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, 21 maio 2024
 
 

Intolerância nas redes sociais: o discurso de ódio nos bastidores

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Ao abordar esse tema, primeiramente é imprescindível destacar a realidade do Brasil, uma vez que é composto por diversas crenças, raças e etnias, portanto, um país plural. O significado de intolerância, dentro do contexto psicológico, é uma atitude mental caracterizada pela falta de respeito em relação às diferenças em crenças e opiniões das demais. E, em um sentido político e social, trata-se da ausência de disposição para aceitar pessoas com pontos de vista diferentes.

Por ser uma atitude, a intolerância geralmente tende a aparecer de maneira negativa e hostil baseada em preconceito e/ou discriminação, sendo explícitas ou não. Dentre essas temos como exemplo o racismo, homofobia e intolerância religiosa como as mais evidentes, apesar de tantos outros presentes.

Atualmente, tem sido muito evidente, em decorrência da facilidade ao acesso da tecnologia, ataques por meio das redes sociais, mais conhecida como cyberbulling, que corresponde às práticas de agressão moral organizados por grupos, contra uma determinada pessoa e alimentada via internet. Além disso, a rede social permite um certo distanciamento, o que faz com que pessoas que realizam essa prática podem dizer coisas que pessoalmente não teria coragem em falar, mas que seus efeitos atingem diretamente o emocional das vítimas que sofrem com ofensas.

Quando uma pessoa posta ou compartilha algum discurso de ódio na internet, ela está reforçando e reafirmando um preconceito que ela já tem, já existente, e a reclusão atrás da tela do computador, facilita que cada um solte seus demônios. É uma reprodução no mundo virtual de algo que faz parte da realidade daquela pessoa, daquela sociedade. A intolerância nas redes é resultado direto das desigualdades e preconceitos sociais em geral e não uma “invenção da internet”.

O problema é que muitos acreditam que isso é exercer o direito da liberdade de expressão, mas comumente as pessoas vêm confundindo liberdade de expressão com discurso de ódio, que é aquele que tem como foco maltratar determinado grupo social bem como incentivar a agressão. E com isso, quanto sofrimento histórico a intolerância já causou.

Vale destacar reflexões importantes que podemos fazer diante dessa questão: por que algum aspecto de outra pessoa nos incomoda tanto ao ponto de sermos desrespeitosos e intolerantes? E qual a dificuldade em aceitar e/ou respeitar o outro dentro do que se é ou daquilo que tem como características subjetivas?

No intuito de clarificar melhor sobre esses questionamentos para você, caro leitor, existe o processo de projeção, que é inconsciente. Isso se dá quando a pessoa que o faz não percebe que o problema está nela, que aquilo que deseja com todas as suas forças “consertar” no outro, provavelmente está em seus pensamentos, atitudes e emoções. Isso explica de alguma maneira, em projetar no outro aquilo que não consegue trabalhar e até mesmo aceitar algo consigo.

É dever do psicólogo buscar meios que ajudem as pessoas a entender que a certeza é o fim da oportunidade de aprender, entender que só sou eu porque o outro existe, não no sentido de codependência emocional, mas sim de relação humana. E que a intolerância nada mais é do que fruto de uma baixa autoestima (disfarçada de personalidade forte), dos medos que assombram o indivíduo e dos sentimentos de inferioridade.

Se em nosso discurso afirmamos tanto em conviver em uma sociedade mais justa e empática, basta reavaliarmos se nossas atitudes e comportamentos estão congruentes com aquilo que falamos e pensamos. Pois só a partir de uma convivência de igualdade e respeito em lidar com as diferenças, a evolução humana estará mais presente, até porque nem todos terão as mesmas opiniões, crenças, origem ou classe social, a sociedade é diversa e viver em democracia é saber respeitar o diferente, é ter empatia.

E tudo isso não é diferente nos meios de comunicação. Mudar essa postura no mundo virtual também pode ajudar a sociedade a ter mais cuidado com o outro, que seja um lugar propício para trocas de experiências, que evidencie os aspectos positivos que a pessoa possui como também um lugar de ajuda, até mesmo para as pessoas que sofrem com esses ataques maldosos e sem fundamento. E que todas as frases bonitas e de expressão positiva vistas por aí realmente vá além de uma curtida e compartilhamento, mas que sim, esteja vivo dentro de si e em suas ações diárias.

Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem, religião, orientação sexual, entre outras questões. Para odiar, as pessoas precisam aprender. E se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar.

 

(*) Paulo Eduardo Soares Santana, Psicólogo Clínico– CRP 18/03454

 

 

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