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Rondonópolis
, 21 maio 2024
 
 

A vinda do príncipe Charles

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Coincidência a vinda do príncipe Charles ao Brasil, justamente dias antes da votação final pelo Supremo Tribunal Federal sobre a demarcação em terras contínuas da reserva indígena Raposa Serra do Sol em Roraima? Entendemos que não, pois não estão em jogo os índios daquela vasta região, mas, mais precisamente, as riquezas existentes, principalmente no subsolo, como ouro, diamante, nióbio, petróleo e outros minerais nobres, além da própria floresta com sua imensa fauna.

O príncipe Charles com sua “inocente” campanha ambientalista e interesse ecológico esconde outros interesses, que existem há décadas sobre a Amazônia e que não nos interessam. É interessante lembrar que, em abril de 1991, o príncipe efetuou uma visita ao Brasil a bordo do iate real Brittannia, ancorado no Rio Amazonas e promoveu, por dois dias, um seminário, do qual participaram David Triper (ministro de Meio Ambiente da Inglaterra), William Reilly (coordenador do Meio Ambiente da Comunidade Européia), Robert Horton (presidente da British Petroleum), o então presidente do Brasil Fernando Collor de Mello e o engenheiro agrônomo e ambientalista José Lutzenberger, dentre outros ilustres convidados.

Meses após esse seminário, Collor de Mello criou a gigantesca reserva Ianomâmi, cuja etnia, ao que tudo indica, foi inventada por antropólogos da ONG Survival International (criada em 1969 junto ao Palácio de Buckingham), braço do WWF. Interessante frisar que a reserva foi criada, inicialmente, com 2,4 milhões de hectares. Fizeram-se levantamentos pelo Projeto Radam-Brasil em 1975 sobre as jazidas minerais existentes na Amazônia e devido a enormes pressões alheias aos interesses nacionais vindos do exterior, ampliaram a reserva para 5 milhões de hectares e hoje conta em torno de 10 milhões de hectares, por força de Decreto Presidencial, assinado em 15 de novembro de 1991 pelo presidente Fernando Collor de Mello. Prevaleceu a oligarquia britânica e do presidente dos Estados Unidos George Bush, sobrepondo-se aos interesses da segurança nacional, mas acenavam com a possibilidade do Brasil ingressar no clube das nações ricas do chamado Primeiro Mundo. Ingenuidade e ilusão.

Cabe lembrar que, coincidentemente, quando o assunto em evidência é a reserva indígena Raposa Serra do Sol, o príncipe Charles está por perto. Foi o que aconteceu também no início do ano de 2000, quando a sociedade roraimense foi contra a criação da reserva, Charles visitava a Guiana (ex-colônia britânica), com a qual fazemos fronteira e participou da inauguração da reserva ambiental Iwokrama (400 mil hectares, situada na região do rio Rupunini, cujo território outrora pertencia ao Brasil). É evidente que há interesses por trás disso tudo, pois seis meses antes Paul Taylor (secretário do Ministério de Relações Exteriores do Reino Unido) e John Pearson (secretário da embaixada britânica no Brasil) percorreram Roraima para “conhecer de perto a realidade indígena” do Estado.

Acontece que a área da reserva indígena Raposa Serra do Sol faz parte das terras reclamadas pela Inglaterra em meados do século 19, delimitadas pelo rio Cotingo, desde a sua nascente, até se encontrar com o rio Tacutu. Essas terras contestadas pela Inglaterra eram de 54.687 km2. Em 1891, reduzido para 25.187 km2, sendo que o Brasil renunciou a 15.087 km2, ao aceitar o laudo do rei Vittorio Emanuele I, da Itália, em 1904, escolhido pelas partes conflitantes como árbitro da contenda.

Interessante lembrar, pois é de suma importância, que a Inglaterra invocou o “fator indígena” para justificar a posse das terras, pois diziam que eram habitadas por “tribos independentes que clamam pela proteção britânica” (cf. Obras do Barão do Rio Branco, vol.II – Questões de Limites Guiana Britânica, Ministério das Relações Exteriores, 1945).

É justamente nessa região, historicamente explosiva, que o atual governo brasileiro, através da homologação da reserva indígena Raposa Serra do Sol em terras contínuas pelo STF, que os arrozeiros e fazendeiros deverão ser expulsos. É por todos sabido que o “fator indígena” e o “fator ambiental”, alardeados aos quatro ventos por centenas de ONGs que livremente atuam no Brasil, a serviço de potências estrangeiras, foram longe demais. É chegada a hora do basta. O Brasil não pode mais continuar com seu atual território, bastante arranhado, loteado e devastado na Amazônia.

(*) ORLANDO SABKA é morador em Rondonópolis – E-mail: [email protected]

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