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Se o Aroldo estivesse vivo

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(*) by Jerry Mill

Ano após ano, é cada vez menor o número de residentes em Rondonópolis que se lembram, mesmo que vagamente, da tristeza e do pesar que se abateram sobre a cidade e seus moradores naquele dia 19 de setembro de 1980. Há quase 44 anos, portanto. Nesse ínterim, por morte acidental ou natural, muitos pioneiros se foram. Daí a necessidade de relatar o ocorrido e a sua repercussão.

Naquele dia, mês e ano, um pequeno grupo de amigos e empresários voou para conhecer algumas fazendas e terras na região de Paranatinga. Horas depois, no mesmo dia, ao tentar alçar voo de volta para Rondonópolis, o pior aconteceu: houve um acidente no momento da decolagem e apenas dois dos tripulantes sobreviveram. Dentre os mortos, estava Aroldo Marmo de Souza.

No início, como ainda não havia internet, as poucas notícias que chegavam eram confusas ou “por alto”, dando a entender apenas que um acidente aéreo tinha acontecido e que algumas pessoas tinham morrido. Fatos estes que só se esclareceram com muitos contatos via rádio amador e telefonemas ou, para o desespero das famílias envolvidas, com a chegada dos corpos das vítimas no dia seguinte. Foi uma comoção generalizada!

Desde essa época, muitas teorias sobre as causas e as consequências desse acidente foram aventadas por parentes, amigos e curiosos. A maioria delas era de suposições infundadas, ou hipóteses jamais confirmadas. Os anos se passaram e a discussão sobre o caso arrefeceu, mas essa dúvida (desculpe o trocadilho num momento como esse, dear reader) sempre ficou no ar: e se essa tragédia não tivesse acontecido? Sem querer desmerecer as demais vítimas do acidente, mas: e se o Aroldo não tivesse morrido naquele dia?

Esta é uma possibilidade (ou um desejo) que tem povoado o coração e a mente daqueles que conviveram com o Homem do Plá ou apenas ouviram/leram sobre os feitos realizados por ele há mais ou menos meio século. Uma prova cabal da sua importância como pessoa e homem público. No entanto, caso estivesse mesmo vivo, vale lembrar, Aroldo Marmo de Souza estaria completando 84 anos neste domingo, 21 de abril, historicamente dedicado à luta e à memória do mineiro Joaquim José da Silva Xavier, popularmente reconhecido como Tiradentes, o Mártir da Independência.

Nascido na capital paulista, Aroldo veio para o Mato Grosso no final da década de 1960. Aqui, ele trabalhou inicialmente como diretor (e locutor) da lendária Rádio Branife* para depois investir seu tempo e seu dinheiro em diversas empresas e diferentes nichos (clube recreativo, despachante e Câmara Municipal, por exemplo) em prol da população mato-grossense. Seu maior acerto como empresário, no entanto, foi, sem dúvida, a fundação do jornal Tribuna do Leste (hoje A Tribuna), o mais influente e longevo do interior do estado, que vai completar 54 anos da publicação da sua primeira edição daqui a algumas semanas, no dia 7 de junho.

Há quem afirme categoricamente que, se vivo, Aroldo teria mudado a história da cidade e do estado. Como empresário, ele teria inovado em vários setores, inclusive com o projeto de transferência da sua empresa gráfica e jornalística para um lugar bem mais amplo e distante do Centro, no primeiro distrito industrial do município. Ele teria ainda investido em emissoras de rádio e de TV, em agências ou assessorias de publicidade e propaganda. E mais: na política, ele teria sido “facilmente” eleito prefeito, deputado e governador, tamanho o poder de comunicação e o capital político de que ele dispunha.

O que não dá para negar é que, mais de quatro décadas depois do seu falecimento, o nome de Aroldo Marmo de Souza não está restrito somente aos familiares e amigos, seja na memória ou nos objetos compartilhados. Ele está também nas diversas homenagens feitas a ele pela população, pela Imprensa, pela Câmara Municipal, pela Prefeitura, pela Assembleia Legislativa ou entidades e pessoas em outras unidades da federação. Seu nome está tradicionalmente estampado como seu fundador no Expediente (abaixo do Editorial, na página 2) de cada nova edição do jornal A Tribuna e pode ser visto também em medalhas, biblioteca e ponte.
E, o mais importante de tudo: seu sangue ainda dá vida e esperança de dias melhores a seus descendentes (filhos e netos) e, de certa forma, a todos nós. Tenhamos consciência disso ou não.

* Dentre outros, a emissora contou com o talento de nomes como Antônio Ribeiro Torres, B. Cunha, Hermínio J. Barreto, Nelson Pereira Lopes, Orestes Miraglia e Samuel Logrado de Souza.

(*) JERRY MILL é presidente da ALCAA (Associação Livre de Cultura Anglo-Americana), membro-fundador da Academia Rondonopolitana de Letras (ARL) e associado honorário do Rotary Club de Rondonópolis

 

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