de placas informativas e outros projetos que contribuam para resolver esta questão.
Em visita ao Casario, observei que há um monumento em homenagem ao Marechal Rondon, localizado de frente para a Rua Rosa Bororo e o Rio Vermelho; este fato, levanta uma questão fundamental sobre as Representações de Personagens Históricos na cidade.
Marechal Rondon, o Patrono do Município, desempenhou um papel significativo em defesa dos direitos indígenas e tornou-se o responsável pela comunicação ao interior do Brasil. Rosa, se destacou nas negociações de paz, entre o seu povo e os não indígenas que ocuparam seu território.
É importante reconhecer o trabalho que as pessoas realizaram em favor do bem coletivo, contudo, muitas ficam no esquecimento. Outras, são lembradas e mesmo homenageadas, mas a maior parte da população desconhece sua História de Vida. E, quando não, às vozes da comunidade não são ouvidas pelo poder público para informar adequadamente de quem se trata e seu trabalho, como é o caso da Rua, do Museu, da Comenda, do Bairro citados.
Em um contexto histórico, a cultura e a história indígena Bororo, desempenharam um papel vital na formação da região. É surpreendente que uma figura indígena tão importante como essa, esteja na vala da desinformação. Isso não apenas deixa de reconhecer a diversidade e riqueza das contribuições culturais indígenas, mas também reforça uma desigualdade histórica que tem sido um problema persistente.
Outra problemática é o uso de seu nome de batismo, “Rosa Bororo,” em vez de seu nome original, Cibáe Modojebádo. Esse fato não apenas negligencia a riqueza da cultura indígena bororo, mas também perpetua uma distorção histórica. Por que a rua que leva seu nome não foi designada com seu nome original? Por que essa informação crucial não é amplamente divulgada na comunidade? Por que tão poucas pessoas têm conhecimento de que “Rosa Bororo” era um nome imposto pela Igreja Católica e não o seu nome de nascimento?
Em um mundo cada vez mais diverso e inclusivo, é fundamental que todas as vozes sejam ouvidas e que todas as contribuições sejam reconhecidas. A Cibáe Modojebádo merece mais do que uma rua com seu nome; merece um lugar de destaque em nossa memória coletiva, um lugar que a história e a cultura da cidade de Rondonópolis devem celebrar e preservar para as gerações futuras. É hora de tomar medidas para corrigir essa lacuna na memória histórica da cidade.
(*) Isabela V. S. S. Lima é acadêmica do curso de História da UFR