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Do extrativismo ao capitalismo tardio brasileiro

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(*) Hemerson de Souza | (*) Ney Iared

Caros leitores, como parte da proposta de socializar os trabalhos desenvolvidos na disciplina Formação Econômica do Brasil, Curso de Graduação em Ciências Econômicas da Universidade Federal de Rondonópolis, esse texto objetiva demostrar, a partir do contexto histórico, que o extrativismo associado as práticas escravagistas não permitiram um avanço industrial significativo no país, desde a sua “descoberta” até meados da primeira parte do século XX. Observando esse contexto, ocupação e domínio luso no Brasil, percebe-se que em dado momento as intenções visavam a consolidação de uma colônia extrativista exploratória de modo agregar vantagens comparativas em relação aos europeus e constituir riqueza.

Dessa forma, assim que encontraram o pau-brasil (Paubrasilia echinata), esta constituiu numa primeira fonte de valor comercial primário-exportador, seguida depois, pelo cultivo da cana-de-açúcar, na qual obtiveram êxito. Adaptaram o sistema escravista de produção, que possibilitou sua consolidação e permanecia até a sua abolição, nos finais do século XIX. Já com o ciclo cafeeiro, revelou as precariedades e contradições no uso de trabalho compulsório no sistema econômico brasileiro que já caminhava para se tornar uma República. Com a intenção de ampliar seus domínios e obter excedente, Portugal avança em direção a América e desembarca na costa brasileira.

Visando procurar metais preciosos, mas não os encontrando em quantidades desejados, veem no pau-Brasil sua principal fonte de interesse comercial na exploração. Todavia, esse ciclo durou pouco tempo, exigindo um novo produto de grande aceitação no mercado europeu, como a cana de açúcar num sistema modelo plantation alcançando tamanho sucesso, o que levou a Coroa decidir politicamente pela divisão das terras em capitanias e as distribui entre os capitães generais. Já por volta de 1550, com a necessidade de mais mão de obra para o cultivo, inicia-se a inserção de escravos africanos na colônia. Com a introdução desse modo de produção, as exportações de cana de açúcar superam as expectativas e permitem o avanço da pecuária para a manutenção das atividades internas.

Os interesses também começam a mudar, dado ao vasto território ainda a explorar e a ocupar, as bandeiras Paulistas partem em busca do ouro, saindo da Capitania de São Paulo rumo ao interior de Minas, Goiás e Mato Grosso (1719). Ação lusitana, logo se fez nos rígidos mecanismos de controle típicos do Antigo Sistema Colonial Mercantilista. Porém, mesmo encontrando os metais preciosos, como o ouro e diamantes, a agricultura permanecia principal fonte de excedente, reforçando a necessidade de mais trabalhadores o que fomentou o comércio de escravos, permitindo com que famílias enriquecessem as custas desta atividade deplorável.

O Brasil ensaiava um princípio de indústria manufatureira com predomínio na tecelagem e a metalurgia. Por sua vez, a existência de um tráfico ilegal de escravos e a manutenção de sua herança colonial com a agricultura latifundiária, do regime escravista e a monocultora, todos esses traços estavam presentes no período pós-independência que se encontrava em forte produção do café, inicialmente nas regiões do Vale do Paraíba e, posteriormente, no Oeste Paulista. Por volta da segunda metade do século XIX, o declínio de fornecimento de trabalhadores escravos começa revelar. Com a pressão britânica e a abolição e, foram necessários se reinventar trabalhadores livres para atender a demanda de consumo dos produtos industrializados, em sua maioria importados.

O Brasil passou a adotar novos meios para estimular a imigração. Nessa transição de trabalho, os imigrantes como: italianos e alemães que chegavam ao país com suas famílias eram deslocados para as fazendas e acabavam sendo subjugados a trabalharem apenas para sua subsistência. Inúmeros fatores desfavoráveis vieram contribuir para esta situação, tais como: climático, organização social e econômica, e de uma liberdade civil inexistente, num país cujas as instituições, ainda estavam por serem construídas trouxe consigo diversas dificuldades à introdução do trabalho livre, até a primeira metade do século XX.

Isso sem contar que, havia um temor entre os barões do café de ocorrer uma possível emancipação desses trabalhadores. Para conter esse fato, as forças conservadoras criam legislação que impedisse que trabalhadores escravos e livres pudessem reivindicar terras no Brasil (Lei de Terras, 1850), preservando o direito a terras aos produtores da lavoura de café.
No início do século passado, uma nova onda imigratória chega ao Brasil, trazendo consigo anseios desenvolvimentistas oriundos do espírito capitalista anglo-germânico e italianos.

Começam, a modificar as estruturas econômicas do país, trazendo ideias de aplicação e manejo industrial, ainda que de foro doméstica. Porém, tardiamente, já que o país havia deixado de ser um Império e vivia a condição de República Federativa, mantendo sua o status de dependência das exportações agrícola. Portanto, pode-se compreender que embora o Brasil tenha sido emancipado, num contexto de avanços técnicos-científicos, a presença lusa travou consideravelmente uma possível transição colonial para um império manufatureiro de caráter industrial.

Além disso, a inexistência de outras práticas pelos então habitantes da colônia, por tratarem tão somente com Portugal, incentivou a grande comercialização de escravos, determinando os rumos da nossa dependência nesse tipo de mão de obra. Apenas com a abertura dos portos e a vinda de imigrantes contribuíram para a necessidade de uma mentalidade cultural, a ser difundido. Mas, por ter ocorrido em um período tardio, o país conservou e preservou sua dependência dos produtos primários-exportadores, mantendo práticas adotadas na época colonialista.

(*) Hemerson de Souza Sabóia, discente do curso de Graduação em Ciências Econômicas/FACAP/UFR; e-mail: [email protected]

(*) Ney Iared Reynaldo, doutor em História da América, docente Associado no curso de Graduação em Ciências Econômicas/FACAP/UFR; e-mail: [email protected]

 

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