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Cada um com a sua retórica

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28/08/2019 – Nº 549 – Ano 13

 

(*) Eleri Hamer

Vivemos no mundo das retóricas. Especialmente no ambiente político e nas relações internacionais ele se tornou subliminarmente o assunto recorrente nos noticiários e principalmente nas redes sociais. Cada um e cada grupo tem a sua retórica para ganhar tempo, espaço e recompensa.

Quando o grego Aristóteles escreveu os três livros seminais sobre a retórica talvez já imaginasse a importância crescente que teria para a humanidade, tamanho foi a especial atenção que ele deu ao tema. Prova cabal é que se utiliza em todos os meios e áreas. Da administração organizacional, na comunicação empresarial e pessoal, no marketing e nas relações entre estados e países. Arrisco-me a dizer que praticamente tudo em relação a comunicação, tem de algum modo, base nos alfarrábios aristotélicos.

Evidências nesse sentido são dadas por diferentes autores onde destacam que a retórica de Aristóteles está embasada na experiência consumada de hábeis oradores, na análise de suas estratégias e de como exercitar corretamente as técnicas de persuasão.

Porém, vale destacar que há duas abordagens dadas pelo eminente grego: uma voltada para o discurso feito em público, cujo objetivo é a persuasão, como arte de comunicação. A outra refere-se à retórica poética e literária, ocupando-se da evocação imaginária.

De prático, utiliza-se as duas abordagens no nosso cotidiano. E frequentemente as duas ao mesmo tempo. Para quem acha que a retórica poética, por exemplo, apenas é utilizada no campo que leva o seu nome, está muito enganado. O storytelling por exemplo, utilizado tanto nas palestras e treinamentos como na mentoria empresarial e profissional tem como base o bom e velho Aristóteles.

Apenas para conhecimento, o storytelling é a arte de contar histórias usando técnicas inspiradas em roteiristas e escritores para transmitir uma mensagem de forma inesquecível. Ou dito de outro modo, é utilizar elementos específicos, com significado e encadeamento lógico, em eventos com começo, meio e fim, buscando transmitir uma mensagem, conectando-se emocionalmente com o interlocutor.

No ambiente empresarial há farto material e exemplos que dão mostras da importância de conhecermos o mínimo sobre o tema, principalmente para entendermos sobre comunicação. Para ilustrar, como dizia Peter Drucker: “A coisa mais importante na comunicação é ouvir o que não é dito”.

A política é uma fonte inesgotável de utilização da retórica fundada por Aristóteles. A celeuma em torno das questões ambientais, do desmatamento e consequente fogo na Amazônia legal (tema central de quase todos os principais meios de comunicação nesta semana) é apenas a aplicação inconteste e evidente do tema no mundo real.

A começar pela declaração e retórica obviamente intencional do banqueiro Emmanuel Jean-Michel Frédéric Macron, atual presidente da França, sobre o tema das queimadas e o desmatamento na Amazônia.

Enquanto que Macron bate em Bolsonaro, na verdade ele busca uma aproximação com a esquerda francesa, algo que lhe é caro e necessário nesse momento político do seu país. Fora a questão econômica de destravamento do processo de integração com o bloco da América do Sul, que se arrastava a três décadas, o que não é nenhum pouco interessante para vários segmentos do agronegócio francês.

Mas, com uma retórica agressiva e ambientalista conseguiu chamar para si, pelo menos por algum momento, a aparente preocupação com o tema, trazendo simpatizantes e desavisados para o seu lado.

É claro que há a retórica nefasta, mal-empregada ou mesmo maliciosa, com adeptos em diferentes locais e momentos. O agora presidente do Brasil, neste caso em específico, tentou trazer a discussão para o cunho individual e de soberania, negando um problema que pode ser transmitido ao vivo para todo o mundo. Na sequência, com interesses diferentes entrando no jogo, tanto Macron como Bolsonaro, mudaram sua retórica, impelidos pela pressão mundial.

Talvez devêssemos de estudar e treinar mais sobre um tema que é utilizado por todos, tanto no ambiente pessoal, empresarial, como, e principalmente, no ambiente social em que vivemos. Seja no microambiente da sua casa ou comunidade, como no macro, do seu município, estado ou país.

Parece que Aristóteles estava mais uma vez correto.

Até a próxima.

(*) Eleri Hamer escreve esta coluna às terças-feiras e excepcionalmente nesta quinta. É professor, workshopper e palestrante – [email protected] – Originalmente publicado no Jornal A Tribuna – www.atribunamt.com.br

 

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