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Você sabe o que é nutrigenômica?

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noEsqueça as dietas da moda. O frango com salada que enxugou as medidas de muita gente pode simplesmente não ser tão benéfico assim para você. É que a singularidade biológica dos organismos, determinada pelo DNA, faz com que o efeito dos nutrientes seja diferente em cada corpo. Esse é o princípio da nutrigenômica, um campo do conhecimento que começa a ganhar força no Brasil. No último domingo, especialistas nacionais e internacionais promoveram o maior fórum de discussão sobre o tema no País: o Congresso Internacional de Nutrigenômica, realizado no Guarujá, litoral paulista.
A agência sanitária americana, Food and Drug Administration (FDA), criou até uma divisão especial para as pesquisas sobre nutrigenômica, em 2006. Para os cientistas, essa nova proposta, que faz a ponte entre comida e genética, vai revolucionar o conceito de alimentação saudável. Isso não significa que gordura ou sal em excesso possam algum dia ser considerados bons para a saúde de alguns. Mas, sim, que todo profissional terá de levar em conta aspectos muito mais complexos que o número de calorias ao prescrever uma dieta. Será preciso ter um olhar detalhado para o emaranhado genético de cada paciente: o DNA, com seus quase 30 mil genes.
Muito além de discutir o peso certo e os aspectos estéticos das dietas, a nutrigenômica pode atuar na prevenção e no tratamento de doenças crônicas não transmissíveis, como problemas cardiovasculares, diabete, obesidade e câncer. Essa é a grande aposta dos pesquisadores. Isso porque os genes não são estáticos: eles sofrem interferências da alimentação, assim como são suscetíveis aos fatores do meio ambiente, entre eles poluição e radiação solar.
A ideia é investigar a fundo como os nutrientes e os diversos compostos presentes nos alimentos afetam os genes – tanto na recuperação dos tecidos quanto no ataque à saúde. Será possível, a partir disso, controlar esses mecanismos pelo simples ato de comer ou deixar de ingerir o alimento cuja propriedade atue diretamente sobre o gene envolvido no desenvolvimento de uma determinada doença.
A evolução da nutrigenômica tem relação direta com a decodificação do genoma humano – ocorrida em 2003, num dos estudos mais importantes para a ciência moderna. “O que se descobriu com o projeto do genoma humano é que somos 99,9% parecidos e 0,1% diferentes. Mas são justamente essas diferenças que fazem com que cada pessoa responda de modo diferente aos mesmos estímulos”, afirma a cientista e professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Lúcia Regina Ribeiro, coordenadora da Rede Brasileira e Latino-americana de Nutrigenômica – única instituição nacional especializada nessa temática.
Código genético – As diferenças genéticas podem explicar, por exemplo, porque nem todo mundo consegue baixar o colesterol reduzindo o consumo de gordura. Nesse caso, tudo depende do código genético que cada corpo tem para a proteína que é responsável pela absorção do colesterol. “Os alimentos certos vão até o DNA e ligam o interruptor da saúde e desligam o da doença”, explica a nutricionista Sandra Soares Melo, doutora em Ciência dos Alimentos pela Universidade de São Paulo (USP) e uma das pioneiras no estudo da nutrigenômica no País.
Coordenadora do Laboratório de Biologia Molecular do Setor de Lípides da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a cardiologista Maria Cristina Izar acredita que os tradicionais preceitos da nutrição deverão ser revistos com o avanço desse novo ramo da nutrição. “Hoje em dia, se diz que tantos gramas de fibras por dia são ideais em qualquer dieta, como se todos tivessem a mesma resposta a esse alimento”, diz. “Quando não se conhece a composição dos genes, existe a tendência de padronizar determinadas condutas, o que nem sempre funciona”.
Para os pesquisadores, outra revolução ligada aos conhecimentos da nutrigenômica é a possibilidade de a alimentação correta vir desde o berço. “Seria possível saber que, se a pessoa não comesse determinado nutriente, isso poderia evitar o câncer ou a diabete”, afirma Maria Cristina.
No futuro, acreditam os especialistas, não haverá espaço para dietas generalistas, dessas que motivam best sellers sob promessas milagrosas. “Cada paciente vai ter uma intervenção específica. Um modelo para todo mundo não funciona. É preciso atender às especificidades de cada um”, explica Thomas Ong, farmacêutico-bioquímico e professor doutor do Laboratório de Dieta, Nutrição e Câncer da USP. “Acredito que, no futuro, alguns pontos vão permanecer gerais na nutrição, como o excesso de sal ou de açúcar refinado fazer mal à saúde. Mas vamos saber quem, em particular, deve tomar mais cuidado com esses excessos”, diz.

NA PRÁTICA…

Doutora em Ciências dos Alimentos pela USP, a nutricionista Sandra Soares Melo é uma das primeiras profissionais brasileiras a aplicar os conceitos da nutrigenômica na prática clínica. Os pacientes dela são submetidos a um procedimento chamado anamnese clínica nutricional: uma entrevista que dura cerca de 1h30, em que a profissional analisa os hábitos alimentares, o estilo de vida e o histórico familiar de doenças do cliente. Com base nisso, Sandra solicita o exame genético focando nas doenças com indícios de predisposição. O teste é feito com amostras colhidas pelo método de esfregão bucal (com base no DNA da mucosa da boca). Por enquanto, é possível fazer o mapa genético para câncer, problemas cardiovasculares, obesidade e mal de Alzheimer.
O mapeamento genético para cada tipo de doença custa, em média, R$ 300. Com os resultados dos exames e o material da entrevista, Sandra elabora um tratamento personalizado. “O paciente não sai daqui com um diagnóstico de câncer, por exemplo Sai, sim, com a informação de que tem a predisposição genética para isso”.
No caso de um paciente com câncer, a nutricionista vai indicar em sua dieta alimentos como linhaça, aveia, frutas cítricas, brócolis, couve-flor e suco de uva. Não será recomendada a carne vermelha, mas o alimento não será excluído do cardápio – a indicação será de uma vez por semana.
Desde setembro de 2009 Sandra vem usando o método, que já foi aplicado a 300 pacientes. O perfil é heterogêneo: de gente que tem histórico de câncer na família a pessoas que desejam só emagrecer.

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  1. Oi Dr.Sandra sou aluna do curso de nutriçao da UNP /RN e estou estudando este assunto que pelo qual tenho muito interesse. Se por acaso tiver alguns textos que possa me mandar por email agradeço pois o meu grupo de estudo vamos fazer um artigo sobre Nutrigenômica e estamos fazendo varias pesquisas.
    Desde já agradeço sua atenção.
    [email protected]

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