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, 9 maio 2024
 
 

Dependência Química: há luz no fim do túnel

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Em nossa contemporaneidade está cada vez mais evidente o contexto da dependência química, e o número de pessoas em contato com o uso aumentou significativamente, o que tem mostrado claramente um problema de saúde pública já instalado em nossa sociedade. Aproveitando que no mês de fevereiro, especificamente dia 20, comemora-se o Dia Nacional de Combate às drogas e ao alcoolismo, vale a pena discutir um pouco a respeito.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a dependência em drogas lícitas e ilícitas uma doença, sendo crônica, incurável, e se não tratável, fatal. E é considerada problema de saúde pública, que preocupa o mundo inteiro, pois afeta valores culturais, sociais, econômicos e políticos.

Segundo DIETZ (2009), para ocorrer o desenvolvimento da dependência química é necessária uma série de neuroadaptações no Sistema Nervoso Central (SNC), levando em conta não somente a sensação direta ocasionada pela administração da droga como também o processo de aprendizagem e memória atrelado ao uso de substância.

Ou seja, para que suceda a abertura da dependência, deve existir o desenvolvimento da tolerância bem como a sensibilização aos efeitos desencadeados do uso de substâncias psicoativas, e consequente a isso, um aumento considerável da quantidade e da frequência do uso, em comportamentos compulsivos ocasionados pela sensação de fissura/craving (desejo intenso de usar) e perpetuação dos prejuízos físicos e psicossociais.

No que diz respeito ao consumo de substâncias, é fundamental identificar o modo que o indivíduo utiliza a substância propriamente dita (álcool e/ou outras drogas). Assim, temos três diferenças em relação ao consumo, que ainda gera dúvidas por parte da sociedade. De maneira simplificada e de fácil entendimento, são as seguintes:

Uso: seria experimentar, consumir esporadicamente ou de forma episódica, não acarretando prejuízos em decorrência disso;

Abuso ou uso nocivo: no consumo abusivo existe algum tipo de consequência prejudicial, seja social, psicológica ou biológica;

Dependência: ocorre perda do controle no consumo, e os prejuízos associados são mais evidentes.

Torna-se imprescindível compreender todos os fatores associados a essa problemática, tanto genéticos, ambientais e psicológicos/emocionais. E para um melhor entendimento, deixar nossos julgamentos e preconceitos de lado e enxergar as pessoas que passam por essa dificuldade como um todo, que atrás de um vício, existe uma pessoa que sofre e que pode querer tentar interromper o uso, mas que sozinha não consegue.

Ao invés de apontamentos e críticas que não irão acrescentar, podemos proporcionar uma escuta ativa e acolhimento para que o indivíduo possa enxergar uma luz no fim do túnel, um recomeço e, principalmente, uma qualidade de vida melhor sem o uso de drogas.

O processo de recuperação na dependência química é tanto importante para a pessoa que passa pelo uso quanto para as pessoas que estão à sua volta, principalmente familiares. Por isso, esses últimos precisam perceber as mudanças de humor e comportamento dessa pessoa que sofre com o uso para poder mediar a algum tipo de serviço de tratamento, que ela possa refletir, identificar os danos causados pelo uso e o lugar que a droga tem ocupado em sua vida e que seja um momento de trabalhar o autoconhecimento.

Uma das primeiras coisas a se fazer nesse momento é buscar ter um diálogo acolhedor e objetivo sobre a proporção que chegou tal situação. Caso a pessoa aceite o tratamento, buscar ajuda psicológica é um grande aliado nesse propósito e avaliar a necessidade de uso de medicação, que também tem sua contribuição significativa para um tratamento mais eficaz.

Se houver resistência para iniciar o tratamento, devido o uso ficar mais crônico e o que dificulta a pessoa enxergar possibilidades de melhora, pensar em uma internação para desintoxicação e/ou de longo prazo, como comunidades terapêuticas e clínicas de reabilitação, também tornam-se necessários nesse momento.

Vale salientar que quando o dependente químico decide buscar ajuda em algum local de reabilitação, na maioria das vezes, seu estado emocional encontra-se bem debilitado, com características marcantes como irritabilidade, agressividade, mentiras, falta de higiene pessoal, perda de valores, baixa autoestima, entre outros fatores, o que faz necessário nesse momento de todo o cuidado e acolhimento diante desse indivíduo em sofrimento psíquico.

Fortalecer a rede de apoio nesse momento será um grande diferencial para a sua recuperação, como: ambiente familiar unido, grupos de mútuo ajuda, centro de apoio psicossocial (CAPS), comunidades religiosas, com toda a equipe transdisciplinar inserida. E sem dúvida, o amor envolvido de quem está a sua volta, durante toda essa trajetória, que é possível conquistar e viver melhor, refletindo que a vida é muito mais significativa e grandiosa, proporcionando momentos de prazer e felicidade, na busca do equilíbrio e sobriedade diária.

 

(*) Paulo Eduardo Soares Santana é graduado em Psicologia e pós-graduado em Saúde Mental e Atenção Psicossocial. Psicólogo Clínico CRP 18/03454.

 

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