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, 28 maio 2024
 
 

Liderança, carreira e a armadilha da comparação

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7/5/2024 – Nº 736 – Ano 18

O ser humano é um animal que se compara em detalhes e de modo complexo. Faz parte da nossa única e elevada capacidade cognitiva. É involuntário. Esse processo pode ser útil, ao melhorarmos nossa compreensão do ambiente e na relação com nossos pares, dosando nossas ações e estratégias de competição, mas também pode ser tornar pernicioso, quando tomamos uma realidade parcial que muitas vezes imaginamos como a realidade completa, do todo.

Devemos lembrar que cada um de nós vive num mundo marcado pela busca por validação e sucesso e por isso a comparação é uma espécie de modelo contínuo que nos pressiona diariamente, mesmo que de modo involuntário. Isso vale para qualquer pessoa ou profissional e sua carreira.

A maioria de nós já deve ter lido ou ouvido falar do mito da caverna de Platão, que é uma filosofia atemporal de armadilha psicológica que muitos de nós cai todo dia sem perceber, e agora mais do que nunca, intensificado pelas mídias sociais.

Apenas para ciência, imagine-se, como um dos prisioneiros de Platão, acorrentados na escuridão de uma caverna, observando sombras dançantes na parede e acreditando que aquelas projeções são a própria realidade. Do mesmo modo, muitos de nós nos encontramos presos em um ciclo de comparação diário e contínuo, potencializado pelo ambiente digital atual.

As redes sociais, com sua capacidade de conectar pessoas em escala global, trouxeram consigo um novo nível de comparação, expostos a uma gama enorme de narrativas atentamente construídas e apresentadas como realidade absoluta. Ocorre que a vida perfeita, as conquistas extraordinárias de um colega de trabalho são apenas algumas das sombras modernas de nossa caverna particular, que nos seduzem e nos enganam. E muitas vezes até nos paralisam.

Por isso, essa comparação é uma medida inadequada e emocionalmente injusta, pois cada pessoa e cada profissional vive uma jornada própria, forjada por circunstâncias, pelos diferentes ambientes que viveu e os desafios singulares que enfrentou. Ao nos balizar pela realidade (sombra) dos outros nas mídias sociais, perdemos de vista a complexidade e a autenticidade da nossa própria vida real. É como se estivéssemos vivendo em um eterno estado de piloto automático, aceitando passivamente as narrativas superficiais que nos são apresentadas.

Por isso, liderar primeiro a nós mesmos, na nossa carreira, para então liderar aos demais requer capacidade de nos desvencilharmos dessas amarras invisíveis da comparação. Exige antes de tudo olhar além do que nos é apresentado e entender de fato que essas pequenas partes compartilhadas nas redes sociais são apenas partes editadas de uma realidade muito mais ampla.

Consciência é o primeiro passo, mas sair dessa caverna imaginada exige coragem, tenacidade e estratégia. Afinal, significa reconhecer que as projeções que inundam nossa timeline todo dia não refletem o todo da experiência dessas pessoas. Que por trás das fotos e vídeos filtrados com cuidado e dos relatos de sucesso, existem angústias, medos, indecisões e conflitos que raramente são tornados públicos. Normalmente dificuldades semelhantes que cada um de nós também vive.

Nesse sentido, a liderança também desempenha um papel fundamental. Os líderes, tanto em suas carreiras profissionais quanto em suas vidas pessoais, têm o poder de influenciar não apenas as pessoas ao seu redor, mas também a cultura organizacional e social em que estão inseridos, por isso adotar uma abordagem autêntica e compassiva, ajuda primeiro a si mesmo assim como a seus liderados, desafiando os padrões de comparação tóxica, promovendo uma cultura de aceitação, empatia e compaixão.

Acredito que a verdadeira medida do sucesso não é como nos comparamos com os outros, mas sim como nos comparamos com nossa trajetória, o eu anterior, percebendo e reconhecendo nossa evolução pessoal e profissional.

Por fim, ser um líder autêntico requer antes de tudo a aceitação da própria humanidade, com todas as suas falhas, limitações e imperfeições. Apenas ao reconhecer a nossa autenticidade é que nos tornamos líderes verdadeiros, capazes de inspirar e capacitar os outros a trilharem seu próprio caminho rumo ao sucesso e à realização pessoal.
Até a próxima.

(*) Eleri Hamer escreve esta coluna às terças-feiras. É empreendedor, Diretor da GoJob Brasil, business advisor, mentor, Talent Hunter, articulista e palestrante –[email protected] – www.linkedin.com/in/elerihamer – Originalmente publicado no Jornal A Tribuna – www.atribunamt.com.br

 

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