31.7 C
Rondonópolis
, 20 maio 2024
 
 

A democracia na empresa

Leia Mais

- PUBLICIDADE -spot_img

Como regime de governo, a democracia, embora não seja perfeita, e talvez por isso mesmo, é o melhor dentre os possíveis. Pode ser moldada de acordo com as diferentes características de cada povo, originando as várias democracias que conhecemos, motivadas pela história e evolução de cada população. Contudo, uma unanimidade consiste no poder soberano das decisões que deve emanar do seu povo.
E nas empresas, a gestão e as decisões também devem ser democráticas? Há espaço para gestões mais autoritárias? Podem ser topdown ou devem ser buttom up? Certos princípios e práticas que determinam a filosofia das democracias, guardadas as pequenas diferenças entre elas, devem ser mantidas e replicadas na gestão das organizações?
Obviamente que, assim como nos regimes de governo, não existe um modelo apenas, capaz de servir de arquétipo basilar na gestão das organizações empresariais e pouco pode se transformar em padrão daquilo que já deu certo, como única ou encerrada essência.
Se não fosse essa dúvida recorrente, as empresas não evoluiriam, sucumbiriam por inanição e falta de inovação, tanto nos aspectos estratégicos como gerenciais táticos e operacionais. Mesmo assim, a filosofia de gestão com características democráticas marcantes tem sido recomendada com frequência, a ponto de se tornar o modelo queridinho dos gurus do management.
É evidente que devemos guardar salutar diferença de interesses e propósitos entre os governos de nações e o gerenciamento das empresas. O primeiro aspecto a se pensar, interessado em construir uma gestão mais democrática, é identificar não a gestão em si, mas em como funciona a estrutura gerencial da empresa.
Como ela está desenhada? Todos possuem condições de participação e há espaço para manifestações de necessidades individuais e coletivas? O modelo de gestão privilegia interesses coletivos que coadunam com os interesses organizacionais?
Se essas questões fazem parte das preocupações e da construção da alta administração, salvaguardando obviamente a meritocracia, cuja moeda sempre será o resultado da empresa, pode-se dizer que o caminho democrático está validado.
Nas organizações, assim como na sociedade, nem todos participam efetivamente nos rumos da organização, mesmo que instigados. Alguns buscam a participação lógica e ocupam espaços, mas precisam ser estabelecidos limites.
A gestão democrática faz bem para a inovação, a descoberta de dificuldades e soluções, e contribui para a aprendizagem organizacional. Contudo, é importante que, ao construir esta filosofia na organização, alguns cuidados sejam tomados.
Dentre eles o mais importante é de que nem tudo é passível de aceitação pela alta direção e de que os resultados não dependem apenas de esforço de quem está na organização. O ambiente exerce um poder gigantesco sobre os rumos das empresas e muitas vezes não são controláveis.
A democracia organizacional possui um viés pernicioso que é crivo dos gestores e demais stakeholders, dependendo do equilíbrio, da inteligência e capacidade de ambos para se estabelecer com competência e vencer a concorrência.
Contudo, por mais democrático que seja o modelo de gestão é fundamental direção clara, evidente e cuja flexibilidade é dirigida apenas pelos sinais do mercado e não pela vontade volátil dos gestores ou dos próprios colaboradores.
A confiança dos colaboradores e o respectivo interesse e participação destes na direção da empresa é influenciado diretamente pela clareza de propósitos. Todos gostam de saber para onde estão sendo conduzidos, o que empresta confiança para que contribuam, tenham abertura e se esforcem na direção correta.
Embora possa parecer um contrassenso, mais do que isso, cada um precisa saber o seu lugar, guardar a sua posição e ser responsável pelos resultados alcançados com o seu empenho. Existe certo pudor em dizer que a autocracia, em determinados momentos, é fundamental, e de que em outros, a democracia pode ser perniciosa. Mas é assim que o modelo se constrói.

Boa semana de Gestão & Negócios.

(*) Eleri Hamer escreve esta coluna às terças-feiras. É professor do IBG, workshopper e palestrante – [email protected]

- PUBLICIDADE -spot_img

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor, digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Publicidade -
- PUBLICIDADE -

Mais notícias...

Previsões do mercado para Selic, inflação e juros sobem; para o PIB houve queda

O mercado financeiro elevou pela terceira vez seguida a previsão para a taxa básica de juros, a Selic, para...
- Publicidade -
- Publicidade -spot_img

Mais artigos da mesma editoria

- Publicidade -spot_img