Pesquisa sobre agricultura familiar em Rondonópolis

A atividade agropecuária é uma das mais antigas realizadas pela humanidade. No Brasil, ela ocupa papel relevante na geração de emprego e de renda. Mesmo diante dessa proeminência, há ainda muitos problemas que precisam ser resolvidos na zona rural, especialmente, aqueles que se referem à agricultura familiar.
A conotação para o termo agricultura familiar é diversa. Neves (2012) em seu artigo sobre a temática, no dicionário da Educação do Campo, assinala uma variedade de tipologias, diante da extensa variedade de situações históricas e socioeconômicas em que o mesmo está inserido.
Tomando como base uma de suas definições, agricultura familiar, portanto, corresponde a organização da produção em que a família é ao mesmo tempo proprietária dos bens de produção e executora das atividades produtivas.
O apontado pela autora corrobora que os sujeitos envolvidos nesta pesquisa, ou seja, os pequenos produtores rurais se enquadram como agricultores familiares, tendo em vista, apresentarem tais características.
Importante ressaltar que a escolha em pesquisar sobre a agricultura familiar, desenvolvida por alguns produtores deste município, partiu da necessidade dos educandos do 2o ano do Ensino Médio da EMR 14 de Agosto, salas anexas a E.E. José Rodrigues dos Santos, em entender sobre o assunto, sobretudo, de se compreenderem como sujeitos integrantes desse grupo, já que são filhos de trabalhadores rurais que desenvolvem a mencionada atividade.
A pesquisa foi desenvolvida pelos alunos da turma acima mencionada, em dois momentos distintos, porém complementares. Primeiro esses educandos entrevistaram 20 pequenos produtores rurais, localizados na região circunvizinha à citada Unidade de Ensino, neste município de Rondonópolis. Tais produtores responderam a um questionário com dez questões que tratavam de diversos aspectos, como por exemplo, a renda familiar, a atividade econômica que desenvolvem, o destino da produção, entre outras.
Num segundo momento, entrevistaram oito feirantes, que desenvolvem sua atividade na feira do Pequeno Produtor Rural, nas quartas-feiras, na Vila Aurora. O questionário foi composto por nove questões, que levantou dados sobre a origem dos produtos que comercializam no local, a renda mensal obtida, quais as pessoas da família envolvidas na atividade, que avaliação fazem do lugar, entre outras. Na oportunidade, os educandos, puderam ainda presenciar um pouco do trabalho que esses feirantes desenvolvem no local.
O desenvolvimento dessas entrevistas teve como objetivo levantar diferentes informações sobre a agricultura familiar, praticada neste município. Dentre elas, a importância da atividade enquanto geradora de trabalho e renda para esses produtores, e de outro lado, a necessidade de direcionar políticas públicas para tais sujeitos, seja na orientação técnica, na produção, ou mesmo na comercialização dos produtos que desenvolvem.
Ao propor realizar tais atividades, envolvendo os educandos que vivem na zona rural e estudam em uma escola do campo, buscou-se o assinalado por Arroyo (2004) sobre a necessidade de o currículo da escola do campo incorporar em sua matriz os saberes culturais do campo, sem perder de vista as dinâmicas que ocorrem na sociedade e que, além disso, tais saberes possam preparar esse sujeito para a realização plena do ser humano como humano.
Os dados levantados com os vinte produtores rurais confirmam que há uma diversidade de produtos alimentícios produzidos por eles, contudo, ratificam que o poder público ainda é ausente, nos aspectos anteriormente mencionados, pois, ao desenvolverem a agricultura ou mesmo a pecuária, se valem tão somente dos conhecimentos que possuem sobre elas.
Em relação àqueles que comercializam seus produtos na feira da Vila Aurora, tal situação não difere muito, pois, apesar de haver o espaço para venderem o que produzem, afirmam faltar mais apoio, mais divulgação da feira que é realizada, no local. E sobre esse aspecto, apontam como principal agente, o poder público.
Apesar da falta, ou do pouco apoio do poder público, a maioria se considera feliz no campo e também satisfeita com a atividade que desenvolve. Mesmo assim, não deixou de mencionar para a necessidade de haver mais investimentos do poder público à agricultura familiar, com condições de acesso e transporte de suas mercadorias, além da assistência técnica.

(*) Rosemeire Aparecida Cardoso Correia é professora da EMR 14 de Agosto e mestra em Educação/CUR/UFMT – E-mail: [email protected]