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Rondonópolis
, 23 maio 2024
 
 

19 de abril e os povos indígenas: reflexões

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Diferente dos anos anteriores, o dia em que se comemorava o Dia do Índio era somente o dia 19 de Abril; as comunidades Indígenas em suas organizações entenderam que um dia somente, para “comemorar” sua existência e tradições, não era o suficiente, pois afinal, há motivos de festejar e celebrar sempre a existência destes povos tão históricos e importantes no cenário cultural brasileiro.
Diante de suas percepções e reflexões, definiram  que não bastavam somente festas, mas também importantes reflexões quanto a situação de suas próprias vivências em seus vários contextos. Celebra-se as suas resistências, suas afirmações, suas lutas e suas preocupações diante do cenário em que se apresentam de forma contundente da conjuntura atual frente a estes povos.
Também aproveitam nestes dias, para fazer algumas manifestações públicas visando chamar a atenção das autoridades legais, a respeito da conscientização aos seus direitos e à justiça. A questão Indígena sempre foi muito preocupante, pois quem acompanha a trajetória histórica destes povos no Brasil desde o ano de 1.500, pode afirmar.  A história foi e continua sendo até os dias atuais, de muita luta, descasos, e de marcas profundas na tradição indígena.
O Estado Brasileiro mais do que ser consciente de seus deveres e dívidas históricas com esses povos, deveria preservar-lhes a vida, demarcar os seus territórios tradicionais e cumprir os direitos indígenas garantidos nos artigos 231 e 232 da Constituição Federal de 1988.
Por outro lado, os povos indígenas se preocupam em manter-se fortalecidos em seus ritos tradicionais, em suas culturas, e preservam com firmeza sua língua materna, costumes e leis próprias.
Uma das grandes preocupações da Pastoral Indigenista atualmente, é a situação de muitos povos, que se encontram em extrema situação de riscos e perigo de extinção, “extermínios” da etnia, aqui citamos o caso do Povo Guarani Kaiowá no MS, Terenas, uma situação de clamor que nos deixa de mãos atadas por falta dos recursos necessários para esta causa.
Na região de Rondonópolis, ainda existem  aldeias do histórico Povo Boe Bororo, constituídos pelas Aldeias Tadarimana, Piebaga, Córrego Grande com aproximadamente 1.180 Indígenas, que também enfrentam sérias machucaduras do passado e porque não dizer, da atual também; e sem perspectivas de um futuro melhor para as crianças, adolescentes e jovens, buscam junto com a Pastoral Indigenista e do CIMI- Conselho Missionário Indigenista, formas de melhorarem suas vidas e de apoio sociocultural.
O povo Boe “Bororo”, ainda mantém vivo os seus Ritos Tradicionais fúnebres (rito forte e de grande peso na cultura Boe Bororo), pescarias, caçadas, danças, nominações, passagens de adolescentes para a vida adulta, sua língua materna Boe bem preservada e praticada por adultos e crianças, e ainda preservam também a casa central “Baíto” onde realizam seus rituais.
O avanço tecnológico também chegou nas aldeias, há professores formados com licenciaturas em curso superior indígena, e também em outros cursos. Hoje conta-se com 12 professores, um diretor e um coordenador pedagógico; conta-se ainda, com a ajuda dos anciãos indígenas, que  trabalham na  transmissão dos saberes tradicionais no cotidiano da escola, além de que, todos os professores fortalecerem a língua materna no meio escolar. Percebe-se um novo olhar em todos os âmbitos, uma nova geração indígena, sobretudo a juventude, percebe-se um novo pensamento, novas perspectivas, mas junto com as novas descobertas existe também, a preocupação e recomendação de se preservar o que é próprio deles, este é um dado interessante.
Os povos Boe Bororo, acolheram a religião Católica Apostólica Romana em suas aldeias devido ser esta, a que mais se identifica com seus ritos. Com isto, a Diocese de Rondonópolis, seguindo orientações do nosso Bispo Dom Juventino Kestering, tem se empenhado através da Pastoral Indigenista, na ajuda das causas dos povos indígenas, mantendo sempre cuidados especiais, pois as celebrações realizadas nas aldeias devem acontecer de forma inculturada para que não seja ferida  a tradição milenar preservada por eles.
As festividades deste ano nas aldeias, priorizará nas festas comunitárias,  somente as comidas originais (típicas) do povo Boe, assim aproveitarão para afirmarem as suas tradições culinárias e resgatarem algumas que ficaram esquecidas com o tempo. Com certeza será uma semana de intenso ritual, alegria e resgate de suas histórias e tradições.
Nós, da Pastoral Indigenista, esperamos que neste dia 19 de abril, que é uma data oficial brasileira dedicada aos povos indígenas, que seja um dia de intensas celebrações pela vida desses povos, que merecem nosso apoio, respeito histórico, cívico e cristão.

(*) Silvia Pinheiro, missionária CIMI
(*) Daniela Barêa, missionária Aliança – Missão Ide

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