Decidi morar na fazenda
Num lugar tranquilo de fato
Levei comigo a minha prenda
Pra sentir o aroma do mato.
Naquelas primeiras semanas
Foi difícil acostumar
A gente colava a pestana
E esperava a noite passar.
Faltava movimento e agito
Coisas normais lá da cidade
Mais o meu recanto é bonito
Cheio de simplicidade.
Só quem vive sabe o sabor
Morar no meio das matas
Ter ao lado um grande amor
E um luar cheio de prata.
Na serra belas cascatas
Uma imagem natural e picante
Beleza que meu olhar desata
E dela me torno amante.
Quando é noite vira uma farra
Com presença de mariposas
Os pirilampos fazem algazarra
Fazendo do breu uma lousa.
De manha tem alvorada
Pois não temos despertador
O galo sabe a hora exata
Um artista sim senhor.
As angolas fazem barulho
Agradecendo o amanhecer
Isso me enche de orgulho
É só orar e agradecer.
Ao abrir minha janela
Fico defronte com a neblina
Um quadro lindo uma tela
Aguando o verde da colina.
E após tomar o meu café
E comer um pedaço de queijo
Coloco a botina no pé
Encho minha deusa de beijos.
Saio pelo vale a cavalgar
Derrubando gotas de orvalho
Não me canso de apreciar
A passarada nos galhos.
Quando retorno ao meu cantinho
Minha amada vem pro meu colo
Pois não fico sem seus carinhos
Nem o cheiro de relva do solo.
(*) Francisco Assis Silva é Bombeiro Militar em Rondonópolis – email: [email protected]
