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, 30 maio 2024
 
 

Identificando o tipo de dor de cabeça

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O ziriguidum do carnaval pode ter sido o gatilho para a dor de cabeça. O excesso de barulho, o abuso no consumo de bebidas alcoólicas e pouco tempo para dormir são motivadores da cefaleia tensional episódica e da enxaqueca.

Esses são apenas dois tipos de dores de cabeça conhecidos pelos médicos. No total, são quase 300, segundo classificação publicada em 2004, pela Sociedade Internacional de Cefaleia. Cada tipo tem um quadro clínico, causas distintas e tratamento diferente. As dores mais frequentes são as primárias, ou seja, aquelas que são o problema em si, devido a alterações químicas cerebrais. Outras são causadas por quadros como lesões, tumores ou infecções.

O tipo mais comum é a cefaleia tensional episódica, a dor de cabeça comum. “É aquela que todo mundo já teve. Ou porque dormiu mal, bebeu um pouco a mais ou trabalhou excessivamente. É de leve a moderada e cede com qualquer analgésico comum”, explica a neurologista Célia Roesler, membro titular da Academia Brasileira de Neurologia.

A enxaqueca, porém, é a mais conhecida. Ela é genética e ocorre devido a uma disfunção química cerebral. “A Organização Mundial de Saúde listou a enxaqueca entre as dez doenças que mais comprometem a qualidade de vida”, diz o doutor em neurologia Abouch Valenty Krymchantowski. É mais comum nas mulheres devido às alterações hormonais – de cem casos, 70 são mulheres. A dor é geralmente forte e latejante, em um lado só da cabeça. Dura de algumas horas a três dias e é acompanhada de náuseas e intolerância a luz, barulho, cheiro e movimentos. Vem em surtos, e pode ocorrer várias vezes no mês. Quando não tratada, evolui para a enxaqueca transformadora, com mais de 15 crises por mês.

Alguns tipos têm diagnóstico e tratamento fáceis, mas a maioria exige um tempo longo para se chegar a um resultado satisfatório. “Demora de dois a quatro meses para começar a funcionar e pode durar de dois a cinco anos. Mas se a pessoa não costuma ter dores frequentes, um analgésico comum é o bastante”, afirma a neurologista Célia Roesler.

A falta de informação adequada faz com que a maioria das pessoas nunca tenham procurado ou recebido diagnóstico e tratamento – até mesmo o preventivo, para evitar novas crises – adequados. Mas quando se deve tratar a dor de cabeça? “Quando a dor ocorre mais de três vezes por mês ou é incapacitante”, responde Agnaldo Costa, neurologista do Hospital Albert Einstein e da Santa Casa.

VIDA PÓS-CEFALEIA – Restrições alimentares não devem ser adotadas por todos que têm cefaleia. Chocolate, queijos amarelos, glutamato monossódico e vinho tinto não causam dor. Esses alimentos só provocam crises em quem é sensível a substâncias contidas neles, explica Célia Roesler. “Isso é muito individual. Por isso é importante que o paciente preencha um diário onde ele vai anotar a hora, o dia e o mês em que teve a dor. O que comeu antes da dor, que analgésico tomou, se dormiu mal, se ficou nervoso, etc. Essa é uma ferramenta importante na orientação do tratamento.”

O mais importante, segundo os médicos, é evitar a automedicação. Quando se toma muitos analgésicos eles podem ter efeito contrário: causar a cefaleia e tornar crônica (em que há dor em mais de 15 dias no mês) uma dor que era episódica. “Se tomados mais de dois dias por semana, por mais de três meses, o cérebro produz menos endorfina (nosso analgésico natural), pois o corpo ganha o analgésico de fora. Forma-se um círculo vicioso. Sente-se mais dor e toma-se mais analgésico, que provoca mais dor”, explica o neurologista Abouch Krymchantowski.

Outro ponto importante é preocupar-se com a qualidade de vida. Além de tomar os remédios indicados pelo médico, é preciso abandonar os maus hábitos, segundo Krymchantowski. “É importante fazer exercícios físicos, ter uma vida sexual saudável, comer bem e em horários regulares e dormir bem.”

Quanto mais tempo se demora para procurar ajuda, pior fica a dor e o retorno ao normal fica mais difícil. Se diagnosticada e tratada a tempo e de forma adequada, as cefaleias, inclusive a enxaqueca, podem ter cura. Para isso, é preciso amenizar a dor e impedir que ela progrida. “Quem tem dores frequentes deve procurar o médico”, alerta o neurologista Agnaldo Costa.

SEM DOR APÓS CORTAR COMIDAS PESADAS – O gerente de e-commerce Thiago Pereira, de 32 anos, fez uma peregrinação em consultórios até achar solução para a dor de cabeça que sentiu por mais de um mês, com enjoo e dor no intestino. “Tinha crises horríveis. Pedi férias, porque não tinha como trabalhar.” A solução veio ao encontrar um especialista em dor. A suspeita: giárdia ou síndrome do intestino irritável. Pereira tomou remédios, fez dieta, encarou a acupuntura e, em duas semanas, se livrou do tormento. “O médico disse para evitar comidas pesadas. Para não passar mal, abro mão sem problemas”, diz ele, que riscou a pizza do cardápio.

ALÍVIO COM AJUDA DE RELAXAMENTO – Relaxar foi a saída que a administradora Daniella Moreira, de 22 anos, encontrou para se livrar das dores de cabeça que sentiu por um mês, no fim do ano passado, quando estudava 12 horas diárias para concursos. Ela recorreu a massagens, homeopatia, acupuntura e técnicas de relaxamento, além de reservar um tempo para a música. “Vou pegar leve para não voltar a ter dor. Não quero passar por aquilo nunca mais.”

A SOLUÇÃO PODE ESTAR NO DENTISTA – A dificuldade do diagnóstico da dor de cabeça pode levar o paciente a muitos médicos. E também ao dentista. A disfunção temporomandibular (DTM) atinge músculos da mastigação e da cervical, bem como articulações da boca. Entre os sintomas estão dor na face, no pescoço, na cabeça, no ombro e nas costas; estalo ao abrir ou fechar a boca; dificuldade para abrir a boca, comer ou falar. Segundo o cirurgião-dentista Antônio Sérgio Guimarães, coordenador do ambulatório de DTM da Unifesp, a doença traz dor contínua. “Não é forte nem fraca, mas está sempre presente.” A maioria dos pacientes é mulher: são nove para cada homem. A DTM pode existir com outros males, como a enxaqueca e a fibromialgia. Para eliminá-la, é preciso acabar com maus hábitos, como mascar chicletes, roer unha, má postura no trabalho, e dormir com a mão embaixo da cabeça. O tratamento leva, em média, dois meses e compreende alongamento, massagem, relaxamento e compressas.

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