Voltei ao rancho que nasci
Onde com meus pais me criei
Na adolescência parti
Colher no mundo o que plantei.
O casebre havia perdido as palhas
Devido o tempo e a ventania
Mas ainda restava a fornalha
Onde mamãe assava o pão todo dia.
A armação de madeira
Indicava os compartimentos
Lembrei-me da janela e das goteiras
No dia de chuva e de vento.
Era tão significante pra mim
Reviver, cada detalhe exato
Hoje, tomado pelos cupins
E uma paisagem de mato.
O esteio principal da casa
Ainda temia em resistir
Cheio de pregos, portanto estava
Ninguém conseguiu destruir.
E a única estrada de chão
Que me assistiu na despedida
Encontrava-se cheia de erosão
Pela enxurrada, agredida.
Os fenômenos do tempo são assim
Tanto alimenta como destrói
Recordar foi bom pra mim
Mas existem momentos que dói.
(*) Francisco Assis Silva é poeta e militar – email: [email protected]