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, 16 maio 2024
 
 

Existem explicações racionais para o amor?

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noMotivo de canções românticas e novelas açucaradas, o amor parece ser um sentimento livre de explicações racionais. Mas o que os especialistas vêm tentando mostrar é que os longos suspiros e o intenso sentimento de felicidade ao lado do par romântico são sustentados por justificativas fisiológicas. Elas poderiam, aliás, determinar o tempo de uma paixão e os estágios do relacionamento. É o que explica a médica Cibele Fabichak, mestre em fisiologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), no livro “Sexo, Amor, Endorfinas & Bobagens” (Editora Novo Século, R$ 29,90), que acaba de chegar às livrarias. “A paixão tem um prazo de validade. Dura de um a quatro anos, aproximadamente”, declara ela.
É nesse estágio inicial do relacionamento que está o casal de estudantes Flora Brasil Orlandi e Ricardo Tuma Guarinto, ambos de 22 anos. Sorrisos e olhares apaixonados fazem parte da rotina deles, assim como apelidinhos fofos: ele é o “lindurso” (que significa a junção de lindo com urso, na visão da namorada). Os dois contam que ficam angustiados quando passam um dia inteiro sem conseguir manter contato. “Mesmo com pouco tempo de namoro, sofro muito quando estou longe dele”, diz Flora
Para Cibele Fabichak, o estado de felicidade extrema que Flora e o namorado compartilham quando estão juntos é um dos sinais que indicam o nascimento de uma paixão – marcada pela ação de hormônios, entre eles adrenalina, cortisol e endorfina. É por causa desses hormônios que o coração dispara, as mãos ficam trêmulas e o apaixonado sente aquele característico frio na barriga.
“Estamos começando a entender o funcionamento dos hormônios em cada fase do relacionamento”, detalha a médica. Existem, segundo ela, três estágios no romance. “Começa com o desejo sexual, seguido pela sensação de euforia e felicidade ao lado da pessoa, que é o estágio da paixão romântica. Posteriormente, há a criação de um vínculo duradouro. Às vezes, não ocorre nessa ordem”.
Juntos há sete anos, a estudante de direito Patrícia Leite, 22 anos, e o engenheiro Daniel Brochini Huamani, 26, conseguem diferenciar a empolgação inicial do namoro da tranquilidade de um relacionamento consolidado. “No começo, eu tinha aquela sensação de borboletas no estômago. Hoje, já entrou mais numa relação de cumplicidade”, conta Patrícia. “Mas ainda há aqueles momentos nos quais ele faz uma surpresa ou um jantar romântico. Aí, sinto como se fosse no começo”. Na entrevista abaixo, Cibele Fabichak conta o que a ciência tem de novidade sobre a química do amor.

“Há um encantamento por tudo no outro, até pelos hábitos mais irritantes”, afirma especialista

Cibele Fabichak, mestre em fisiologia pela Unifesp, é autora do livro “Sexo, amor, endorfinas & bobagens”. Cibele garante que o cérebro do apaixonado engana a pessoa, criando uma percepção irreal do parceiro, na qual defeitos não existem. “Há um encantamento por tudo no outro, até pelos hábitos mais irritantes, que no começo parecem charmosos e bonitinhos”, analisa. Aqui, ela fala sobre essa e outras especificidades da química do amor.

– Como você diferencia o amor da paixão?
– No amor há a construção gradual de um relacionamento no qual se estabelece o respeito, o compartilhamento, a amizade e, em geral, ocorre depois da paixão. A paixão é a fase inicial do amor e tem como componentes fundamentais o desejo e a atração física. Lembrando que o desejo pode vir sozinho, ou seja, é possível desejar alguém sem estar apaixonado.

– A infidelidade tem explicação biológica?
– A ciência está começando a entender o amor e a paixão do ponto de vista biológico, mas já é possível falar na contribuição de alguns hormônios que têm a ver com a fidelidade e com a criação de um vínculo único. Por exemplo, com o aumento da ligação romântica de um casal, a concentração de oxitocina aumenta. Esse hormônio também é chamado de hormônio do afeto, da confiança ou do amor, e os níveis são diferentes no homem e na mulher. Nas mulheres, os índices são maiores. Alguns cientistas têm afirmado que, conforme o relacionamento vai sendo construído, os níveis no homem começam a aumentar e ajudam a estabelecer um comportamento mais meigo, calmo. Este fato biológico pode facilitar a aproximação e a intimidade.

– Como a química cerebral se altera no rompimento amoroso?
– Por meio de exames de ressonância magnética funcional, um estudo da norte-americana Helen Fisher observou que os casais que tiveram rompimento da relação por rejeição apresentaram, do ponto de vista biológico, duas etapas. Primeiro, a pessoa rejeitada tem suas áreas cerebrais da paixão reativadas mais intensamente e há tentativas desesperadas de a pessoa ir em busca de quem a rejeitou. É como se o cérebro fizesse um último esforço para trazer de volta o objeto que gera prazer e motivação para o apaixonado. À medida que o tempo passa, essa química tende a diminuir e a pessoa entra em um estágio de intensa tristeza, que pode gerar o sentimento de ódio. Este sentimento, dentro de certos limites, é considerado saudável e tem como objetivo o distanciamento da fonte de sofrimento. Essa resposta é interessante, pois se observa um aumento da atividade do córtex pré-frontal e orbitofrontal que respondem pelo discernimento crítico, pela lógica, pela razão. Geralmente, é um período passageiro e o melhor é estar aberto a outros relacionamentos.

– Por que as pessoas nem sempre conseguem se desvencilhar de relacionamentos prejudiciais?
– As intensas alterações químicas que ocorrem no cérebro e no corpo das pessoas quando se apaixonam independem de um controle voluntário e racional. A inteligência não tem o poder de controlar as respostas hormonais e comportamentais geradas a partir do momento em que o cérebro identificou no escolhido sua grande fonte de prazer. Em outras palavras, a percepção pode ser facilmente distorcida quando se está experimentando fortes emoções, como é o caso da paixão, e isso faz com que a pessoa acredite que encontrou a pessoa certa. O cérebro nos engana e cria uma percepção irreal do outro, na qual defeitos não existem, o medo do desconhecido é drasticamente reduzido e os critérios de avaliação racional do parceiro estão muito diminuídos. É por isso que o risco de os apaixonados cometerem equívocos é muito grande.

– Há dependência química amorosa?
– Do ponto de vista químico, a paixão é muito semelhante ao vício. Uma das regiões cerebrais estimuladas em ambas as situações é o centro do prazer e recompensa, situado bem na área central do cérebro, onde está o sistema límbico, a nossa “central das emoções”.

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