Nem mesmo a chuva fina que caía na cidade por volta das 19 horas de ontem (8), fez com que rondonopolitanos indignados deixassem de protestar contra o fechamento dos leitos da UTI Pediátrica da Santa Casa de Rondonópolis.
A manifestação, organizada pelas redes sociais, contou com a participação de várias pessoas, de diversos setores da sociedade. Em silêncio, devido ao fato do protesto ter sido realizado em frente ao hospital, os manifestantes levaram velas e cartazes para demonstrar a revolta com a situação. Houve caminhada na Praça e uma oração ao final do encontro, pedindo proteção para as crianças de Rondonópolis e de toda a região Sudeste.
“É muito triste, depois de tanta luta, ter que comunicar a população que a UTI não irá mais atender. Estamos sem receber recursos do estado há quatro meses, e persistindo a situação, outros serviços podem ser suspensos. No caso da UTI Pediátrica, existe o agravante de que os profissionais intensivistas não querem mais trabalhar no hospital, devido aos atrasos de salários”, destaca o vice-diretor presidente da Santa Casa, Kemper Carlos Pereira. O corpo clínico do hospital está paralisado desde o dia 26 de outubro, devido a quatro meses de salários atrasados.
Após comunicar anteontem (7) que a UTI Pediátrica seria fechada para atendimento, notícia que repercutiu em todo o Estado e fez com que várias críticas fossem direcionadas à gestão Pedro Taques (PSDB), a direção do hospital filantrópico foi contatada por diversas pessoas durante o dia de ontem, porém com todas as respostas direcionadas a falta de recursos para que o Estado pudesse quitar a dívida com a Santa Casa, hoje ultrapassando a casa dos R$ 5,3 milhões.
“Nós estamos aqui com esperança de que os nossos governantes passem a agir como humanos, e não apenas como políticos. O fechamento dos leitos prejudica muitas crianças, especialmente as mais pobres”, lembrou a conselheira tutelar Maria da Glória Menezes, que também participou da manifestação.
Assim como ela, foram diversos pais, mães, crianças… Muita gente preocupada com o fechamento dos leitos. A Santa Casa hoje é referência para o atendimento infantil de toda região, com uma população estimada em 600 mil habitantes.
Antes de possuir as UTIs, a população presenciou, por diversas vezes, crianças morrendo por falta do atendimento especializado, ou por não conseguir uma vaga em hospitais de outras regiões. “Nós não podemos permitir que a UTI, uma luta da sociedade, seja fechada. Quantas vidas foram salvas desde que elas passaram a atender? Quantas crianças hoje só estão aqui por causa desse atendimento?”, lembrou Miguel Weber, membro do conselho de leigos da Diocese de Rondonópolis-Guiratinga.
Entre os presentes, um casal de índios Xavantes cujo filho, um bebê de um ano e três meses, luta pela vida há sete meses na UTI do hospital. “Os governantes precisam ter consciência, precisam pensar nos pais que têm crianças internadas, pensar nas crianças”, disse Arquimedes Une. O filho do casal é uma das duas crianças que ainda permanecem no hospital em atendimento na UTI, aguardando vaga para transferência em algum outro hospital.
Os oito leitos de UTI Pediátrica inaugurados com pompas no ano passado, funcionaram por pouco mais de um ano e dois meses, sempre com a escassez de recursos sendo alertada pela Santa Casa. Agora, devido a falta de medicamentos, materiais e médicos, os leitos estão fechados e as crianças de todo o Sudeste mato-grossense desassistidas.
PLACAR DA VERGONHA
O jornal A TRIBUNA se solidariza aos pais e mães de toda a região, e a partir de hoje traz em sua capa o “Placar da Vergonha”. Neste placar, a cada edição, os dias em que os leitos de UTI permanecerem fechados serão mostrados com destaque, para que o Poder Público, em esfera municipal, estadual e federal não se esqueça da grave situação que é vivida pela população.
Trata-se de uma reedição do Placar da Duplicação. Diferente da situação vivida agora, o placar foi usado em 2012, e fazia a contagem dos dias para que a licitação da duplicação da BR-163/364, entre Rondonópolis e Cuiabá, fosse publicada.
Em duas etapas, o Placar da Duplicação permaneceu por aproximadamente um mês na capa do jornal. Desta vez, o Placar da Vergonha trará diariamente os dias em que os leitos da UTI Pediátrica irão ficar fechados, por falta de dinheiro e ineficiência de gestores públicos e políticos mato-grossenses.
ESTA SITUAÇÃO SERVE PARA A SOCIEDADE OBSERVAR Á ATITUDE DE NOSSOS POLÍTICOS. DE COMO ELES OLHAM PARA SOCIEDADE, QUE SOMENTE LHE INTERESSA O VOTO DA SOCIEDADE. DANDO PARA NÓS A RESPOSTA DE QUE NÃO TEM ATITUDE DE SER HUMANO. NÃO SE COMPADECEM COM OS VALORES HUMANOS.