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Rondonópolis comemora seus 102 anos de fundação

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O dia 10 de agosto de 1915 marca a data de fundação de Rondonópolis, havendo  regulamentação pela Lei Municipal 2.777, de 22 de outubro de 1997

Casario, um dos marcos da história de Rondonópolis: passado e presente - Foto: Arquivo
Casario, um dos marcos da história de Rondonópolis: passado e presente – Foto: Arquivo

Casario na decada de 70 - 26-10-16Quando se trata da fundação de Rondonópolis há muitos dados curiosos e fatos importantes. Contudo, a população e o poder público preferem ignorar o assunto. Assim, o dia 10 de dezembro ficou sendo a data de aniversário da cidade, e muitos se quer sabem o porquê.
Na verdade, 10 de dezembro de 1953 marca o dia da Emancipação Político-administrativa de Rondonópolis e, é claro, que esta data deve ser comemorada como data cívica relevante, uma vez que a partir daí o antigo distrito ganhava foro de cidade independente.
Todavia, também é importante saber que antes deste acontecimento há todo um “caminhão de história” que ficou vagando pelos caminhos empoeirados das estradas improvisadas que deixaram o vilarejo quase que esquecido.
Que tal parar um pouco para reparar o que se passou antes de 1953?
CARACTERÍSTICA DO POVOAMENTO – O povoamento de Rondonópolis tem características diferentes da história das demais cidades de Mato Grosso; ele não aconteceu de um processo linear. O povoamento local foi iniciado em 1902 e apresentou um crescimento até 1920, quando passou a ser distrito de Santo Antônio do Leverger, através da Resolução Nº 814. Entretanto, quando se previa que Rondonópolis fosse impulsionar, dar saltos significativos em sua história, seguiu-se um período de retrocesso: um despovoamento na década de 20, de 30 e só depois de 1947 retomou o crescimento e o progresso. Mas, este fato surpreendeu a muitos que apostavam em um “boom” do distrito ainda na década de 20, como é o caso do Dr. Orozimbo Correia Neto.
DOCUMENTO DE ÉPOCA – De acordo com o livro “Águas Termais de Mato Grosso”, que contém o conteúdo do livro 62 das publicações da “Comissão Rondon”, do Ministério da Agricultura, publicado pelo Dr. Orozimbo Correa Neto, em duas edições – 1920 e 1946 – pela Imprensa Nacional do Rio de Janeiro, ele afirma na página 118 e seguintes:
“Rondonópolis é hoje (1920) um distrito de paz e localidade que promete dentro de breve tempo tornar-se uma importante cidade de Mato Grosso”. “O solo é fertilíssimo, e já a fama correu longe, por isso é que dia a dia chegam novas famílias, de lugares distantes. A situação da futura vila já demarcada à margem de dois rios navegáveis e seu excelente clima, em muito favorecem seu rápido crescimento. Matas ricas de madeiras de lei existem em toda a região”.
“O elemento indígena representado por aldeamentos de índios Borôro estão espalhados ao redor da povoação, onde eles são vistos continuamente (…). As esplêndidas minas de diamante, em toda a região próxima de Rondonópolis, por si representam uma garantia para o progresso e o futuro da localidade (…) a região é rica de minérios diversos, de que algumas amostras estão sendo analisadas (…) já existem numerosos e ricos fazendeiros locais (…). Na margem oposta à povoação estão os terrenos da fazenda Jurigue e do lado do Arariau tem sua fazenda o Capitão Otávio Pitaluga. A população atual é pequena, mas a invasão dos garimpeiros e dos que vêm à procura dos minérios, pode trazer importante elemento de progresso. Dizem que a estrada de ferro para Cuiabá terá fatalmente que passar por Rondonópolis”.
“A povoação consta de um grupo de casas dispostas numa rua comprida na direção S.W. – N.E. à margem direita do Arariau [atual Avenida Marechal Rondon], que termina no porto do rio Pogubo, onde deságua perto do porto o Arariau, de modo que o povoado está encravado no pontal dos dois rios aqui mencionados. Numa suave inclinação estende-se o patrimônio da futura cidade.”
Todavia, ao contrário da opinião de Orozimbo Correa Neto, que falava que em breve tempo Rondonópolis seria uma grande cidade, a futura cidade teve que aguardar e esperar por mais algumas décadas para sentir desabrochar o seu crescimento.
INICIO DO POVOAMENTO – O que se sabe é que a “Povoação do Rio Vermelho” (antiga denominação de Rondonópolis), como já foi dito anteriormente, inicia-se a partir de 1902, com a fixação de famílias procedentes de Goiás, Cuiabá e outras regiões do Estado, junto ao rio Vermelho e ao ribeirão Arareau, sob a liderança de José Rodrigues dos Santos e de Jerônimo Lopes Esteves. Em 1915 havia cerca de setenta famílias na localidade e estas viviam com certa organização econômica, social, política e tinham preocupação com as primeiras letras.
Os dados desse período são computados somente a partir de documentos oficiosos encontrados com algumas famílias: como cartas, caderneta de compras, certidões, fotografias, relatos de vida, etc . Porém, não foi encontrada documentação oficial relacionada à fundação do povoado. Somente em 1915 é que o Estado se manifesta sobre a presença da “Povoação do Rio Vermelho”.
CERTIDÃO DE NASCIMENTO – A existência do “Povoado do Rio Vermelho” foi oficializada a partir da promulgação do Decreto Lei nº 395 de 1915, que estabelecia uma reserva de 2.000 hectares para o patrimônio da povoação do rio Vermelho. Esse decreto foi assinado por Joaquim da Costa Marques, Presidente de Estado do Mato Grosso, e é como se esse fosse o registro de identidade do povoado (a futura cidade de Rondonópolis), cuja data de fundação (10 de agosto de 1915) foi regulamentada pela Lei Municipal 2.777 de 22 de outubro de 1997.
DESPOVOAMENTO – Na década de 20, Rondonópolis enquanto distrito de Santo Antônio do Leverger, começa a sofrer problemas ligados a enchentes, epidemias e desentendimento entre os moradores; no mesmo período João Arenas descobre os garimpos de diamantes na vizinha região de Poxoréu (1924).
A combinação desses fatores provoca o processo de despovoamento de Rondonópolis, ao mesmo tempo em que os garimpos projetam o crescimento de Poxoréu, que em 1938 tem a sua Emancipação Político – Administrativa oficializada. Desse fato decorre como um dos desdobramentos a passagem de Rondonópolis à condição jurídica de Distrito de Poxoréu – o local deixava, assim, de ser distrito de Santo Antônio do Leverger.
NOVA FASE – A partir de 1947, Rondonópolis volta a crescer à medida que é inserido no contexto capitalista de produção como fronteira agrícola mato-grossense, resultado da política do sistema de colônias implantado pelo governo do Estado. Seguiu-se constante fluxo migratório: até 1970 destacam-se os goianos, nordestinos, paulistas, mineiros, japoneses e libaneses; só depois vieram os sulistas.
Dessa forma, em 10 de dezembro de 1953, já com uma população de 2.888 pessoas, Rondonópolis consegue a sua emancipação política, e destaca-se como mais um Município no cenário do Estado de Mato Grosso.
CONCLUINDO – No que tange a data de fundação de Rondonópolis esta é oficializada como sendo em 10 de agosto de 1915, uma vez que foi regulamentada pela Lei Municipal 2.777 de 22 de outubro de 1997.
Nesses termos, pela relevância e significado, 10 de agosto deveria ser uma data rememorada pelas autoridades e pela imprensa em geral, e comemorada nas escolas e repartições públicas todos os anos; independente da comemoração de 10 de dezembro – uma vez que fundação é uma coisa e emancipação é outra.
Parabéns Rondonópolis, pelos 102 anos de fundação.

(*) Luci Léa Lopes Martins Tesoro é doutora em História Social pela USP, autora do livro “Rondonópolis-MT: Um Entroncamento de Mão- Única”. Email – Contato [email protected]

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