Entrar no mercado de trabalho sempre é um desafio adicional para os jovens em início de carreira. Tem sido um assunto recorrente nas discussões familiares, nas análises de vocação profissional e de formação, tanto dos cursos técnicos como os bacharelados. Enfim, um problema de pais, professores e principalmente dos jovens.
Não há milagre nessa tarefa. Sabemos de pronto que ao mesmo tempo em que existem mais oportunidades em função do desenvolvimento do País, também devemos lembrar que a mobilidade, os meios de comunicação e a dinâmica do conhecimento têm distanciado ainda mais os menos assistidos das oportunidades que surgem e reduzido a importância da informação e privilegiado o conjunto de habilidades e competências dos candidatos a uma vaga.
Dito de outro modo, existem muitas vagas, mas ao mesmo tempo muitas pessoas possuem conhecimento similar. Assim, uma verdade é evidente, de que não basta que o candidato saiba, ele precisa se atualizar e avançar constantemente, pois como tudo muda e as exigências também mudam, rapidamente ele estará obsoleto.
Se essa é a tônica, temos um problema social que se agrava. O de garantir de que todos tenham o mesmo acesso aos recursos de atualização e de desenvolvimento, permitindo que consigam acompanhar o desenvolvimento, pelo menos sendo capazes de utilizar as principais ferramentas necessárias nos ambientes organizacionais.
De qualquer modo, independente das oportunidades que o Estado oferece para reduzir a desigualdade, em todos os ambientes há uma parcela significativa de realização que depende exclusivamente do indivíduo e da sua família. Há milhares de casos de pessoas em desfavorável condição sócio-econômica, e que, graças à perspicácia e determinação, foram capazes de se preparar e, enfrentando as dificuldades da sua condição, se inserir no mercado de trabalho, progredindo e vencendo na vida.
Percebo que tudo começa pelo objetivo da procura. Diz respeito um pouco a sua filosofia de vida. A maioria ainda procura um emprego, no sentido estrito da palavra, buscando empregar ou emprestar a sua força ou o seu conhecimento em favor de alguém ou de alguma empresa.
No entanto, devemos observar que ninguém contrata um funcionário por aquilo que ele sabe e sim pelo retorno que ele poderá trazer para a empresa. Assim, o primeiro passo é o candidato saber se vender. Entender o juízo de valor que o empregador estabelece em torno da função que ele está disponibilizando.
O segundo, é que quando se vai para o mercado, é necessário que essa pessoa tenha alguma qualidade, saiba fazer algo bem, mesmo que seja o mínimo, mas em algum aspecto ele precisa se destacar. Se quiser apenas uma oportunidade para aprender tudo, dificilmente conseguirá um espaço.
Pode ser algo muito simples, dado que não se espera grandes feitos para quem está começando. Pontualidade e interesse por tudo o que está acontecendo já é um bom começo. Os jovens de um modo geral são muito dispersos, por isso quando aparece alguém que é muito atento a tudo, ele se destaca.
Ele não precisa gastar nada ou quase nada para se informar e saber o que está acontecendo no mundo, no seu Estado, na sua cidade ou mesmo no seu bairro. Se interessar pela conversa dos mais velhos, ler um jornal, mesmo que seja o do dia anterior é um ótimo começo. A maioria das empresas nem sabem o que fazer com os jornais lidos. Você pode pegá-los de graça. Além disso, criar o hábito de assistir a pelo menos um dos jornais televisionados diariamente, também ajuda.
No aspecto técnico, pode começar fazendo um curso qualquer. De digitação, por exemplo, informática básica, de atendimento, estoquista, alguma ferramenta como o Excel ou outros, muito utilizados nas empresas. Algo operacional, que normalmente é por onde a maioria entra nas empresas.
Há muitas oportunidades para fazer esses cursos, inclusive sem custo, pela internet ou mesmo nas instituições públicas ou associações de classe. Há excelentes cursos e mesmo os que não forem tão bons, se ele tiver dedicação e persistência acima dos demais, certamente se destacará, e com frequência nestes locais as oportunidades já aparecem e encaminham os candidatos ao mercado.
Mas precisa estar ciente de que os cursos são apenas o primeiro passo. Os candidatos ao mercado de trabalho precisam se dedicar e fazer o melhor possível, não apenas o necessário. Em seguida, um ótimo caminho é procurar por um estágio. Sem grandes pretensões de remuneração. O foco deve ser fortalecer o seu currículo. Se houver dedicação e interesse, ela virá como consequência. Mas lembre-se, não há empresário que queira um funcionário que faça apenas o necessário.
Nesta fase, o jovem precisa fazer qualquer coisa. Não deve estar preocupado se isso será a carreira dele. É o momento de experimentar, criar experiência e permitir que possa agrupar conhecimentos diversos tonando ele mais que um profissional, um cidadão, capaz de, no futuro, fazer escolhas e dirigir.
Boa semana de Gestão & Negócios.
(*) Eleri Hamer escreve esta coluna às terças-feiras. É Diretor de Relações com o Mercado do IBG, professor e palestrante – [email protected]
