A Polícia Federal (PF) faz nesta quinta-feira (14) buscas e apreensões em 64 endereços, incluindo imóveis ligados ao ministro da Agricultura Blairo Maggi e o gabinete do deputado federal Ezequiel Fonseca (PP-MT) na Câmara dos Deputados. Os mandados são parte da Operação Malebolge (que corresponde à 12ª fase da Ararath) e são cumpridos a pedido do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A PF chegou à residência do ministro, em Brasília, por volta de 7h (horário de Brasília) e alguns policiais deixaram o local pouco depois das 9h. No gabinete do deputado, as buscas começaram de manhã cedo, segundo seu chefe de gabinete, e terminaram pouco antes de 11h.
De acordo com a PGR, a operação tem caráter sigiloso nenhum detalhamento será apresentado enquanto a operação estiver acontecendo. O STF informou que o caso está nas mãos do ministro Luiz Fux e que, como o caso corre sob sigilo, nada será comentado por enquanto.
Segundo a PF, participam da ação 270 pessoas, entre policiais federais e membros do Ministério Público Federal (MPF) nos seguintes municípios: Cuiabá, Rondonópolis (MT), Primavera do Leste (MT), Araputanga (MT), Pontes e Lacerda (MT), Tangará da Serra (MT), Juara (MT), Sorriso (MT), Sinop (MT), Brasília (DF) e São Paulo (SP).
ATUALIZAÇÃO – 10h46
Contextualização
Fux autorizou no final de agosto abertura de inquérito para investigar denúncias feitas pelo ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa em acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República. Ele afirma que, durante seu governo, era rotineiro o pagamento de propina a parlamentares para evitar que membros do alto escalão do estado fossem investigados em Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs).
A mando do ex-governador, seu então chefe de gabinete, Silvio Cesar Correa, gravou vídeos em 2013 que registravam o pagamento a deputados estaduais. Cada parlamentar teria recebido R$ 600 mil, 12 em parcelas mensais.
Entre os políticos que aparecem no vídeo estão o atual prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, o atualmente deputado federal Ezequiel Fonseca, o ex-deputado estadual Alexandre Cesar (PT) e a atual prefeita de Juara (MT), Luciane Bezerra.
Silval também relatou ter pago R$ 200 mil a três deputados estaduais para que votassem pela aprovação das contas de seu governo. Os deputados teriam continuado pedindo propina mesmo após a prisão do ex-governador.
Rodrigo Barbosa, filho do ex-governador, gravou reuniões com o deputado estadual Jeferson Wagner Ramos (PSD). No acerto, o parlamentar receberia R$ 7 milhões que seriam divididos entre os membros da CPI das obras da Copa do Mundo, para isentar Silval na investigação. Esse pagamento não foi realizado.
Maggi nega tentativa de obstrução da Justiça
O ministro Blairo Maggi divulgou nota nesta quinta-feira (14) na qual nega ter agido de forma a obstruir a Justiça ou que tenha autorizado qualquer ilícito no âmbito do governo. Maggi negou também que tenha pago ou autorizado pagamentos a Éder Moraes, com o objetivo de “acobertar qualquer ato, conforme aponta de forma mentirosa o ex-governador Silval Barbosa em sua delação”.
“Nunca houve ação, minha ou por mim autorizada, para agir de forma ilícita dentro das ações de Governo ou para obstruir a justiça. Jamais vou aceitar qualquer ação para que haja ‘mudanças de versões’ em depoimentos de investigados. Tenho total interesse na apuração da verdade”, disse Maggi, em nota.
“Ratifico ainda que não houve pagamentos feitos ou autorizados por mim, ao então secretário Eder Moraes, para acobertar qualquer ato, conforme aponta de forma mentirosa o ex-governador Silval Barbosa em sua delação”, acrescentou.
Mais informações na edição desta sexta-feira (15) do Jornal A TRIBUNA.
Fonte: Agência Brasil